Dia Mundial do Cachorro-quente; conheça curiosidades sobre o sanduíche
Origem de um dos lanches mais populares do mundo é nos Estados Unidos, mas é no Brasil onde a receita ganhou com a criatividade
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Hoje é dia de comemorar um ícone do fast-food mundial. Como se a gente precisasse de pretexto para dar umas boas mordidas em um hot-dog, né não?
Aparição constante em películas holywoodianas, o sanduba é um dos lanches mais populares do mundo e tem um dia para chamar de seu: 9 de setembro é o Dia Mundial do Cahorro-Quente.
Origem
Nos Estados Unidos, é uma verdadeira febre que não passa - afinal, foi lá onde o lanche foi criado no fim do século XIX -, de acordo com a pesquisadora Lecticia Cavalcanti, em seu livro "Esses pratos maravilhosos e seus nomes esquisitos" (FGF, 2013).
Afinal, que graça teria estar em Nova York e não comprar um sandubinha magrelo daqueles, sentar num banco de praça ou em alguma escadaria de um prédio público?
Apesar de ser superestimado no quesito sabor, o cachorro-quente norte-americano é um ícone entre as comidas de rua na terra do Tio Sam e, que, no Brasil, ganhou variações que refletem gostos locais e que podem parecer absurdas aos olhos de estadunidenses e europeus (sobretudo alemães), mas que fazem o maior sucesso nos quatros cantos do país.
Em resumo, no Brasil o céu é o limite para o sanduíche (ainda bem!), que ganhou novos sabores com a nossa ginga culinária.
Da Alemanha
para os EUA
Segundo Lecticia Cavalcanti, o hot-dog surgiu com a chegada aos Estados Unidos das salsichas tipo frankfurt, na bagagem de imigrantes alemães e, que, por conta da semelhança com o cachorro da raça dachshund, passaram a ser chamadas de dachshund sausage.
"Um daqueles imigrantes, Charles Feltman, passou a vender aquelas salsichas no meio da rua. Só que o nome causava desconfiança, achando muitos que seria mesmo feita com carne de cão", continua Lecticia Cavalcanti.
Aos poucos, entretanto, o empreendendor conquistou a confiança da clientela e o sucesso o levou a abrir o Feltman´s German Beer Gardens, onde passou a servir a salsicha guarnecida com chucrute e mostarda.
A lanchonete ainda funciona em Coney Island, Brooklyn, em Nova York.
A ideia de vender salsicha como lanche se popularizou, muitas carrocinhas copiaram, até que um certo Anton Feuchtwanger aprimorou a receita, servindo salsicha quente (até então, o comum era consumir fria), adicionando ainda o pão para que os clientes não queimassem as mãos, por sugestão de seu cunhado que era padeiro.
Até então, Anton oferecia luvas, mas sofria prejuízo porque, invariavelmente, os frequentadores não devolviam.
Pão francês é uma das variações do cachorro-quente. FreepikCachorro-quente
à moda brasileira
Falar de cachorro-quente em território verde-e-amarelo é falar de critividade. Nossos hot-dogs estão bem distantes da versão original e muito comum 'na gringa'.
Há algumas versões, aliás, que se destacam ainda mais seja pelo apelido regional, seja pela quantidade de ingredientes que vão no recheio do pãozinho - que varia entre o formato alongado original, macio e adocicado, e o brasuca francezinho.
Em São Paulo, por exemplo, o sanduíche é conhecido por conter purê de batata-inglesa entre os seus ingredientes.
O que parece um absurdo para muitos de nós, é praticamente uma regra no lanche de rua, que tem a cidade de Osasco, o seu reino absoluto.
Osasco: a cidade
do cachorro-quente
Anualmente, a Ranking Brasil promove o concurso de Maior Cachorro-Quente Contínuo do Brasil. Este ano, a ação ocorreu em 22 de fevereiro e Osasco levou a melhor.
