Museu Metropolitano de Nova York devolve obras de arte que teriam sido saqueadas do Iraque
O gabinete do promotor público do distrito de Manhattan disse que os objetos foram identificados como ilícitos
Três obras de arte antigas que durante anos fizeram parte da coleção do Museu Metropolitano de Arte (Met), e que agora se acredita terem sido saqueadas, foram devolvidas nesta segunda-feira (20) à República do Iraque, segundo comunicados do próprio Met e do gabinete do promotor distrital de Manhattan.
As obras foram recuperadas após investigações criminais sobre o tráfico de arte saqueada, incluindo uma relacionada ao negociante britânico de antiguidades Robin Symes, informou o gabinete do promotor. Symes, que morreu em 2023, era há muito suspeito por investigadores de envolvimento com o tráfico ilegal de artefatos.
A devolução ocorreu durante uma cerimônia oficial no gabinete do promotor no centro de Manhattan, com a presença de representantes do Met e do governo iraquiano.
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“Por meio da cooperação do museu com o gabinete do promotor de Manhattan, e como resultado da investigação sobre Robin Symes, o museu recentemente recebeu novas informações que tornaram clara a necessidade de repatriação das obras, levando a uma resolução construtiva”, afirmou o Met em comunicado.
Entre os artefatos estão um vaso sumério feito de alabastro de gesso datado de cerca de 2600 a 2500 a.C., que passou pelas mãos de Symes e foi doado ao Met em 1989 por uma coleção privada; e duas esculturas cerâmicas babilônicas — uma cabeça masculina e uma cabeça feminina — datadas de cerca de 2000 a 1600 a.C.
A cabeça masculina foi vendida ao Met por Symes em 1972; já a cabeça feminina foi um presente da mesma coleção privada em 1989. Os três artefatos foram apreendidos no início deste ano pela unidade de combate ao tráfico de antiguidades do gabinete do promotor.
As duas cabeças são consideradas originárias de Isin, um sítio arqueológico da antiga Mesopotâmia localizado no atual território do Iraque. Quando o vaso foi inicialmente oferecido ao Met, em 1956, um negociante suíço afirmou que ele havia sido encontrado próximo à antiga cidade mesopotâmica de Ur, segundo o gabinete do promotor.
O gabinete do promotor também informou que a investigação sobre Robin Symes por sua unidade de combate ao tráfico de antiguidades resultou na apreensão de 135 peças que teriam sido traficadas por Symes para dentro e através de Manhattan. O valor estimado dessas peças é de US$ 58 milhões.
“Continuamos a recuperar e devolver antiguidades que foram traficadas por Robin Symes”, disse o promotor distrital de Manhattan, Alvin L. Bragg Jr., em comunicado. “Isso é um testemunho do trabalho árduo de nossos advogados, analistas e investigadores, comprometidos em reparar os danos significativos que os traficantes causaram ao patrimônio cultural global.”
Em nota, o embaixador do Iraque nos Estados Unidos, H.E. Nazar Al Khirullah, afirmou: “Valorizamos profundamente nossa duradoura parceria com instituições-chave dos Estados Unidos — sobretudo a Unidade de Combate ao Tráfico de Antiguidades do gabinete do promotor, cuja liderança tem sido essencial para a recuperação do patrimônio saqueado do Iraque. Também agradecemos a sólida e contínua parceria com o Met, cujo compromisso com a preservação cultural complementa nossa missão compartilhada de proteger as antiguidades do mundo.”
Max Hollein, diretor do Met, declarou em comunicado: “O Met está comprometido com a coleta responsável de obras de arte e com a gestão compartilhada do patrimônio cultural mundial, e tem feito investimentos significativos para acelerar a pesquisa proativa de sua coleção.”

