Academia do Oscar aumenta a diversidade, mas ainda tem 65% de homens e 78% de pessoas brancas
Fernanda Torres entrou para grupo de votantes junto com outros indicados do Oscar deste ano, mas Karla Sofía Gascón ficou de fora
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas disse, nesta quinta-feira, que aumentaria o número de votantes do Oscar para 10.143. A nova soma traz um aumento de quase 40% em relação à década passada, quando os protestos #OscarsSoWhite (algo como "Oscar branco demais", em tradução direta) pressionaram a instituição a se diversificar.
O problema é que, apesar da grande expansão do número de mulheres e pessoas não-brancas, a composição geral da academia continua sendo predominantemente masculina e branca — um reflexo da própria indústria cinematográfica.
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Caso todos os 534 artistas, tecnólogos e outros trabalhadores do cinema convidados aceitem tornar-se membros, a Academia passará a ser composta por 65% de homens e 78% de pessoas brancas, de acordo com dados divulgados pela própria organização. Em 2015, quando as 20 indicações das categorias de atuação foram para pessoas brancas, pelo primeiro de dois anos consecutivos — inspirando o movimento #OscarsSoWhite —, o grupo era 75% masculino e 92% branco.
Pela contagem da Academia, 41% dos convidados deste ano são mulheres e 45% são pessoas não-brancas. Cerca de 55% são do exterior, o que elevaria o contingente internacional geral da Academia para 21%.
Antes do Oscar começar a diversificar seus membros por raça, gênero e nacionalidade, havia uma limitação de convites anuais de apenas 115, sob o argumento de que um grupo pequeno poderia manter o alto nível profissional dos membros. Em 2018, a academia convidou 928 pessoas. No ano passado, o número foi de 487.
Os convidados deste ano incluem vencedores de Óscares anteriores e indicados como Fernanda Torres, Mikey Madison, Ariana Grande, Monica Barbaro e Kieran Culkin. A lista também tem estrelas como Danielle Deadwyler, Aubrey Plaza, Naomi Ackie, Gillian Anderson e Jason Momoa.
Deixada de fora
Karla Sofía Gascón, a primeira atriz abertamente trans a ser nomeada a um Oscar, está fora da lista. Ela estava entre as indicadas à categoria de Melhor Atriz na última cerimônia, por sua performance em "Emilia Pérez", de Jacques Audiard. No entanto, a atriz se tornou persona non grata depois que uma jornalista trouxe à tona uma série de postagens depreciativas feitas por ela no X, antigo Twitter. Nelas, Gascón difamava várias pessoas, desde muçulmanos a George Floyd, e até mesmo a própria cerimônia do Oscar. A atriz pediu desculpas, mas foi amplamente evitada pela alta cúpula de Hollywood nos dias que antecederam à premiação.
A Academia normalmente convida cada candidato indicado ao Oscar mais recente a se tornar um membro (outros devem ser indicados por dois membros para consideração), mas o convite não é garantido. As regras afirmam que os comitês da Academia devem avaliar os candidatos e fazer recomendações ao conselho da organização, que tem a palavra final.
"A seleção dos membros é baseada em qualificações profissionais, com um compromisso contínuo com a representação, inclusão e equidade o que permanece como uma prioridade", disse a Academia em um comunicado de imprensa, listando os convidados.
A Academia do Oscar se recusou a comentar sobre a exclusão de Karla Sofía Gascón.