A cidade montou um hot-dog gigante com 63 metros, que foi preparado com 5 pães de 10 metros e 1 de 13 metros, 2.800 salsichas, 200 kg de purê, 10 kg de batata palha, 40 litros de ketchup, 40 litros de mostarda e 10 kg de queijo ralado.
O evento de montagem do lanche aconteceu no Calçadão da Rua Antônio Agú.
Uma receita
para chamar de sua
No Recife, o cachorro-quente aparece de duas formas - com pão francês e recheio de carne moída bem molhada, pedida obrigatória em festinhas de aniversário, ou, na versão 'de rua', preparado com um quase sem número de ingredientes, o famoso 'podrão': salsicha, às vezes também com carne moída no molho, ervilha, milho verde, vinagrete, ovo de codorna, molho rosê.
Sem dispensar o ketchup, maionese e mostarda como extras.
Já no Rio de Janeiro, o recheio mais comum são ovo de codorna, vinagrete, queijo parmesão, azeitona e batata palha.
Na capital alagoana Maceió, o lanche tem o curioso nome de Passaporte. De acordo com a jornalista e pesquisadora Nide Lins, o termo adotado na cidade como sinônimo de cachorro-quente faz uma referênca literal ao documento de viagem.
Em seu livro "Guia da gastronomia popular alagoana" (Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2015), a pesquisadora resgata a trajetória do sanduíche na cidade com riqueza de detalhes.
"Empreendedorismo, pioneirismo, qualidade e persistência. Milton e Laci chegaram em Maceió no ano de 1971 (trazendo, a tiracolo, a pequena Cris Braun) movidos pelo sonho de montar uma fabrica de embutidos. Frente às dificuldades de viabilizar o projeto original, Seu Milton, ex-açougueiro, teve a brilhante ideia de vender sanduíches num trailer, moda que já existia no Rio Grande do Sul", relata a pesquisadora.
Mas, ainda segundo Nide Lins, o começo não foi fácil. "A salsicha não era encontrada no mercado e tinha de ser importada de outras praças. Como a tradição alagoana era do sanduíche de carne moída com batata inglesa (nas festas de rua, como da Praça da Faculdade, a mistura era servida sobre uma rodela de pão francês), a inovação principal ficou por conta do acréscimo do embutido, sem contar com a afirmação do pão seda", completa a pesquisadora.
"Nesse cenário maceioense, em 1973, aterrissou num ponto da calçada da Avenida da Paz um trailer identificado Passaporte Gaúcho (o termo food truck não estava na moda). Iniciava seus trabalhos ao por do sol oferecendo três opções de sanduíches: minuano, passburger, passaporte de salsicha (depois recebeu carne moída) – todos abraçados por um suave pão seda", conclui Nide Lins em seu livro.
Kikão?
Só em Manaus
Em Manaus, o cachorro-quente recebeu o curioso nome de Kikão. A explicação mais provável é que, na década de 1970, havia uma lanchonete no centro da cidade que funcionava numa kombi e vendia o lanche.
O estabelecimento era comandado por Kiko, funcionava madrugada adentro e o lanche que fazia mais sucesso entre os baladeiros que faziam o pit stop pós-balada era exatamente o hot-dog, que foi apelidado de kikão.
Hoje, o termo virou sinônimo de cachorro-quente em toda a cidade. O kikão leva de um tudo: de repolho refogado a banana pacovã.
Milhões
em salsichas
De acordo com o National Hot Dog Sausage Council (Conselho Nacional de Cachorro-Quente e Salsicha), somente em 2024, os americanos gastaram mais de US$ 8,5 bilhões em cachorros-quentes e salsichas em supermercados dos Estados Unidos.
Dentre as cidades campeãs no consuno do sanduíche que lá consiste basicamente em pão molinho de formato alongado, salsicha, um fio de mostarda e outro de catchup, foram Los Angeles (cerca de 27,5 milhões), Nova York, Dallas, Chicago, Boston, Houston, Filadélfia, Miami, Fênix e Washington DC.

