Sáb, 06 de Dezembro

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HISTÓRIA

Lucy, célebre ancestral humana, é exposta pela primeira vez na Europa

Os restos ósseos de Lucy serão exibidos na República Tcheca junto com Selam, o fóssil de uma menina Australopithecus que viveu cerca de 100 mil anos antes dela

O modelo de reconstrução artística hiper-realistas das ancestrais humanas Australopithecus afarensis Lucy e SalamO modelo de reconstrução artística hiper-realistas das ancestrais humanas Australopithecus afarensis Lucy e Salam - Foto: Michael Cizek / AFP

Os fragmentos ósseos de Lucy, célebre ancestral humana de 3,18 milhões de anos, saíram excepcionalmente da Etiópia e são exibidos pela primeira vez na Europa, no Museu Nacional de Praga, a partir desta segunda-feira (25).

Os fósseis desta 'Australopithecus afarensis' foram encontrados na Etiópia em 1974, a mais completa descoberta até então e revolucionou a compreensão dos ancestrais da humanidade.

Os restos ósseos de Lucy serão exibidos junto com Selam, o fóssil de uma menina australopithecus que viveu cerca de 100 mil anos antes de Lucy, encontrado no mesmo lugar 25 anos depois.

 Estrutura óssea da ancestral Australopithecus afarensis Lucy Estrutura óssea da ancestral Australopithecus afarensis Lucy - Foto: Michael Cizek / AFP

"Ambos esqueletos estão entre as exposições mais preciosas do patrimônio global (...) são exibidos em um país europeu pela primeira vez na história", disse o primeiro-ministro tcheco Petr Fiala durante a inauguração da exposição.

A ministra etíope do Turismo, Selamawit Kassa, destacou que é a primeira vez que Lucy e Selam são exibidos juntos fora da Etiópia e que esse fato torna a exibição um evento único em sua classe.

Selam nunca havia saído da Etiópia e Lucy foi exibida uma vez nos Estados Unidos.

"A Etiópia é incomparável por seu contínuo registro fóssil de ancestrais humanos que abrange seis milhões de anos, com 14 espécies de ancestrais humanos, desde australopithecus até Homo sapiens, descobertos" no país, acrescentou Kassa.

Os 52 fragmentos de Lucy serão exibidos durante 60 dias como parte da exposição "People and their Ancestors".

O descobridor de Lucy, o americano Donald Johanson, e o de Selam, o etíope Zeresenay Alemseged, também participaram da inauguração em Praga.

Johanson destacou a África como o lugar onde "primeiro nos separamos dos símios africanos, onde nos erguemos pela primeira vez, onde nossos cérebros começaram a crescer, onde começamos pela primeira vez a fazer arte e ferramentas de pedra especializadas, e onde nós, os chamados Homo sapiens, evoluímos".

"Todos compartilhamos um ancestral comum, estamos unidos pelo nosso passado e acredito que isso é um lembrete extremamente importante para a humanidade de hoje", acrescentou.

Nomeada pelos Beatles
Em seu estado atual, Lucy é composta por partes dentais fossilizadas, fragmentos do crânio, da pelve e do fêmur.

Seu esqueleto fossilizado, com 1,1 metro de altura, saiu da Etiópia pela última vez entre 2007 e 2013, quando passou por museus nos Estados Unidos.

O hominídeo recebeu o nome por causa da música dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que a equipe que a encontrou ouviu para celebrar a descoberta.

Lucy era bípede - caminhava com as duas pernas - e acredita-se que tenha morrido entre os 11 e 13 anos, idade adulta para a espécie.

Por muito tempo foi considerada o ancestral humano mais antigo encontrado, mas foi destronada em 1994 após a descoberta, também na Etiópia, de Ardi, uma fêmea Ardipithecus ramidus que viveu há 4,5 milhões de anos.

Em 2001, Toumai - um crânio datado de seis ou sete milhões de anos - foi encontrado no Chade, sugerindo que a família humana poderia remeter muito mais longe do que se pensava.

Em um estudo de 2016, os pesquisadores afirmaram que Lucy tinha braços fortes, o que sugere que costumava escalar árvores e se refugiar nos galhos durante a noite. Também tinha pernas relativamente fracas que não eram usadas para escalar e eram ineficazes para caminhar, concluiu o estudo.

Uma análise de uma fratura em um dos ossos de Lucy realizada no mesmo ano sugeriu que ela provavelmente morreu ao cair de uma árvore.

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