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Música

"Frevo Macuca": Henrique Albino e Boi da Macuca lançam álbum de frevo com artistas convidados

Disco apresenta doze frevos-canções inéditos nas vozes de Lenine, Siba, Jorge Du Peixe, Almério, Buhr, Juliana Linhares, entre outros artistas

Capa do álbum "Frevo Macuca", lançado nas plataformas de música nesta quinta-feira (11)Capa do álbum "Frevo Macuca", lançado nas plataformas de música nesta quinta-feira (11) - Foto: Divulgação

Sopro de novidade que ajuda a oxigenar a tradição do frevo, o álbum “Frevo Macuca” - parceria entre o maestro, multi instrumentista e arranjador Henrique Albino com o Boi da Macuca, entidade referência da cultura popular pernambucana - chega em todas as plataformas de música, nesta quinta-feira (11).

Lançado pelo Selo Babel, o disco apresenta doze frevos-canções inéditos e reúne diversos artistas que interpretam frevos compostos especialmente para o projeto. Participam Lenine, Juliana Linhares, Jorge Du Peixe, Almério, Siba, Flaira Ferro, Buhr, Isaar, Juba Valença, Zé Manoel, Surama Ramos, Mãe Beth de Oxum, Tiné, Urêa, Jéssica Caitano, Isadora Melo e Silvério Pessoa. 

Albino ressalta a importância de lançar um disco de frevos inéditos para fortalecer o gênero. “O frevo vive de repertório novo, vive disso. E a gente está lançando as partituras gratuitamente para todo mundo, tanto a versão do estúdio - a versão de tocar no palco - quanto a versão de tocar na rua, porque queremos ver esses sons na rua, que na verdade foi a grande inspiração para a sonoridade do disco. Por mais que tenha harmonias e muitas coisas, o objetivo é essa a sensação do caos do frevo na rua”, detalha.

Encontro
Realizado com incentivo da Funcultura, o projeto foi idealizado e dirigido por Rudá Rocha, conselheiro de arte e cultura do Boi da Macuca, com direção e produção musical de Henrique Albino, que assina todos os arranjos do disco e a técnica de gravação do Estúdio Música Tronxa. 

A ideia de gravar um álbum de frevo surgiu em 2018, quando Rudá convidou Albino para escrever alguns arranjos para a Macuca tocar na rua. Eram adaptações de canções conhecidas como “Ciranda de Maluco”, de Otto, “Anunciação”, de Alceu Valença e alguns clássicos do forró pé-de-serra adaptados para orquestra de rua. A partir desse encontro, os dois decidiram expandir a parceria e propor um projeto autoral com artistas convidados.

“Ele veio com a ideia de chamar uns artistas para cantar músicas e eu vim com a ideia de fazer um negócio revolucionário na sonoridade do frevo. Aí quando a gente ‘emendou o bigode’, aprovou o projeto do Funcultura, pronto! Demorou para executar, mas no final das contas ficou muito bom porque tudo convergiu”, relembra.

O resultado dessa empreitada é uma obra plural, capaz de dialogar com a música contemporânea sem deixar de lado as tradições. 

Sobre o álbum
O toque do autêntico frevo ne rua de Olinda cria o ambiente ideal para acompanhar as letras inéditas, escritas pelo próprio Henrique Albino, que lança pela primeira vez canções de sua autoria. (Confira aqui todas as letras com compositores, intérpretes e na ordem do disco).

No disco, Albino assina a composição das faixas “Joga tudo na folia”, interpretada por Lenine; e “Frevo F”, que recebeu a participação de Jorge Du Peixe. Ele também assina a co-autoria de quase todas as canções, em parceria com diversos artistas como Zé Manoel, Mãe Bete de Oxum, Surama, José Demóstenes, Isadora Melo, Flaira Ferro, Rudá Rocha, Jéssica Caitano e Emerson Araújo.

“Frevo Macuca” reúne, ainda, duas parcerias entre Tiné e Chinaina (“Frevo Sucesso” e “Ilha da Amizade”, além da faixa “Um beijo no Boi da Macuca”, do pernambucano PC Silva e “Vedado no Boi”, parceria de Maviael Fonseca Tenório com Rudá Rocha.

Os metais foram gravados no Estúdio Música Tronxa, home estúdio de Albino. Já as percussões e as vozes foram captadas no estúdio Carranca, com algumas participações gravadas em São Paulo e, no caso de Lenine, capttadas em sua própria casa, no Rio de Janeiro.

Frevo e música tronxa
Entusiasta de arranjos inventivos de um tipo de som que batizou de “música tronxa”, Albino aposta na possibilidade do frevo atravessar a fronteira da sazonalidade do Carnaval e passar a ser consumido o ano inteiro. “O frevo é o único gênero musical tradicional brasileiro que já nasce escrito. Então, ele é um gênero que abre muito espaço para a pesquisa, o estudo e a criação”, destaca. 

