"Não existe metabolismo lento"
Nutricionista explica funcionamento individual do organismo
Quantas vezes você se queixou dos quilinhos a mais que não consegue eliminar? Sem contar com aquelas pessoas, poucas, é bem verdade, quer lutam para engordar e também não conseguem.
Várias explicações são atribuídas a esse tipo de dificuldade, mas de acordo com a nutricionista comportamental, Patrícia Cruz, uma coisa é certa: não existe metabolismo lento. Cada indivíduo tem o seu e outros fatores podem influenciar no seu funcionamento.
"O metabolismo basal é a termogênese obrigatória, sendo assim, é a somatória de todo o calor produzido no organismo em estado de vigília e repouso na temperatura ambiente e em jejum de pelo menos 12 horas. “Se aplicarmos sobrecarga [alimentação, atividade física e práticas do dia a dia] ao metabolismo basal, iremos obter o metabolismo energético”, explica.
Em outras palavras: "Também pode ser entendido como toda reação bioquímica que ocorre no interior da célula, gerando calor. A velocidade do metabolismo varia de uma pessoa para outra devido à influência da idade, gênero, composição corporal (peso, estatura, massa muscular e massa magra), nível de atividade física e hábito alimentares.
Ele, o metabolismo, é formado por duas funções cruciais - o anabolismo e catabolismo. O primeiro é fundamental para reparar danos celulares e é a síntese de compostos orgânicos estruturais (proteínas de membranas), enzimas e hormônios. Já o catabolismo degrada as substâncias orgânicas para gerar energia (ATP), o que gera energia para a sobrevivência dos batimentos cardíacos, da respiração e contração muscular.
Homem e mulher
Homem emagrece mais rápido que mulher. A frase dita aos quatro ventos na rodinha de amigas tem total respaldo científico, pois, segundo Patrícia, a taxa metabólica basal é levemente maior nos indivíduos do sexo masculino.
E, como em todas as funções orgânicas, a explicação tem a ver com hormônios, sempre eles! “Isso ocorre devido aos hormônios sexuais androgênicos que estimulam os processos metabólicos mais intensamente que os estrogênicos, que estão presentes nas mulheres”, explica a especialista.
Quanto mais velhos...
Como também é verdade que quanto mais velhos ficamos, é mais fácil acumular gordura no corpo e mais difícil perdê-la. O correr do tempo exerce grande influência sobre o metabolismo. Há crianças que apresentam taxas metabólicas bem maiores que os adultos e estes maiores que os idosos.
Umas das explicações para isso é a depressão da glândula tireoidiana que ocorre ao longo dos anos, diminuindo a taxa metabólica e, também, as alterações hormonais de composição corporal: estilo de vida (hábitos alimentares, prática de atividade física), utilização de medicação.
Entre 20 e 30 anos, os hormônios em ambos os gêneros estão mais ativos. A mulher está em idade fértil, tem mais massa muscular, menos tecido adiposo e prática de atividade física. Ao chegar aos 40 anos, inicia as alterações hormonais, principalmente na mulher, mudança na composição corporal, perda de massa muscular, ganho de tecido adiposo, hormônios irregulares e climatério.
O hábito alimentar irregular sempre falará mais alto no insucesso da redução de peso. “Não há pessoas com metabolismo lento, há pessoas com o metabolismo próprio de cada corpo, de acordo com o peso, estatura e idade. Portanto, não deve ser considerado como lento”, arremata Patrícia Cruz.
SERVIÇO
Patrícia Cruz é mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e membro

