Ter, 23 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Cinema

Matteo Garrone dirige adaptação mais fiel de 'Pinóquio'

Com Roberto Benigni no papel de Gepeto, filme traz versão sombria do clássico

Roberto Benigni dá vida a Gepeto em "Pinóquio"Roberto Benigni dá vida a Gepeto em "Pinóquio" - Foto: Divulgação

A história do boneco de madeira que quer ser um menino de verdade já era um clássico bem antes de virar uma animação de sucesso. A versão lançada pela Disney em 1940, no entanto, é a que prevalece no imaginário popular. “Pinóquio”, a mais nova adaptação da obra, chega hoje às salas de cinema brasileiras e promete ser mais fiel ao original.

Escrita por Carlo Collodi, a famosa fábula infantil foi publicada pela primeira vez em 1883. Ela apresenta as aventuras de um boneco que, após ser esculpido a partir do tronco de uma árvore pelo marceneiro Gepeto, ganha vida própria. O novo live-action resgata aspectos da trama que a Disney tratou de suavizar dando um tom mais colorido aos desatinos vividos pelo personagem.



O diretor Matteo Garrone (“Gomorra”, “Dogman”) traz um longa-metragem sombrio, assim como a história criada por Collodi. Partes da obra literária, propositalmente esquecidas em outras versões cinematográficas, ganham destaque no filme. Vemos, por exemplo, Pinóquio (Federico Ielapi) sendo enforcado, jogado vivo ao mar e queimando as pernas por descuido ao dormir perto de uma lareira. 

Todo o contexto social que serve de pano de fundo para o texto de Collodi também é resgatado pelo cineasta. Gepeto vive em um vilarejo da Toscana, na Itália, assolado pela fome e por um rigoroso inverno. Corrupção, pobreza e desigualdade social rondam a jornada do marceneiro e de seu amado filho de madeira. Há uma cena emblemática em que um juiz-macaco, em um tribunal em ruínas, decide prender Pinóquio por ser inocente. É uma crítica do autor à Justiça em seu país e no seu tempo, mas que também encontra conexões com a realidade brasileira atual.  

A simplicidade da história é traduzida na tela em cenas sem grandes efeitos especiais. Figurinos e uma maquiagem primorosa é que transformam o elenco em seres fantásticos, alguns com aparência animalesca. Nada das recriações virtuais comuns aos recentes remakes hollywoodianos. O resultado é de uma rara beleza que só habita na genuinidade de obras que não se envergonham de abraçar a singeleza.

Cena de "Pinóquio" (Foto: Divulgação)

Garrone tem ainda como grande trunfo a participação de um ator do tamanho de Roberto Benigni, vencedor do Oscar de 1999 por “A Vida é Bela”. Assim como no filme que o consagrou mundialmente, o italiano aqui vive um pai dedicado. Gepeto possui um amor ingênuo que o faz acreditar cegamente no filho e, mesmo decepcionado, não mede esforços para reencontrá-lo.

Essa não é a primeira vez que Benigni adentra o universo criado por Collodi. Em “Pinocchio e a Fada Azul”, filme que ele próprio dirigiu e estrelou, deu vida ao boneco de madeira. Agora ele empresta seus trejeitos farsescos para um Gepeto errante e apaixonante.  

Novas versões

Há ainda mais duas adaptações das aventuras de Pinóquio sendo produzidas para o cinema. Uma delas é da Disney, que já revisitou alguns de seus clássicos animados em formato live-action, como “O Rei Leão” e “Cinderela”. O que se sabe até agora sobre o novo filme é que ele será dirigido por Robert Zemeckis (“De Volta para o Futuro”) e terá Tom Hanks como Gepeto.

Outro projeto será lançado pela Netflix, com direção do mexicano Guillermo Del Toro. Será uma animação em stop-motion com estreia prevista ainda para 2021. O cineasta já revelou que tomará algumas liberdades em relação à obra original, transformando Pinóquio em um herói antifa. O elenco conta com nomes como Tilda Swinton, Christoph Waltz e Cate Blanchett.

Veja também

Newsletter