Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
LITERATURA

Em novo livro, "Nós Não Vamos à Igreja", Frederico Feitoza alerta sobre fanatismo religioso

Lançado pela Cepe Editora, o thriller se passa na cidade nordestina fictícia de Exu-Mirim

Frederico Feitoza, cearense de criação, reside atualmente em BerlimFrederico Feitoza, cearense de criação, reside atualmente em Berlim - Foto: Ericka Rolim/Divulgação

Fanatismo religioso, LGBTfobia e violência doméstica são alguns dos panos de fundo de “Nós Não vamos à Igreja”, novo livro do escritor e jornalista Frederico Feitoza, lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE Editora).

O thriller é um suspense que se passa na cidade nordestina fictícia de Exu-Mirim, onde começa a ocorrer um crescente desaparecimento de crianças e adolescentes da região. Os moradores que não se afinam com o padrão religioso da cidade passam, então, a ser suspeitos dos sumiços.

“Acho que a questão central do romance ‘para onde vão as crianças quando elas desaparecem’, que é algo pavoroso, tem uma inspiração mais imaginária. Vem do meu fascínio com folclores e histórias infantis como a do Flautista de Hamelin, o Bicho-papão, o Velho-do-saco, Caverna do Dragão!. Mas o que ilustra o seu pano de fundo vem muito dessa sensação de asfixia religiosa, que pode causar grandes estragos na vida principalmente dos mais jovens”, explica o autor.

Com 194 páginas, a obra é um alerta sobre os diversos fanatismos que vêm ocupando espaço na vida dos brasileiros. 

“‘Nós Não Vamos à Igreja’ é um pouco um manifesto sobre esse mal-estar. Dessa obsessão religiosa e sexista que vem martirizando o Brasil desde seu início e que parece estar com mais fôlego que nunca, na televisão, no congresso, nos bairros… Nesse sentido comecei a imaginar um microcosmos, uma vila no interior do Nordeste, num lugar longínquo, que não sei bem onde, talvez Piauí, nas fronteiras com Pernambuco e Ceará, onde esses conflitos pudessem tomar corpo entre pessoas e suas diferenças”.

Frederico Feitoza, que cresceu em Juazeiro do Norte (CE), mora, atualmente, em Berlim (Alemanha). O imaginário de sua infância no Nordeste o ajudou a compor o universo enigmático da trama policial. 

Na vila de Exu-Mirim, as personagens são representações vívidas de uma sociedade em conflito. Destacam-se a destemida protagonista, a adolescente Lina, seu namorado, o estigmatizado Nilsinho Galeroso, o professor Belchior Vicente, melhor amigo de Pazuza, a travesti que desafia estigmas, e o pastor radical Malaquias, da Igreja do Reino Unido do Profeta Isaías, cuja liderança religiosa impõe temor e obediência, e sua escudeira Euzébia Damasceno (avó de Lina). 

Cada uma dessas personagens carrega cicatrizes emocionais que se entrelaçam com o tecido social da vila, criando camadas de complexidade que prendem o leitor do início ao fim.

Capa de Capa de "Nós Não Vamos à Igreja", de Frederico Feitoza | Imagem: Reprodução

“Eu gostaria que o livro fosse lido por todos, incluindo cristãos, católicos e evangélicos. Penso que muitos leitores irão somente se divertir, alguns vão conseguir adivinhar o que está acontecendo, a razão das crianças estarem desaparecendo, outros vão se surpreender ou se chocar com o desfecho, e talvez alguns venham a entender que o livro cumpre uma função importante que é tentar nos acordar do sono fanático. A beleza do pensamento crítico, a elegância de se conseguir pensar por si, fora dos dogmas, protegidos dos clichês, são o que quero celebrar com a minha escrita”, acrescenta Frederico Feitoza.

“Em 'Nós Não Vamos à Igreja', temos um thriller pop e regional, crítico e envolvente. Frederico Feitoza parte de personagens que parecem exagerados — talvez como tipos contemporâneos — para criar uma narrativa irônica, saborosa e intrigante, em que a cidade de Exu-Mirim e as pessoas retratadas, em seus preconceitos, desejos e ousadias, são tão fascinantes quanto o mistério em si”, destaca o editor da Cepe, Diogo Guedes.

Com informações da assessoria de imprensa
 

Veja também

Newsletter