Mac Adams mostra o verso do que não vemos, em exposição na Caixa Cultural
Ao brincar com sombras e reflexos, artista britânico Mac Adams questiona o poder da fotografia e da manipulação nos dias atuais
O Recife recebe, a partir desta terça-feira (21), a exposição do artista Mac Adams, um dos fundadores do movimento Arte Narrativa (Narrative Art). Inglês naturalizado norte-americano, Adams tem renome internacional e explora diversos elementos em suas esculturas e fotografias, recriando imagens e objetos. Antes de chegar até aqui, a mostra passou apenas por São Paulo, e é aguardada em outras cidades brasileiras.
“Ele aborda temas importantes para nossa sociedade contemporânea, explorando o poder da fotografia e da arte de convencer e também manipular quem as vê”, afirma o curador independente Luiz Gustavo Carvalho, responsável pela exposição.
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O artista brinca com as sombras e os reflexos, que respectivamente são a projeção e a inversão da imagem, dois aspectos que são antagônicos mas que ao mesmo tempo dialogam entre si, como se explorasse o que está no verso do que vemos.
Essa tentativa transparece em todos os trabalhos da mostra, seja na série “Espaços Vazios” (onde fotos menores, em preto e branco, promovem diálogo entre formas e sombras, criando novas leituras) ou na série “Tragédias pós modernas” (composta por fotografias realizadas nas décadas de 1970 e 1980, onde insere imagens chocantes em objetos cotidianos de design arrojado para a época, sem utilizar-se de Photoshop nem outros instrumentos de “trucagem”).
Esta última série traz uma crítica social mordaz: foi realizada na época em que Ronald Reagan e Margareth Thatcher estabeleceram suas políticas neoliberais. Entre as imagens reluzentes de cafeteiras, lâmpadas e outros objetos de consumo, pode-se ver cenas de violência extrema que denunciam o alto custo pago por essas políticas: estupro, tortura, guerra.
Os jogos entre objeto e sombra prosseguem nas fotos de “Ilhas” e também nas três esculturas (“Vidas Paralelas”, “Bart e Mickey” e “Coelho”), onde objetos criam uma nova mensagem. “As sombras fazem sentido a partir da bagagem de quem as olha, remetendo a nossos cotidianos e medos”, conta Carvalho.
Uma das esculturas é especialmente tocante: “Vidas Paralelas” é composta pela junção de um esqueleto humano, cuja sombra vira um singelo cachorrinho brincando com um osso. No Brasil, por conta da legislação, não foi possível utilizar restos humanos verdadeiros como aconteceu em mostras realizadas no exterior.
Serviço:
Exposição: "Sombras e Mistérios", de Mac Adams, com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho
Caixa Cultural Recife (av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Abertura nesta terça-feira (21), às 19h. Haverá visita guiada com o curador. Em cartaz até 21 de outubro
Entrada gratuita
Informações: (81) 3425-1915

