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Com ingressos esgotados, Festival Lula Côrtes celebra os 50 anos de "Paêbirú" no Teatro do Parque

O evento contará com show da Ave Sangria e cine-concerto da banda Anjo Gabriel, além de exibição de filmes Super 8 da cineasta Kátia Mesel

Capa do álbum "Paêbirú", de 1975Capa do álbum "Paêbirú", de 1975 - Foto: Reprodução

O ano era 1975. Dois jovens e, até então, desconhecidos músicos nordestinos se juntaram para gravar e lançar um dos álbuns mais raros e valiosos da Música Brasileira: nascia “Paêbirú”, uma das pedras fundamentais da psicodelia nordestina, o disco duplo fruto da parceria entre o pernambucano Lula Côrtes e o paraibano Zé Ramalho.

Cercado de mitos e lendas, os 50 anos de criação de “Paêbirú” – álbum vitimado pela cheia de 1975 no Recife, restando apenas 300 cópias das 1.300 da prensagem original – serão celebrados no Festival Lula Côrtes, que acontece nesta quinta (8), a partir das 19h (aberturas dos portões às 18h), no Teatro do Parque, centro do Recife. Os ingressos estão esgotados.

Subirão ao palco as bandas pernambucanas Ave Sangria – contemporânea de Lula Côrtes nos primeiros anos de “udigrúdi”, década de 1970 – e Anjo Gabriel, que trará convidados para interpretarem o “Paêbirú” na íntegra. Nos intervalos, DJ Pré comandará a discotecagem.

Também haverá a exibição de registros inéditos em Super 8 feitos, anos anos 1970, pela cineasta e artista gráfica recifense Kátia Mesel, que trazem um acervo valioso de imagens que contextualizam o período e as inspirações que deram origem à obra.

Caminho da Pedra do Sol
“Paêbirú” é baseado na viagem feita por Lula Côrtes e Zé Ramalho pelo interior da Paraíba até a Pedra do Ingá, sítio arqueológico que envolve lendas místicas sobre o Caminho da Montanha do Sol, ou o “Caminho do Peabiru”, uma passagem construída por indígenas que ligaria o Oceano Atlântico ao Pacífico; Machu Picchu à Paraíba.

À base de cogumelos alucinógenos, Lula e Zé recriaram, musicalmente, as lendas de Sumé, entidade mitológica que habitava crenças indígenas em período anterior à colonização. 

O LP, duplo, conta com onze faixas, distribuídas em quatro lados, nomeados como os elementos da natureza – Ar, Água, Fogo e Terra –, em que ouve-se uma miscelânea que agrega rock psicodélico, jazz à tradição musical nordestina.

Quase todos os principais nomes da psicodelia nordestino participaram da gravação de “Paêbirú”. Estão no álbum Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Lailson, Zé da Flauta, Paulo Rafael, Ivinho, Israel Semente e Agrício Noya (os quatro últimos integrantes da Ave Sangria), além de Jarbas Mariz e outros convidados.

Raro
A aura mítica em torno de “Paêbirú” ganhou mais força por ter se tornado um dos álbuns mais raros da música brasileira. A devastadora enchente que se abateu sobre Recife em 1975 inundou a sede da gravadora Rozenblit, no bairro de Afogados, colocando cerca de mil exemplares da prensagem original debaixo d’água. 

Da tragédia, sobreviveram apenas 300 cópias, que estão espalhadas mundo afora. O incidente elevou o valor do álbum no mercado e fez de “Paêbirú” o disco nacional mais caro. Um exemplar original da obra chega a custar R$ 4 mil.

Em 2005, “Paêbirú” foi relançado, em vinil e CD, pelo selo Mr. Bongo. No Brasil, a versão em CD foi lançada em 2012. Já em 2019, a Polysom fez outro relançamento da obra em vinil, a partir das fitas originais.

SERVIÇO
Festival Lula Côrtes - 50 anos de “Paêbirú”
Com Ave Sangria, Anjo Gabriel (e convidados) e exibição de filmes super 8 de Kátia Mesel

Quando: Quinta (8), a partir das 19h (portões abrem às 18h)
Onde: Teatro do Parque - Rua dos Hospício, 81, Boa Vista - Recife-PE
Ingressos esgotados

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