“Desde Capitão Zuzinha [importante maestro e compositor de frevo pernambucano] que fez um frevo, depois com Nelson Ferreira que fez um frevo, Levítico Ferreira fez um frevo. E eles vão expandindo o que é o frevo. Aí chega Capiba, expande, aí chega o Alceu Valença com o Maestro Duda, o Ademir Araújo, Clóvis Pereira, eles vão expandindo o que é o frevo…”, avalia.

Na foto, Henrique Albino (à direita) durante as gravações com Surama, Beth de Oxum, Almério e Juliana LinharesNa foto, Henrique Albino (à direita) durante as gravações com Surama, Beth de Oxum, Almério e Juliana Linhares | Foto: Divulgação

Frevo de rua, frevo-canção
A sonoridade clássica das orquestras de frevo de rua, exclusivamente com sopros e percussões - sem o uso de instrumentos harmônicos como cordas e teclados - ganha corpo e contraste com os arranjos de Albino, que aposta em diversas formações e sonoridades em cada faixa.

O álbum traz um time de craques que reúne Henrique Albino (saxofones alto, tenor e barítono), Rudá Rocha (surdo, zabumba e triângulo), Fabinho Costa (trompetes), Jorge Neto (trompetes), Thomas Barros (trombones tenor, baixo e contrabaixo), Neris Rodrigues (trombones), Alex Santana (tuba). 

Completam a lista André Ragall (caixa clara), Gilú Amaral (pandeiro e mineiro) e Mamão do Pandeiro (pandeiro). Nas vozes, o coral reúne Sue Ramos, Surama Ramos, Henrique Albino e Ricardo Pessoa. A mixagem é de Henrique Albino e a masterização de Júnior Evangelista.

E-book gratuito
Além do álbum digital, o projeto inclui a produção de um e-book gratuito com as partituras das canções, que será disponibilizado no site e nas redes da Macuca, além de ser distribuído pessoalmente aos maestros das principais orquestras de rua, buscando a perenização das composições em seus repertórios. 

Sobre Henrique Albino
Compositor, arranjador, multi-instrumentista e produtor musical, Henrique Albino foi vencedor em 2013 do I Festival do Frevo da Humanidade nas categorias Melhor Arranjo e 3º Lugar em Frevo de Rua, sendo um dos mais jovens a conquistar estas colocações aos 20 anos de idade. 

Tem como fundamentação da sua música a busca pela expressão da complexidade pernambucana, denominada por ele de Música Tronxa. É reconhecido como maestro da nova geração do frevo por músicos, maestros consagrados (Spok, Maestro Oséas, entre outros) e pesquisadores, sendo citado inclusive no livro "Frevo: Memória e Patrimônio". 

Atuou como intérprete e compositor de trilhas para cinema em diversos filmes, tocou em festivais na Europa e shows de artistas como Hermeto Pascoal, Nailor Proveta, Conexão Berlim, Chancho a Cuerda, Guilherme Kastrup, Letieres Leite, entre outros. 

Gravou, arranjou e participou de discos de grandes nomes da música como Elza, Soares, Alaíde Costa, Lia de Itamaracá, Elba Ramalho, Amaro Freitas, Lenine, Liniker, Carlinhos Brown, Luiz Caldas, Céu, Di Melo, Moreno Veloso, Flaira Ferro, SpokFrevo Orquestra, dentre outros.
É diretor e produtor do Festival Música Tronxa, uma mostra de música contemporânea. Em 2021, lançou seu primeiro álbum instrumental chamado "Música Tronxa", com o Henrique Albino Quarteto, e está em processo independente de gravação do seu próximo álbum solo.

Sobre a Macuca
Fundada em 1989, a Macuca é uma entidade cultural pernambucana certificada oficialmente como Ponto de Cultura desde 2005 e contemplada nacionalmente pelo Prêmio Culturas Populares 2017, títulos concedidos pelo então Ministério da Cultura. 

Possui sede no Sítio Macuca, localizado na zona rural de Correntes, região agreste de Pernambuco. Manifesta-se como folguedo de rua e como evento.

Ficha técnica do álbum "Frevo Macuca"
Direção Musical e Produção Musical: Henrique Albino
Produção Executiva: Janaísa Cardoso
Assistência de Produção: Raian e Daiane Araújo
Mixagem: Henrique Albino
Masterização: Júnior Evangelista
Técnicos de Gravação:
Estúdio Música Tronxa: Henrique Albino
Estúdio Carranca: Marco Melo
Detalhes da Gravação 
Estúdio Música Tronxa: metais
Estúdio Carranca: percussões e vozes
Trompetes: Fabinho Costa e Trompete: Jorge Neto
Trombones: Thomas Barros e Neris Rodrigues
Saxofones: Henrique Albino
Tuba: Alex Santana
Surdo: Ruda Rocha
Caixa: André Ragall (Patinho)
Pandeiro: Gilú Amaral e Mamão do Pandeiro
Gravado em: Estúdio Música Tronxa / Estúdio Carranca 

Lista de Músicos 
Thomas de lima Barros 
Fabinho costa 
Alex Santana do Nascimento 
Gilson Lúcio do Amaral filho
André Márcio Ramalho Ribeiro 
Luciano Ricardo Maciel da Silva
 

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