Corrida envelhece o rosto? Dermatologista esclarece mitos e verdades sobre a chamada runner’s face
Como a prática da corrida impacta a pele, o papel do sol, da hidratação
O conceito de runner’s face, associado ao envelhecimento facial em corredores, gera questionamentos sobre flacidez, perda de volume e exposição solar. Com orientação adequada, proteção solar, hidratação e acompanhamento dermatológico, é possível correr sem comprometer a saúde e a aparência da pele.Dermatologista Octávio Guarçoni - Foto: Israel Alves
No Instagram e no X (ex-Twitter), os feeds estão cheios de fotos das chamadas ‘street races’. Com a popularização das corridas de rua no Brasil e no mundo, um fenômeno tem chamado a atenção dos dermatologistas: a chamada ‘runner's face’, ou “face de corredor”; caracterizada por marcas de exposição aos raios solares e o envelhecimento precoce da pele.
A questão que surge é simples, mas polêmica: seria a ‘runner face’ um mito ou uma consequência real da prática intensa? A dúvida acompanha o crescimento da modalidade, que vai muito além do esporte competitivo. Kits personalizados, chips de monitoramento e uma experiência completa de lifestyle têm atraído pessoas de diferentes idades para percorrerem circuitos de corrida à céu aberto.
De acordo com o “12º Relatório Anual de Tendências Esportivas”, do app Strava, a ‘corrida’ segue como o esporte mais popular entre usuários da plataforma global, com o número de competições em ascensão. No Brasil, estima-se que o mercado já movimente em torno de R$ 1 bi, somando mais de 14 milhões de ‘runners’, segundo dados da Ticket Sports.
No entanto, as preocupações acerca da ‘runner’s face’ levantou questionamentos entre a comunidade, sobre os possíveis efeitos da prática intensa. De acordo com Octávio Guarçoni, médico especializado em Dermatologia, os alertas emitidos que o movimento da corrida mexe com os tecidos face são fictícios; e que pequenas rotinas como o uso do protetor solar, hidratação e acompanhamento dermatológico são o suficiente para evitar o ressecamento da pele no sol.
Para Guarçoni, a prática regular de corrida traz benefícios que vão muito além do condicionamento físico, como o auxílio à circulação, fortalecimento dos músculos e articulações, regulação do sono e redução dos níveis de estresse. “O corpo se adapta ao esforço gradualmente, e os efeitos positivos na saúde são nítidos. As corridas, por si só, não têm o potencial de degradar as fibras colágenas, mas o afinamento do rosto é natural diante da perda do tecido celular”, explica.
Com a chegada do verão, o dermatologista reforça a importância de cuidados específicos. “O calor e a radiação solar aumentam o risco de danos à pele durante os treinos ao ar livre. É essencial usar protetor solar de amplo espectro, reaplicando a cada duas horas, além de optar por roupas leves e chapéus; ou bonés que ofereçam proteção adicional. Beber água antes, durante e depois da corrida ajuda a manter o corpo funcionando bem e a pele saudável”, complementa.
Para o médico, os sulcos, olheiras e marcas de expressão que deixam o rosto visualmente mais cansado são consequências naturais do envelhecimento, mas que são incorretamente atribuídas às corridas. “O que muitos chamam de ‘runner face’, na verdade, não passa de um mito popular. Tecnicamente, o envelhecimento da pele é resultado de fatores como exposição cumulativa aos raios UV, poluição, tabagismo e genética, e não da prática da corrida em si. Corredores que mantêm uma rotina de proteção solar, hidratação adequada e acompanhamento dermatológico dificilmente terão danos específicos relacionados à atividade. Portanto, a corrida deve ser vista como aliada da saúde, e não como vilã da estética facial”, conclui.




