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Oruam, filho do traficante Marcinho VP, tatua rosto do pai: "Minha família, amo mais que tudo"

Elias Maluco, a quem o cantor chama de "tio", também foi contemplado pela homenagem, feita no peito e na barriga

Oruam mostra tatuagem que fez para o pai, no peitoOruam mostra tatuagem que fez para o pai, no peito - Foto: Reprodução

Do lado esquerdo do peito, além do coração, o cantor de trap Oruam agora também tem o rosto de seu pai, Márcio dos Santos Nepomuceno, tatuado. A imagem deu o que falar nas redes sociais na quarta-feira, porque o homenageado é um conhecido traficante carioca, conhecido como Marcinho VP, principal nome da maior facção do Rio. Outro criminoso eternizado na pele de Oruam é Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, encontrado morto no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, em 2020, a quem Oruam chama de "tio".

"Olha o chefe, meu chefe, Marcinho: esse daqui é o meu pai" apontou Oruam, que em seguida mostrou as tatuagens da barriga: — "Esse daqui é o meu tio, Elias Maluco, e esse daqui é o meu primo Raul (filho de Elias)".

Oruam compartilhou uma foto no Instagram na quarta-feira, em que mostrava que tatuou todo o lado esquerdo do corpo, do pé até o ombro. A imagem gerou repercussão e fez com que o cantor usasse as redes sociais novamente para rebater. "Minha família, amo mais que tudo".

A publicação teve quase um milhão e meio de visualizações, com mensagens de apoio, como a do MC Poze do Rodo. "Não liga, Não rebate, Não dá ideia", disse Poze, que completou aconselhando para Oruam "deixar eles para lá".

Aos 22 anos, Oruam — nome artístico do trapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno — coleciona 6,8 milhões de ouvintes mensais em uma das maiores plataformas de áudio. O sucesso se estende ao Instagram, rede em que tem 5,6 milhões de seguidores.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Marcinho VP e Elias Maluco
Nascido em Vigário Geral, Marcinho VP mudou-se ainda bebê para São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O pai foi assassinado pouco depois, e a mãe foi presa quatro vezes, fazendo com que ele e três irmãos acabassem sendo criados por uma tia.

Em um livro de memórias escrito na cadeia, o criminoso conta que começou a roubar aos 13 anos, "para comprar roupas de marca". A ascensão veio rápido, e ele logo transformou-se no "dono" do Complexo do Alemão, conjunto de favelas na Zona Norte da capital e um dos interpostos de droga mais importantes do Rio.

As condenações de Márcio, por tráfico de drogas e por homicídios, somam 44 anos de prisão. Um dos crimes creditados a ele é a morte do comparsa Márcio Amaro de Oliveira, curiosamente também conhecido como Marcinho VP. Amaro foi encontrado estrangulado em uma lata de lixo no presídio de Bangu 3. A execução teria sido motivada por entrevistas dadas pelo bandido revelando detalhes do funcionamento do tráfico no Rio.

Em 2021, Marcinho foi visitado pelo então secretário estadual de Administração Penitenciária (Seap), Raphael Montenegro, que foi preso em agosto daquele ano, que disse ao traficante que ele era "mais importante do que o secretário de Segurança Pública".

Já Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, foi encontrado morto no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, em 2020. Condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, Elias Maluco estava em presídio federal de segurança máxima desde 2007, quando foi enviado o primeiro grupo de presos do Rio, integrantes da maior facção criminosa do estado, para Catanduvas. Desde então, ele passou por outras unidades, como a de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em 2017, ele retornou para o presídio no Paraná.

Chamado de "tio" por Oruam, Elias Maluco era comparsa de Marcinho VP. No entanto, meses antes de morrer, uma desavença entre os dois fez com que Elias perdesse espaço dentro da facção, conforme mostrou O Globo à época.

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