Leo Lins: humorista se manifesta sobre condenação e diz que faltou "capacidade de interpretação"
O comediante recebeu sentença de oito anos e três meses de prisão por piadas contra minorias
Leo Lins, humorista condenado à prisão por piadas contra minorias, falou pela primeira vez sobre a sentença. Em um vídeo de pouco mais de 12 minutos, publicado nesta quinta-feira (5), o comediante afirmou que o conteúdo apresentado em seus shows é ficcional e que a decisão ignorou esse fato.
“Talvez nem todos saibam, mas o humorista num palco interpreta um personagem, uma persona cômica. Na construção do texto, nós utilizamos figuras de linguagem, hipérbole, metáfora e ironia numa licença estética e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico”, argumentou.
Afirmando que falaria como Leonardo de Lima Borges Lins, e não como o humorista Leo Lins, o carioca criticou o que ele chamou de “epidemia da cegueira racional”. “Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém quer mais ouvir o próximo. Quer, no máximo, convencê-lo da sua própria verdade”, disparou.
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O comediante disse que leu toda a sentença antes de se manifestar publicamente, apontando supostas falhas nos embasamentos teóricos do texto. Segundo ele, a juíza federal Barbara de Lima Iseppi teria utilizado a Wikipédia como fonte de pesquisa.
Sem pedir desculpas pelas piadas, Leo defendeu que havia mais minorias do seu lado do que contra ele. O artista chamou a decisão da Justiça Federal de “censura” e disse esperar que a classe artística entenda “a gravidade de uma sentença como essa”.
“Concordar com uma sentença como essa é assinar um atestado de que somos ‘adultos infantilóides’ sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nó”, apontou
Leo Lins agradeceu o apoio público que recebeu de outros famosos e finalizou o vídeo demonstrando otimismo. “Eu tenho fé que no fim vai dar tudo certo, até porque se rir virou crime, o silêncio virou regra”, disse.
Na última terça-feira (3), a 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo condenou Leo a oito anos e três meses de prisão, em regime inicialmente fechado. Além disso, ele terá que pagar multa equivalente a 1.170 salários mínimos - cerca de 1,4 milhão - e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. Ainda cabe recurso.

