Seg, 08 de Dezembro

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Globoplay lança "Raul Seixas: Eu sou", minissérie que conta a história do rockstar

Em oito capítulos, a obra é dirigida pelos irmãos Paulo e Pedro Morelli

Cena de "Raul Seixas: Eu Sou"Cena de "Raul Seixas: Eu Sou" - Foto: Divulgação/ Globo

Com uma carreira marcada por altos e baixos, a vida de Raul Seixas é valorizada não apenas pelo poder e robustez de seus grandes sucessos, mas também pelas lendas urbanas que o próprio rockstar ajudou a criar em torno de si mesmo. Passados mais de 35 anos de sua morte, em 1989, Raul segue cultuado e celebrado, mas faltava uma produção audiovisual capaz de captar a genialidade e as sombras do artista e transformá-la em entretenimento e encantamento para a atual e futuras gerações.

Esse vazio ficou menor com “Raul Seixas: Eu Sou”, minissérie em oito capítulos no Globoplay. Feita em parceria com a O2 Filmes, a obra dirigida a quatro mãos pelos irmãos Paulo e Pedro Morelli subverte a lógica das biografias musicais brasileiras ao embarcar não apenas na história do homenageado, mas sobretudo em suas viagens existenciais.

Com estética e propostas que lembram o longa “Rocketman”, a criativa e subestimada cinebiografia do cantor Elton John, de 2019, “Raul Seixas: Eu Sou” centraliza a dramaturgia nas canções do artista baiano sem se ater muito à cronologia ou a realismo nas sequências, o que pode bagunçar um pouco a mente do telespectador mais ávido por informações precisas.

Porém, logo fica claro que o caminho escolhido pelos diretores é a melhor forma de perfilar o produtor musical que largou a vida abastada de executivo - em uma época onde as gravadoras dominavam o mercado musical - para seguir com o sonho de cantar e tocar as próprias músicas.

Com coragem e aval da família, todos os excessos da trajetória, seja nas drogas, no ocultismo ou nas utopias, estão bem registrados e com o tamanho adequado em cena, o que evita o tom ameno que produções do tipo insistem em sustentar.

Boa parte da magia de “Raul Seixas: Eu Sou”, nasce da boa escalação de elenco que envolveu o projeto. Com destaque óbvio para a performance de Ravel Andrade como protagonista. Ciente das múltiplas personalidades do biografado, Ravel mergulha nas diversas facetas de Raul com paixão e liberdade.

Auxiliado por uma caracterização bem construída, em nenhum momento o ator parece imitar Raul, apenas entrega a sua mais honesta versão do astro. Em sintonia, a atuação de nomes como João Pedro Zappa, Amanda Grimaldi, Caroline Abras, Chandelly Braz, Julia Stockler e João Vítor Silva ajudam a desenvolver a história sem grandes distrações. Por fim, é divertido também o retrato que a série propõe sobre o mercado da música popular brasileira durante os anos 1970, auge de Raul, e 1980, a década de sua derrocada.

A narrativa mistura ídolos viúvos da jovem-guarda, medalhões e festivais da MPB, Tropicalismo e o regionalismo em um mosaico que exibe a força cultural do Brasil em tempos de ditadura. Envolvente e diferente, “Raul Seixas: Eu Sou” é bom respiro no tradicionalismo das biografias musicais.
 

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