Lady Gaga e as bandeiras que inspiram fãs: LGBTQIA+, feminismo e autoaceitação
Mother Monster atrai fãs não só pela música, mas também pelo ativismo e pelas causas que defende
O leque com as cores do arco-íris vendido por ambulantes na Avenida Atlântica não é mero acaso. Hospedada no Copacabana Palace para se apresentar no sábado (3), Lady Gaga atrai uma multidão de fãs ao hotel, que se reúnem na expectativa de vê-la na janela ou andando pelas ruas do Rio.
Mas o que move esse público vai além da música: é a identificação com as causas que a cantora defende, como os direitos da comunidade LGBTQIA+ e a luta pela autoaceitação.
Natural de Passos (MG), Lorenzo Porto, de 29 anos, mora em São Paulo e chegou ao Rio na terça-feira, após ajustar a agenda com seus clientes — trabalha de forma autônoma. Ele conta que Gaga foi trilha sonora de momentos importantes da sua vida, incluindo um episódio traumático:
"Ela prega a autoaceitação no álbum “Born this way”, que traz vivências dela. A música que tem o mesmo nome do álbum diz que não importa se você nasceu gay, lésbica, trans: você nasceu desse jeito. Esse álbum específico de autoaceitação salvou a minha vida, porque, quando foi lançado, meu pai descobriu que eu era gay, não aceitou, me bateu, e as músicas me ajudaram a superar"
Lorenzo afirma que, com o tempo, se reconciliou com o pai, que morreu em 2017. Depois de proibir o filho de ouvir Gaga na infância, por acreditar que influenciava sua orientação sexual, o pai mudou de atitude e passou a ver as apresentações da artista ao lado do filho, como o show no Super Bowl, poucos dias antes de falecer.
"A Gaga, desde o começo da carreira, abraçou muito os gays. Ela até falou no VMA de 2009, quando ganhou o prêmio de Melhor Vídeo Feminino, que dedicava aos fãs, aos gays e a Deus. Desde o começo da carreira, ela abraçou os little monsters, que eram excluídos e sofriam bullying na escola", lembra.
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Fundação
Lady Gaga é uma das fundadoras da Born This Way Foundation, voltada para apoiar jovens que enfrentam bullying e baixa autoestima.
Felipe Amorim, analista de sistemas de 32 anos, veio de Ribeirão Preto (SP) ao lado do namorado, Vinícius Nowicki, clínico-geral da mesma idade. Para ele, a cantora renovou pautas que já vinham sendo levantadas por Madonna e se tornou um símbolo de resistência.
"Tenho 32 anos, foi o início de uma geração em que começou a ser aceita a homossexualidade", diz Felipe, ressaltando que as lutas de Gaga o aproximaram ainda mais da obra dela.
Vinícius destaca que a influência da cantora vai além da sexualidade.
"A questão da sexualidade foi importante, mas vai além disso. Ela fala de arriscar o diferente num mundo em que está todo mundo igual. Ela dá a cara e sustenta aquilo dali. As pessoas olham para aquilo e pensam que também podem ser assim, até no modo de se vestir", afirma, lembrando que a atuação da artista também envolve o feminismo e posicionamentos políticos, como quando criticou ideias xenofóbicas nas eleições dos EUA.
O apelido "little monsters" surgiu no fim dos anos 2000, inspirado no álbum The fame monster, e passou a ser adotado por Gaga para reforçar o sentimento de comunidade entre seus fãs. A própria artista incorporou o título de Mother Monster.
A designer Glenis Menezes, de 26 anos, veio de São José dos Campos (SP) para o show. Ela recorda que, ainda criança, assistia aos DVDs de clipes da cantora ao lado da irmã. Hoje, se reconhece nas mensagens que a diva transmite.
"Praticamente todo o meu ciclo faz parte do grupo LGBT, que ela defende. E fala também da mulher na sociedade, na indústria. A gente encara alguns desafios e ela sempre fala da gente escolher a nós mesmas, nunca esquecer que a gente é mulher e que tem que correr atrás do que é nosso, para ter uma vida mais digna", diz Glenis, que é bissexual.

