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Irmãos Grimm em metáforas
Filme “A menina sem mãos”, que será exibido hoje dentro do Animage, é uma adaptação de conto de fadas
A animação parece o meio ideal para explorar o potencial de metáforas como forma de condução narrativa; é possível criar universos ou ideias com liberdade poética, sem as amarras tradicionais da realidade. Essa é uma característica particularmente interessante no filme “A menina sem mãos”, de Sébastien Laudenbach, que será exibido hoje, às 19h, no Cinema São Luiz, dentro da programação do Animage - Festival Internacional de Animação de Pernambuco.
No enredo, um homem vende sua filha para o diabo; ela escapa, mas sem suas mãos. Em sua jornada pessoal, encontra uma deusa, um jardineiro e um príncipe. “Eu criei o filme diretamente em animação, sem script ou storyboard, desenrolando a história do começo ao fim, seguindo o contorno do conto de fadas de Grimm, mas tendo muita liberdade em relação à história”, diz Sébastien. “O filme foi escrito com desenhos, não com palavras”, ressalta o diretor.
A história foi adaptada de um conto que aparece na literatura dos Irmãos Grimm. “É formado mais por uma sucessão de metáforas do que propriamente por um cenário dramático”, explica o autor. “Sua fraqueza é a falta de drama. Na minha adaptação, injetei mais drama na história, mas eu queria manter o mistério metafórico. Metáforas são sujeitas à interpretação, e cada espectador faz sua própria leitura. É o oposto do cinema de entretenimento, que expõe tudo e explica tudo. Com a metáfora há tantos filmes quanto há espectadores”, sugere.
Sébastien se sentiu cativado pela modernidade do enredo. “Na história original a gente vê uma menina que se torna uma princesa. Mas o estado de princesa é um estágio intermediário e não um apogeu. É um estado que não é satisfatório para ela. O conto diz que é melhor ser uma mulher feliz do que uma princesa insatisfeita.
Essa trajetória psicológica está relacionada a um caminho físico. E eu queria incorporar esta menina próxima de seus humores corporais: o sangue, o leite materno, a urina, as lágrimas. Queria que esta menina, que se tornou princesa para acabar como mulher, tivesse um corpo vivo”, detalha.
O filme explora o potencial simbólico da animação, a misteriosa lírica poética contida nas imagens. “Como qualquer arte, a animação oferece uma linguagem com sintaxe própria”, sugere o cineasta. “Isso me interessa, porque permite determinar uma distância com a realidade. A deficiência da animação é a ausência de corpos, rostos. O cinema clássico capta rostos. A animação não. Assim, usando esta técnica, nos esquecemos de encontrar outros caminhos, outras maneiras de contar histórias a partir de corpos e rostos. E isso é interessante”, destaca.
No enredo, um homem vende sua filha para o diabo; ela escapa, mas sem suas mãos. Em sua jornada pessoal, encontra uma deusa, um jardineiro e um príncipe. “Eu criei o filme diretamente em animação, sem script ou storyboard, desenrolando a história do começo ao fim, seguindo o contorno do conto de fadas de Grimm, mas tendo muita liberdade em relação à história”, diz Sébastien. “O filme foi escrito com desenhos, não com palavras”, ressalta o diretor.
A história foi adaptada de um conto que aparece na literatura dos Irmãos Grimm. “É formado mais por uma sucessão de metáforas do que propriamente por um cenário dramático”, explica o autor. “Sua fraqueza é a falta de drama. Na minha adaptação, injetei mais drama na história, mas eu queria manter o mistério metafórico. Metáforas são sujeitas à interpretação, e cada espectador faz sua própria leitura. É o oposto do cinema de entretenimento, que expõe tudo e explica tudo. Com a metáfora há tantos filmes quanto há espectadores”, sugere.
Sébastien se sentiu cativado pela modernidade do enredo. “Na história original a gente vê uma menina que se torna uma princesa. Mas o estado de princesa é um estágio intermediário e não um apogeu. É um estado que não é satisfatório para ela. O conto diz que é melhor ser uma mulher feliz do que uma princesa insatisfeita.
Essa trajetória psicológica está relacionada a um caminho físico. E eu queria incorporar esta menina próxima de seus humores corporais: o sangue, o leite materno, a urina, as lágrimas. Queria que esta menina, que se tornou princesa para acabar como mulher, tivesse um corpo vivo”, detalha.
O filme explora o potencial simbólico da animação, a misteriosa lírica poética contida nas imagens. “Como qualquer arte, a animação oferece uma linguagem com sintaxe própria”, sugere o cineasta. “Isso me interessa, porque permite determinar uma distância com a realidade. A deficiência da animação é a ausência de corpos, rostos. O cinema clássico capta rostos. A animação não. Assim, usando esta técnica, nos esquecemos de encontrar outros caminhos, outras maneiras de contar histórias a partir de corpos e rostos. E isso é interessante”, destaca.

