"Os Afro-Sambas": documentário da Max resgata parte importante da memória musical brasileira
Filme, disponível na plataforma de streaming, conta história da construção do álbum de 1966, que uniu Vinicius de Moraes e Baden Powell
“Os Afro-Sambas: O Brasil de Baden e Vinicius”, documentário que estreou nesta semana na Max, resgata a história do revolucionário álbum lançado em 1966. A partir de um rico material de arquivo e de entrevistas, o filme traz os detalhes por trás do encontro artístico de dois gênios da música brasileira.
A produção foi dirigida e roteirizada pelo cineasta Emilio Domingos, que comandou outros trabalhos de resgate da memória musical brasileira no audiovisual, como “Black Rio! Black Power!”, sobre os bailes de soul dos anos 1970 e o movimento Black no Rio de Janeiro.
O cineasta aponta “Os Afro-Sambas” como um clássico que não alcançou sucesso de vendas na época em que foi lançado, mas influenciou profundamente a música brasileira. “Ele apontou para novos caminhos, principalmente ao trazer a musicalidade do candomblé e da capoeira. Quando dois músicos oriundos da bossa nova jogam luz sobre esses elementos, isso mexe com as estruturas”, apontou Emilio.
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Para demonstrar a importância do disco e desvendar os bastidores da sua criação, o diretor ouviu muita gente, incluindo artistas como Maria Bethânia, Nelson Motta, Jards Macalé, Dori Caymmi e Russo Passapusso. Cynara Faria, uma das fundadoras do Quarteto em Cy, grupo vocal que participou da gravação original do álbum, é outra participação de peso, assim como os familiares de Vinicius de Moraes e Baden Powell.
“Uma das coisas importante era mostrar que eles fizeram esse trabalho com grande esforço. Foi um processo de dedicação e imersão, no qual eles abriram mão de muita coisa. Um disco como esse - gravado em três dias e no meio de uma inundação - acaba sendo uma aventura particular. Para além da história do álbum, é a trajetória dos dois para a produção desse disco”, explicou.
Entre os desafios encontrados na construção do longa-metragem, Emílio acredita que conseguir encontrar o fio da meada da narrativa foi o maior deles. “É um universo muito vasto. A gente tinha um pré-roteiro bem maduro e fomos ajustando a partir do que ouvíamos das pessoas. Fomos aprendendo ao longo do percurso e incorporando isso ao filme”, comentou.
O documentário foi filmado entre São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, mas traz ainda um vasto material de arquivo da época, incluindo imagens inéditas. “Conservar a nossa memória audiovisual é um grande desafio para o cinema brasileiro. Ao fazer um filme como esse, a gente acaba tendo um trabalho quase de arqueologia para achar esse material. É muito importante valorizar as pessoas que fizeram e as que conservaram esses registros, lugares como Cinemateca Brasileira, o Arquivo Nacional, o CTAV e a Fundação Joaquim Nabuco”, destacou.
Idealizado pela Rinoceronte Entretenimento, em coprodução com a Warner Bros. Discovery, o filme passou pelo Festival do Rio e In-Edit (Festival Internacional do Documentário Musical) antes de estrear no streaming. Renata Leite e Diogo Pires Gonçalves assinam como produtores.

