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"A Lei da Noite” faz reflexão sobre a relação familiar

. O longa, que se passa em Boston na década de 1920 e é uma adaptação do livro homônimo escrito por Dennis Lehane

Ben Affleck é protagonista da trama, além de diretor, roteirista e produtor do filme “A Lei da Noite”Ben Affleck é protagonista da trama, além de diretor, roteirista e produtor do filme “A Lei da Noite” - Foto: warner bros./Divulgação

 

Apesar da sequência de cenas de ação e tiros ensurdecedores, a história do filme “A Lei da Noite” faz uma profunda reflexão sobre a relação afetiva entre pais e filhos. O longa, que se passa em Boston na década de 1920 e é uma adaptação do livro homônimo escrito por Dennis Lehane, mostra Joe Coughlin (Ben Affleck) - ex-soldado e filho de um capitão da polícia - como um homem frustrado com o ato de servir algo ou alguém. Para tentar viver uma vida livre, ironicamente, ele se envolve com o crime organizado. Só que, para isso, ele abdica em parte a sua desobediência e vive - em segredo - suas próprias regras.
Um dos pilares da construção do personagem de Joe é a lealdade. Por isso, todas as suas relações - sejam elas amorosas, de amizade ou de rivalidade - são intensas e marcadas pela entrega. Traço o qual vai contra a ideia de um gangster tradicional - normalmente frio e calculista. Joe Coughlin quebra com todo o clichê de uma pessoa que vive do crime: tem compaixão, é generoso e até se sensibiliza com causas sociais. Muito embora, é claro, por viver no meio de bandidos, se depare com diversas situações que põe em cheque sua moral.
Guiado por extremos emocionais, quando é traído, busca vingança. E é a partir daí que a história se desenvolve. Mesmo que um pouco maçante, pois são duas horas de filme, o roteiro é bastante coeso. Para alcançar seu objetivo, Joe é levado a se envolver com uma gangue italiana e servir a um chefe - Maso Pescatore (Remo Girone). O motivo? O inimigo comum e a ideia de Poder. Se submetendo às circunstâncias, ele arma uma situação que o ponha cara a cara com quem trouxe uma das maiores tristezas da sua vida: a morte da mulher que amava.
Até o fim do filme, Joe se vê em constante briga interna entre seus interesses e valores. E, em vários momentos, é possível notar a referência a sua relação com seu pai - Thomas Coughlin (Brendan Gleeson). Enquanto era vivo, ele safava Joe da prisão e não desistia de fazê-lo enxergar a vida que levava, mesmo estando do lado oposto à Lei que servia. Tinham uma relação, naturalmente, turbulenta. Mas Thomas não abria mão do seu filho. Esse sentimento de ser capaz de tudo por aquele do seu sangue é bastante marcante. Assim como o arrependimento. Após conseguir tudo, inclusive ter um filho, Joe é condenado pela própria vida que levara. Quem escolhe viver sob suas regras, é fadado a conviver com a culpa das suas próprias escolhas.

 

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