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Adulteração de bebidas por metanol e o risco de cegueira irreversível

Substância usada como solvente industrial tem causado danos irreversíveis à visão e ao sistema nervoso; autoridades reforçam alerta sobre o consumo de bebidas sem origem comprovada.

Foto: Canva

O consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, uma substância altamente tóxica e imprópria para ingestão humana, segue causando preocupação em Pernambuco. De acordo com boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, neste domingo (5), o número de casos suspeitos subiu para 22 em todo o estado.

Além do risco de morte, a ingestão de metanol pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central, incluindo perda permanente da visão. A substância, geralmente usada como solvente industrial e combustível, tem sido detectada em bebidas alcoólicas fruto de adulteração criminosa, representando um grave risco à saúde pública.

Nesta segunda-feira (6), o tema foi aprofundado em entrevista da oftalmologista Dra. Fabiana da Fonte, do Hospital Santa Luzia, ao âncora Jota Batista, no quadro Canal Saúde, do programa Conexão Notícias, na Rádio Folha FM 96,7. A conversa também está disponível no canal da Folha de Pernambuco no YouTube e nas principais plataformas de áudio.

Assista à entrevista completa abaixo:

 

 

 

 

Durante o bate-papo, Fabiana da Fonte explicou os sintomas mais comuns de intoxicação por metanol.

“O metanol se transforma no fígado em algumas substâncias que são altamente tóxicas, que são o formaldeído e o ácido fórmico”, alertou a médica.

Ela reforçou que, uma vez instalado o dano ao nervo óptico, não há reversão, o que torna o diagnóstico precoce essencial para preservar vidas e evitar sequelas.

Explicou que essas substâncias atacam diretamente o sistema nervoso, com consequências graves e permanentes:

“Essas substâncias são danosas para todo o tecido nervoso. Então inclui cérebro, medula e o nervo óptico. E tudo relacionado com nervo, com células nervosas, o dano é irreversível, porque células nervosas não se regeneram.”

Dra. Fabiana também destacou que, nos casos de intoxicação, o encaminhamento ao oftalmologista deve ser feito de forma imediata, ainda no hospital:

“O ideal é que o oftalmologista já seja chamado no próprio hospital. Tem que haver uma parceria para tentar diagnosticar um dano no nervo óptico o mais cedo possível e agir em conjunto. Mas o primeiro passo realmente é salvar a vida do paciente.”

A médica ainda explicou que, diferentemente do que muitos pensam, o transplante de córnea não é uma solução nesses casos:

“A córnea é a única parte do olho que conseguimos transplantar. Mas ela não é afetada nesse tipo de intoxicação. Então, a córnea do paciente está perfeita, e o transplante não vai resolver.”

 

Fabiana da Fonte, oftalmologista


Com o aumento de casos e os riscos à saúde da população, a Secretaria de Saúde de Pernambuco intensificou as investigações e reforçou as orientações para que a população evite o consumo de produtos sem registro ou procedência conhecida.

A entrevista com Dra. Fabiana da Fonte reforça o papel da informação como aliada na prevenção. A orientação médica e a vigilância sanitária são essenciais para combater esse tipo de crime que, além de ferir a lei, coloca vidas em risco.

A luta contra as bebidas adulteradas é, mais do que nunca, um chamado à conscientização e responsabilidade. Afinal, cuidar da saúde é uma escolha e um ato de proteção coletiva

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