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Festival de Cinema de Marrakech

Jenna Ortega confessa ter medo da IA: 'Há certas coisas que ela simplesmente não consegue replicar'

Em entrevista no Festival de Cinema de Marrakech, estrela de 'Wandinha' diz que os avanços tecnológicos a fazem se sentir 'como se tivéssemos aberto a caixa de Pandora'

Jenna Ortega, atrizJenna Ortega, atriz - Foto: Reprodução/Instagram

Em entrevista na manhã de sábado, no Festival de Cinema de Marrakech, a atriz Jenna Ortega — estrela da série “Wandinha”, que faz parte do júri da competição, presidida pelo diretor Bong Joon Ho, de “ Parasita” — expôs sua opinião sobre os impactos da inteligência artificial nos filmes. Ela disse que, olhando para a história da humanidade, percebe-se que “sempre levamos as coisas longe” e que “é muito fácil ter medo — eu sei que tenho — da profunda incerteza”.

Ortega acrescentou que, com a IA, “é como se tivéssemos aberto a caixa de Pandora”. Porém, ela tem esperança de que o novo recurso tecnológico possa levar a uma nova revolução artística:

“Nestes tempos difíceis e confusos, muitas vezes isso impulsiona o artista a se manifestar mais, a fazer mais, a despertar um novo amor, uma nova paixão e uma nova proteção, e eu quero acreditar e esperar que seja esse o caso”, disse. “Mas há certas coisas que a IA simplesmente não consegue replicar. Há beleza na dificuldade e há beleza nos erros, e um computador não consegue fazer isso. Um computador não tem alma.”

Bong Joon Ho mostrou concordância com Ortega, dizendo que a IA poderia ser boa no sentido de que “é o começo da raça humana finalmente pensando seriamente sobre o que só os humanos podem fazer”. E brincou: “Minha resposta pessoal é que vou organizar um esquadrão militar cuja missão é destruir a IA em todo o mundo.”

Além de Ortega e Bong, o júri de Marrakech inclui a atriz Anya Taylor-Joy, a diretora Celine Song, Julia Ducournau (vencedora da Palma de Ouro por “Titane”), o diretor brasileiro Karim Aïnouz, o cineasta marroquino Hakim Belabbes e o ator e diretor iraniano-americano Payman Maadi.

Song também não poupou palavras sobre o tema da IA, dizendo: “Para citar Guillermo del Toro, que estará aqui neste festival em breve, que se dane a IA”. Para ela, a novidade está “destruindo completamente nosso planeta” e “colonizando nossa mente e a maneira como percebemos as imagens, a maneira como percebemos o som”.

“Estou muito preocupada com isso porque acho que a coisa mais importante que estamos aqui para defender como artistas é a humanidade”, atacou Celine Song.

O Festival de Cinema de Marrakech, que vai até 6, começou oficialmente na sexta-feira à noite com a exibição de “Dead man’s wire”, de Gus Van Sant. A programação também inclui homenagens a Jodie Foster e Guillermo del Toro, além de exibições de “Uma vida privada” e “Frankenstein”, bem como conversas com o diretor Kleber Mendonça Filho, de “ O agente secreto”.

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