Pedro Sampaio conta que mandou DM para Rosalía e rebate críticas
O artista fala sobre o lançamento do projeto ''Sequências'', os planos para o Carnaval 2026 e o encontro com a cantora no Rio
"Em breve vai ter Pedro só para baixinhos também, então vai ter para todo mundo, inclusive. Vou começar uma turnê nos asilos." É assim, cheio de humor e ironia, que o DJ e produtor Pedro Sampaio responde às críticas ao single "Sequência Cunt", considerado o carro-chefe de seu novo EP, ''Sequências''.
Apesar da boa performance nos charts, parte do público dele se manifestou nas redes sociais de maneira contrária ao lançamento, dizendo que o artista estaria deixando de produzir músicas para o público hétero em busca de captar o público LGBT:
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— Eu acho que é um pensamento limitado, a música não tem fronteira, a música é para todo mundo. Se você gosta daquilo, você vai ouvir, independentemente da sua sexualidade, do seu gênero, da sua cor, enfim.
Na quinta-feira (11), Pedro subiu de surpresa no palco da Bapho (casa noturna de São Paulo) durante o show da dupla Irmãs de Pau, composta por Isma e Vita Pereira, para apresentar pela primeira vez ao vivo "Sequência Cunt".
Com uma estética ligada ao movimento LGBTQIAPN+ e à cena ballroom, difundida na década de 90 através de produções como "Paris is Burning", a música exalta a personalidade cunt, que, no bom e velho português, seria aquela pessoa que entrega ousadia, estilo e beleza no baile, sem medo de ser quem é.
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Tendo colaborado com artistas como Anitta, J Balvin, Luísa Sonza, Pabllo Vittar, MC GW, Marina Sena e MC Pedrinho, Pedro revela que plantou algumas “sementes” de colaborações internacionais que serão “colhidas” no próximo ano.
Sobre o seu encontro com Rosalía em novembro, durante a listening party da cantora no Cristo Redentor, ele faz mistério e diz que os dois conversaram sobre funk e que presenteou a artista espanhola com um brinco de uma marca nacional “para que ela levasse um pouquinho do Brasil também nos ouvidos, não só na música”.
E o que os fãs do DJ podem esperar para o carnaval de 2026? Segundo o próprio artista, a maior temporada de toda a sua carreira. Em 2025, Pedro ficou de fora das celebrações por conta de uma lesão no joelho, agora, ele prevê 14 shows em cinco estados do Brasil:
— Tenho fome de carnaval.
Leia a entrevista a seguir.
Você ganhou pela segunda vez o prêmio de funk do ano no Prêmio Multishow. A primeira vitória foi com ‘Joga pra Lua’ em 2024, e a segunda com ‘Bota um funk’. Como você está se sentindo com essa conquista?
Pelo segundo ano consecutivo a vitória foi com a Anitta e, dessa vez, com o [MC] GW, que é um grande parceiro meu… A gente se deu superbem criando junto, tivemos resultados excepcionais e acho que o principal, no meu caso, é fazer música me divertindo. No final, o público sente essa mesma sensação quando escuta o resultado da canção… E levamos o funk do ano! Acredito que eu sou mais um soldado do movimento do funk e da música brasileira, que luta para fazer com que o ritmo seja mais valorizado no nosso próprio país e também levar ele para fora do Brasil.
Você lançou recentemente o DJ Set ‘Sequências’, que abre com a música ‘Sequência Feiticeira’ e fecha com ‘Sequência Cunt’, e que funciona como um grande mix de músicas antigas e novas. Depois de tantos hits e parcerias de sucesso, como você decide o que entra e o que sai do set?
Eu vou sentindo muito o público. Não tenho um setlist pronto para o show. Tem alguns lugares que eu toco algumas músicas que são mais o meu lado B, outras que são mais comerciais, e assim eu vou sentindo e vou fazendo um show mais personalizado para cada lugar.
Em 2009, Madonna revelou que não aguentava mais escutar a música ‘Like a Virgin’ (1984), de tanto que tocava nas rádios e em lugares públicos. Você tem esse sentimento com alguma música do seu set?
Por ser DJ, quando começo a enjoar de uma música, faço um remix. Aí ela fica fresh (fresca) de novo. Então, por exemplo, "Vai menina", que é uma música bem antiga, quando eu toco no show hoje é em um formato totalmente diferente da original, que me dá uma sensação de que ela está rejuvenescida. Então não cansa muito.
As músicas ‘Perversa’ e ‘Sequência Feiticeira’ hitaram muito no TikTok. O quanto as redes sociais ditam o seu processo criativo?
