Carboidrato à noite, sim!
Dieta que restringe o nutriente depois das 18h não traz benefícios reais à saúde, segundo especialistas
O carboidrato sempre esteve na lista negra de quem procura o emagrecimento imediato. Ficar horas sem ingerir o nutriente, responsável pelo fornecimento de energia, parece ser a atitude perfeita, principalmente depois das 18 horas, quando o corpo começa a diminuir o ritmo para a perda de calorias. Certo? Errado! Nutricionistas explicam que este não é o caminho mais equilibrado e muito menos comprovado cientificamente.
“Se uma pessoa faz exercício de manhã cedo, é interessante o consumo de carboidrato à noite para que os estoques de glicogênio (energia) estejam cheios para serem usados pela manhã. Sendo assim, não há motivos de não consumi-lo à noite ou de manhã. O que importa, realmente, é a rotina do indivíduo, como ele vive e quais as atividades desempenha”, explica a nutricionista Crislaine Gonçalves. Muitos esquecem que, ao cortá-lo, estão retirando benefícios importantes, como nutrir as células do corpo. Ou seja, na falta de energia, o organismo passa a se “alimentar” das proteínas, resultando a perda de massa magra.
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Carboidrato e a obesidade
A dica é optar pelo equilíbrio, pois não adianta abusar nas restrições. “A relação que temos com os carboidratos sempre foi excessiva, desde quando começamos a plantar nosso próprio alimento. Os cereais ficaram muito disponíveis para o consumo e logo depois ainda houve o seu refino. Então, o problema está exatamente nesse consumo excessivo e não necessariamente no nutriente em questão”, diz a especialista ao lembrar o exagero, hoje, no consumo de pães, bolos, sorvetes, doces e alimentos industrializados, como sucos de caixinha, refrigerantes e biscoitos. “Além disso, há erro na quantidade ou na junção de vários alimentos fontes de carboidratos na mesma refeição. Por exemplo, um almoço com feijão, arroz, macarrão, purê e farinha de mandioca, todos esses são ricos em carboidratos e esse hábito faz parte da realidade de muita gente”, completa. Sendo assim, vale lembrar que existe uma divisão básica para ajudar nessa escolha. Os carboidratos simples são os açúcares como os de mesa, xarope e mel. Já os complexos, que são mais indicados, estão na forma de amido e fibra dietética e resultam num açúcar que é liberado lentamente para a corrente sanguínea, não causando pico de glicose.
Para a nutricionista Elaine de Pádua, “quando se retira o carboidrato, os estoques de glicogênio se esvaziam. A glicose ‘puxa’ água e, sem ela, o corpo perde líquidos e a pessoa acha que perdeu peso, mas na verdade ela liberou somente água”, alerta. Ainda de acordo com a especialista, um estudo feito com policiais obesos em Israel analisou o efeito do horário de consumo de carboidratos em uma dieta para emagrecimento. Um grupo consumiu grande parte dos carboidratos da dieta à noite e o outro tinha uma dieta equilibrada de dia, a diferença de emagrecimento entre os dois grupos foi quase mínima, o que comprova que o horário da ingestão não influencia na rapidez da dieta.