C6 Fest: nostalgia, rock e shows sinestésicos fizeram a alegria dos fãs no terceiro dia
A dupla Air fez o show mais impactante do festival, até então, em dia que também teve o rock do Pretenders e a música passional de Perfume Genius
Em seu terceiro dia, o C6 Fest, em São Paulo (SP), passou a ocupar a área aberta do Parque Ibirapuera. Com apresentações voltadas ao jazz, nas duas primeiras noites (quinta 22 e sexta 23), neste sábado (24), o festival ampliou o leque de gêneros, com atrações do universo indie, rock e da música eletrônica.
Para além de apresentar novos nomes da música dita “alternativa”, o sábado foi um dia especial para os fãs brasileiros de algumas atrações, como The Pretenders e AIR, que fez show baseado no seu primeiro álbum de estúdio, “Moon Safari’ (1998).
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Os shows e DJs set foram distribuídos em três espaços: a Tenda Metlife, o Pacubra e a Arena Heineken, maior palco do C6 Fest.
"Indie"anos no palco
A programação deste sábado começou pela Tenda Metlife, espaço intimista, com capacidade para até 5 mil pessoas.
Entre os destaques, o grupo indiano (com o perdão do trocadilho, “indie”ano) Peter Cat Recording Co., que fez um show agradável e dançante. Em palco, eles mostraram um som totalmente fora dos clichês do que se espera da música vinda do Oriente.
Os "indie"anos do grupo Peter Cat Recording Co. | Foto: C6 Fest/DivulgaçãoSim, as referências da música indiana estavam presentes, especialmente no início do show. Mas, muito bem mescladas a elementos do indie-rock, do pop e até mesmo da disco-music. Com uma agenda que prevê, até o fim do ano, 77 shows mundo afora, Peter Cat trouxe como base seu mais recente álbum, “BETA”.
O vocalista e guitarrista Suryakant Sawhney tem uma performance que chama a atenção. À vontade diante do público, com cabelos desgrenhados, sacou alguns cigarros do bolso, o que lembrou o cantor e compositor francês Serge Gainsbourg.
Performance visceral
Na sequência, beirando o pôr-do-sol, um dos melhores shows do dia: Perfume Genius. Pseudônimo do cantor norte-americano Mike Hadreas, o projeto trouxe momentos de intensa catarse, com uma performance visceral.
A figura esguia e lânguida de Hadreas explorou o palco como poucos, performando algo entre o sexy e intensamente sofrido. Contorceu-se, jogou-se no chão, se emaranhou entre o fio do microfone, fez do seu corpo um instrumento cênico belo, brilhante e perturbador, com suas canções melancólicas e, em certos momentos, emocionalmente explosivas.
Perfume Genius se apresentou em uma show performático | Foto: C6 Fest/DivulgaçãoPraticamente metade do show foi dedicada ao álbum mais recente, “Glory” (2025). Em seguida, a elevação no nível de noise nos levou aos trabalhos anteriores, mais pesados.
Encerrando o show com “Queen”, música que aborda a dor e a delícia de ser queer em um mundo ainda estranho à diversidade sexual. “Você não sabe que você é uma rainha?”, canta Hadreas, em um dos versos da canção.
Quem é do rock não envelhece
No amplo espaço a céu aberto, a Arena Heineken trouxe os shows mais aguardados deste sábado, fazendo uma multidão - de idades e gerações diversas - se reunir em frente ao palco.
Lenda do rock, a banda The Pretenders, formada em 1978, desfilou uma sequência de sucessos, entoado a plenos pulmões pelos espectadores. A vocalista, Chrissie Hynde, de 73 anos, ícone da presença e potência feminina no universo do rock, sabe como conduzir o público e sua banda.
The Pretenders empunhou o orgulho roqueiro no C6 Fest | Foto: C6 Fest/DivulgaçãoA verve roqueira clássica segue intacta e Hynde emendou uma canção à outra, contando com a energética performance de seus parceiros de banda. Em palco, sucessos como “Tak the Town”, “Don’t Get me Wrong” e “Middle oh the Road”.
Inicialmente com o som baixo, a performance do Pretenders foi ganhando mais força ao longo da apresentação e, mais ao final, com o som devidamente regulado à potência da banda, encerrou em grande estilo, emocionando o público.
“Moon Safari”
A dupla francesa de música eletrônica Air fez, até então, o show mais brilhante desta edição do C6 Fest. Em um espetáculo sinestésico e poderoso musical e visualmente - com um aparato grandioso de luzes e projeções - eles apresentaram o clássico álbum “Moon Safari” (1998), na íntegra.
O disco de estreia do Air redefiniu a música eletrônica mundial, assimilando o downbeat, o ambient e o synthpop, cerzindo atmosferas oníricas, relaxantes e nostálgicas. É um álbum sensorial, que nos leva a viajar, flutuar.
Air promoveu um grandioso espetáculo musical e visual | Foto: C6 Fest/DivulgaçãoEsta é a terceira vez do Air pelas bandas de cá. Quase 10 anos depois de sua última passagem pelo Brasil, em 2016, no Audio Club, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel - acompanhados por um baterista - retornou com uma grande expectativa do público. Expectativa essa, de fato, muito bem correspondida.
Ao longo de cerca de 40 minutos, o “Moon Safari” foi executado, de uma ponta à outra, elevando às alturas, aos sonhos mais psicodélicos, as sensações e sentidos de quem acompanhava o show. Por vezes, muitos celulares empunhados para registrar aquele espetáculo único.
Após o bloco do “Moon Safari”, Air passeou por seus outros álbuns, e, ainda assim, seguiu com as espetaculares projeções - imagens do game digital Pong, texturas, cores, o espaço sideral, fogos de artifício - que, certamente, dariam em uma experiência quase que transcendental se fossem assimiladas através de óculos 3D.
E encerrando esta edição do C6 Fest, neste domingo (25):
Arena Heineken
16h-17h: SuperJazzClub
17h30-18h30: Cat Burns
19h-20h: Seu Jorge e Convidados no Baile à La Baiana
20h30-22h: Nile Rodgers & CHIC
Tenda Metlife
14h10-15h: Maria Esmeralda (com Thalin, ILOVEYOULANGELO, Cravinhos, Pirlo & VCR Slim)
15h30-16h30: English Teacher
17h-18h: The Last Dinner Party
18h30-20h: Wilco
Pacubra by Volkswagen Tera
19h30-21h: From House to Disco
21h-23h30: DJ Marky
O repórter viajou a convite do C6 Bank.