Gosto de falar que meu principal superpoder é ser DJ e produtor. E devido ao rumo que a minha carreira tomou, por cantar também, esse meu lado ficou mais nos bastidores. Então a ideia foi criar um projeto onde pudesse me posicionar apenas como DJ e produtor, sem cantar, e por isso surgiram parcerias com o MC GW e com tantos outros cantores e MC’s. Não era para ser um álbum, só que aí as músicas foram acontecendo e tomando tamanhos cada vez maiores, até chegar em "Feiticeira" [com J Balvin], onde a gente ficou no Top 2 [de músicas mais tocadas] no Brasil. Claro que as redes sociais são importantes, mas, no final do dia, é muito sobre conexão. Ninguém se sente incentivado a criar um conteúdo com uma música se ela não te conecta de alguma forma, se não te faz dar risada, se não te dá vontade de dançar.
Na quinta-feira (11), você fez a primeira apresentação ao vivo de ‘Sequência Cunt’ com as Irmãs de Pau (Isma e Vita), Tasha Kaiala e Clementaum em São Paulo. As Irmãs despontaram nas plataformas de streaming este ano com o lançamento do ‘Gambiarra Chic part.2’, mas, quase em seguida, elas anunciaram um hiato do duo. O que te levou a reunir todo mundo nesta track?
No processo de criação do álbum, eu senti a necessidade de trazer novos artistas da cena e artistas com quem eu ainda não tinha colaborado. As Irmãs de Pau para mim sempre foram uma dupla disruptiva e importante para o movimento [LGBTQIAPN+]. Então eu fiz um convite e mandei um direct (mensagem privada), é assim que eu faço geralmente, eu mando um direct. E dali, elas responderam e a gente criou um grupo no Whatsapp chamado ‘Irmãs e Pedro’, onde todo mundo compartilhava algumas ideias.
E quanto tempo levou para a produção de tudo?
Na construção de ‘Sequência Cunt’ eu fiz uma imersão na cultura ballroom, que é tão rica. E aí me deu uma ideia de trazer uma host para a música. A host na cultura ballroom é aquela que fica com o microfone falando, é como se fosse a MC do baile. Ela fala das notas dos jurados e dita o ritmo. As Irmãs indicaram a Tasha Kaiala. Eu já tinha a batida, a ideia e mandei. Ela me retornou com coisas incríveis, eu fiz o meu garimpo e escolhi as melhores partes. A cereja do bolo veio com a Clementaum, a que grita “Vai DJ mais forty”. Ela gravou essa voz há um ano atrás, estava disponível na internet, eu acrescentei na faixa e mandei mais um direct dizendo “ó usei sua voz”. Acho que tudo durou dois meses. Não existe tamanho de artista ou tamanho de carreira, se a gente estiver conversando e alguma coisa que você falou ou postou me chamar atenção, eu vou colocar e você vai estar com a gente no projeto.
Parte da recepção do público foi boa, mas teve gente que comentou nas redes sociais “ele deixou de fazer música hétero e agora quer fazer para LGBT”. Para você, existe uma régua de “agora isso é para LGBT e isso não é”? Como você encara esses posicionamentos?
Eu encaro dizendo que em breve vai ter Pedro só para baixinhos também, então vai ter para todo mundo inclusive. Vou começar uma turnê nos asilos, então vai ter para todo tipo de gente, tô brincando [risos]. Eu acho que é um pensamento limitado, a música não tem fronteira, a música é para todo mundo. Se você gosta daquilo, você vai ouvir, independentemente da sua sexualidade, do seu gênero, da sua cor, enfim. Eu sempre fiz música pensando no todo e não individualmente. Eu não rotulo ou etiqueto música pelo gênero e sexualidade.
No YouTube, você intitulou o set ‘Sequências’ como o primeiro de uma série. Você tem planos de transformar isso em algo maior, como, por exemplo, os ‘Ensaios da Anitta’ e o ‘Numanice’?
Acho que você tá me dando uma ideia boa agora, quer entrar como sócia? [risos]. De fato, eu coloquei como ‘sequência um’ porque eu quero dar continuidade, eu acho que até o feedback do público pede isso também. Mas já tenho uma vida muito saudável de shows, com uma demanda até que intensa… Mas próximos álbuns com certeza, com sequências 2 e 3.
Em agosto, você afirmou que tem planos de se casar com o seu namorado (Henrique Meinke), esses planos ainda continuam de pé?
