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11ª temporada de "Reis", "A Divisão" segue em ritmo cansativo e com texto excessivamente didático

A sensação que fica quando se assiste aos novos episódios de "Reis", atualmente em sua 11ª temporada, "A Divisão", é de que o intuito principal é evangelizar

Crônica: "Reis  a divisão", da RecordCrônica: "Reis a divisão", da Record - Foto: Divulgação

A Record fez bem ao decidir, em 2010, se dedicar ao nicho de obras bíblicas em sua teledramaturgia. Afinal, era a chance de entregar algo completamente diferente da concorrência e, inclusive, se destacar no mercado internacional. De lá para cá, inúmeros sucessos surgiram, como “Os Dez Mandamentos” e “A Terra Prometida”.

Por outro lado, um problema ficou evidente: os textos se tornaram, nos últimos anos, cada vez mais didáticos. Parece que a preocupação com a qualidade artística foi esquecida. A sensação que fica quando se assiste aos novos episódios de “Reis”, atualmente em sua 11ª temporada, “A Divisão”, é de que o intuito principal é evangelizar. E a verdade é que não seria necessário abandonar uma prioridade para se dedicar à outra. Bastava que houvesse um equilíbrio maior nessa balança.

Não é difícil ver muitos versículos da “Bíblia” serem utilizados entre as cenas de “Reis”. Essa inserção não é exatamente um problema, a questão é que, em alguns casos, isso acontece de maneira exagerada. Outro ponto que decepciona é que não se vê mais o mesmo resultado em sequências de ação como se via há cerca de uma década atrás.
 

Nos últimos anos, aliás, a Record perdeu profissionais tanto de direção quanto de texto que, agora, fazem falta. Houve época em que a expectativa em relação a determinadas cenas era enorme, uma repercussão que hoje não se consegue. A própria audiência do folhetim mostra isso, quase sempre entre cinco ou seis pontos de média geral. É pouco, perto do que novelas e minisséries já conquistaram no passado, quando ficar abaixo de dois dígitos já acionava um alerta na produção.

O elenco se esforça, mas nota-se uma falta de nomes impactantes para a atual fase de “Reis”. Nesse aspecto, vale refletir sobre o fato de se tratar de uma obra dividida em mais de dez temporadas. Muitos artistas de peso que costumam atuar na emissora já passaram pela novela desde sua estreia, em 2022. Alguns profissionais até retornaram em novos papéis, mas isso se torna difícil quando se tratam dos principais.

Desta vez, na lista dos que aparecem mais, estão Heitor Martinez, Juliana Knust, Bianka Fernandes e Marcelo Valle, como Roboão, Maaca, Maalate e Jeroboão, além dos quatro profissionais que encarnam os papéis na fase jovem: Henrique Camargo, Juliana Xavier, Luana Camaleão e Vitor Novello, que já apareciam na fase anterior, “A Decadência”.

Os outros personagens são defendidos por profissionais que não são tão conhecidos na tevê, o que não significa necessariamente que sejam artistas que se saiam mal. Porém, não chegam a chamar público ou a chamar a atenção de quem está zapeando a tevê quando “Reis” está no ar.

“A Divisão” foca no Rei Roboão, de Judá. Mas “Reis” já explorou as histórias de Samuel, Saul, Davi e Salomão. De todos vistos até aqui, talvez seja a trama que menos gere curiosidade em grande parte do público. Davi, que foi o mais explorado na novela, já teve uma minissérie exclusiva na própria Record, ou seja, boa parte dos telespectadores da emissora talvez já soubessem de quem se tratava e o que esperar da trama.

Por um lado, o fato de Roboão não ser um personagem com quem o público já esteja familiarizado pode ser bom. Afinal, às vezes, assistir às fases de Davi trazia certa sensação de déjà vu. Porém, isso também pode fazer com que parte das pessoas não se sintam instigadas a acompanhar sua jornada.

“Reis” – Record – Segunda a sábado, às 21h.

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