'Nos Tempos do Imperador' estreia com trama sobre Dom Pedro II
Escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, novela é a primeira da Globo totalmente inédita desde a pandemia
Após narrar a luta pela independência do Brasil em “Novo Mundo” (2017), os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão retratam o período de governo de Dom Pedro II. Primeira novela completamente inédita da Globo desde o início da pandemia, “Nos Tempos do Imperador” estreia nesta segunda-feira (9), na faixa das 18h, com Selton Mello na pele do segundo e último monarca brasileiro.
“Logo no final de ‘Novo Mundo’, a Globo solicitou uma continuação falando de Dom Pedro II, que já era o nosso desejo. A diferença dessa nova trama é que já existe um Brasil mais definido. São poucos personagens estrangeiros e a gente pode falar dos brasileiros de fato”, comentou Thereza Falcão em coletiva de imprensa realizada virtualmente.
A novela estava inicialmente prevista para iniciar no primeiro semestre de 2020, substituindo “Éramos Seis”. Com a crise sanitária global, no entanto, as gravações precisaram ser interrompidas e a estreia foi adiada. “Pela primeira vez, vamos entregar uma novela praticamente toda pronta. É uma experiência muito nova para todos nós e não sabemos qual será o resultado disso”, confessou Alessandro.
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As gravações de “Nos Tempos do Imperador”, ambientada no século XIX, foram retomadas em novembro e devem ser encerradas em breve. Durante esse período, a equipe envolvida precisou lidar com uma nova rotina de protocolos para evitar a transmissão do coronavírus.
“Foi difícil não só pelas questões práticas no set, mas também pelo impacto que teve na dramaturgia. Uma novela das 18h precisa de romance e a gente teve que restringir bastante as cenas com contato físico. Foi um desafio grande para a direção, mas também para os autores, que precisaram entender quais eram os momentos imprescindíveis”, contou o diretor artístico Vinícius Coimbra.
Longe das novelas após mais de 20 anos, Selton Mello diz estar descobrindo aos poucos quem foi Dom Pedro II. “Quando li os primeiros capítulos, fiquei muito intrigado. Gostei muito do que estava nas entrelinhas. Era um personagem que me deixava muito encafifado com o que ele estaria pensando ao dizer certas coisas. A Tereza e o Alessandro seguiram essa pegada de levantar mais perguntas do que respostas, cumprindo o papel importante da arte de levar entretenimento e informação, favorecendo a imaginação do telespectador e a curiosidade histórica”, apontou.
A trama mostra o trabalho de Pedro pelo progresso do Brasil, bem como seus conflitos políticos, incluindo o que desencadeou a Guerra do Paraguai. Também é revelado o lado humano do monarca, que vive um casamento arranjado com Teresa Cristina (Leticia Sabatella), mãe de suas filhas: Leopoldina (Melissa Nóbrega/ Bruna Griphao) e Isabel (Any Maia/ Giulia Gayoso). Ao conhecer Luísa (Mariana Ximenes), a Condessa de Barral, ele se vê arrebatado por uma paixão proibida.
Em paralelo, o folhetim traz como casal romântico Pilar (Gabriela Medvedovski) e Samuel (Michel Gomes). Ela enfrenta o próprio pai, um rico fazendeiro, para seguir o sonho de ser médica. Enquanto isso, ele foge da vida de escravizado para lutar pela liberdade de outros homens e mulheres. O caminho dos dois se cruza, mas esse amor vai precisar vencer a fúria de Tonico (Alexandre Nero), futuro candidato a deputado pela Bahia e prometido em casamento a Pilar.
Chegando ao Rio de Janeiro, Samuel encontra refúgio na região conhecida como Pequena África, reduto de negros livres e fugitivos que precisam de proteção. O racismo é um tema presente na trama e que se conecta aos dias atuais. “De alguma forma, tentei levar para a cena um sentimento que sempre carreguei na vida também. Levei todas as minhas dores e sofrimentos. São histórias dos nossos ancestrais e que eu vivo até hoje. Moro em um bairro onde, por exemplo, todas as vezes que eu ando de moto eu ‘tomo uma dura’ muito cruel, até que alguém desconfie que sou uma pessoa pública”, relatou Michel.
Alguns personagens de “Novo Mundo” poderão ser revistos em “Nos Tempos do Imperado”. Os pequenos Quinzinho e Vitória ressurgem já adultos, interpretados por Augusto Madeira e Maria Clara Gueiros. A grande expectativa, no entanto, é pelas presenças de Guilherme Piva e Vivianne Pasmanter, que retomam os papéis de Licurgo e Germana. Mesmo octogenária, a dupla de trambiqueiros ainda promete aprontar bastante.
“Não tinha como imaginar essa história sem a presença deles, pelo menos por um tempo. Eles ganharam um espaço gigante em ‘Novo Mundo’, conquistando as pessoas. Além disso, têm tudo a ver com o Brasil, que é o personagem principal dessa trama”, afirmou Thereza Falcão.