A gente faz planos, mas nunca é uma certeza. Eu acho que todo relacionamento caminha com o tempo e vai tendo modificações, vai traçando o seu próprio caminho. Mas agora, atualmente, a gente está muito focado. Ele começou a se desenvolver bastante no mundo da moda, fazendo croquis para personalidades da música e do mercado digital. E o final do ano para mim também é muita loucura, é verão, é carnaval, somos os artistas mais procurados neste período. Não estamos falando muito sobre esse lugar do casamento.
No álbum ‘Astro’, você lançou o single ‘Fama’, com a Luísa Sonza, com o intuito de falar sobre a sua relação com o sucesso e como a fama em si pode ser muitas vezes traiçoeira e mexer com a sua cabeça. De lá para cá, neste último ano, você sentiu que a sua relação com a fama mudou?
Olha, eu me sinto muito mais preparado, confortável e seguro. Eu comecei a minha carreira jovem, ainda sou muito jovem, mas esses anos que eu tenho de carreira me ensinaram bastante. Os amigos que eu fiz nesse mundo também me ajudaram muito. Eu acho que uma das coisas principais é a minha conexão com a minha família, hoje eu moro com a minha mãe, com o meu pai e com a minha irmã, é uma coisa que eu não abro mão. Eu sou uma pessoa que viaja muito, então eu gosto de voltar para casa e ter o meu lar, sabe?
Depois de tantos shows, conquistas, prêmios e viagens, o que te motiva hoje?
Eu tenho vontade de muita coisa, vamos ter que estender a entrevista [risos]. Tenho vontade de recuperar 100% o meu joelho, eu tô nesse foco. A minha dedicação na alimentação, no exercício físico, na disciplina.. isso mudou a minha vida. Quero continuar ajudando a minha família, então, por exemplo, os meus avós, eu tive a felicidade de trazê-los pra perto de mim, para vir morar no Rio de Janeiro, melhorando a vida deles. Também quero conquistar mais espaços fora do Brasil. A gente começou a dar esses passos de forma calma, consciente e inteligente. Acho que isso vai ser percebido pelo público no ano que vem. A gente tá preparando o terreno para colher algumas sementes que plantamos esse ano.
Você comentou sobre essas parcerias internacionais e, no final de novembro, você compareceu na listening party da cantora Rosalía no Rio de Janeiro. Os fãs podem esperar algum feat inspirado na nova era mais ‘clássica’ da cantora?
Pelo histórico musical dela você entende que ela também gosta de se aproximar muito da cultura, utiliza sons orgânicos, e o funk tem muito disso. Quando eu tive a oportunidade de conversar com ela na listening party, eu falei muito sobre o funk brasileiro e presenteie ela com um brinco de uma designer brasileira, para que ela levasse um pouquinho do Brasil também nos ouvidos, não só na música. Falei para ela que ia mandar algumas batidas, e ela falou “me manda”, mas a gente sabe como funcionam essas conversas, são conversas rápidas que não têm muito compromisso, mas é a história da semente que eu falei: a gente planta e vai buscando oportunidade para depois colher.
E quanto ao gênero, você pretende se arriscar em outras sonoridades?
É uma coisa que eu tenho muito tesão em fazer: misturar a cultura do nosso país com outras culturas. Eu adoro isso. Tem muita coisa que eu faço dentro da minha própria casa que eu nem lanço e que ninguém nem sabe. Eu gosto de misturar o funk com música indiana, com música grega… E estou sempre experimentando ali no meu laboratório.
No início da entrevista você comentou que manda muita DM (direct message ou mensagem direta, no português) para os artistas quando quer colaborar musicalmente. Você chegou a mandar uma também para a Rosalía?
Ela nunca me respondeu, mas eu mandei [risos].
Entre tantas inspirações, quais são os artistas que mais tocaram na sua playlist em 2025?
Eu tenho ouvido muito pop internacional dos anos 2010. Então acaba que eu começo a ter uma retrospectiva cheia de David Guetta, de Black Eyed Peas. Eu acho que as ‘Sequências’ têm um pouco dessa estética, com esse instrumental mais eletrônico, mas sem perder a essência do funk.
O que os fãs podem esperar para o Carnaval de 2026?
Vai ser o maior carnaval da minha carreira, não só em relação à demanda de shows, mas também à performance no palco. A gente chama o meu carnaval de ‘CarnaSampaio’, então a gente se prepara bem para ele fisicamente, mentalmente, estrategicamente, midiaticamente.
Quais são os estados que já estão confirmados no circuito do CarnaSampaio?
Serão cinco estados e 14 shows. Vão ser quatro trios, eu nunca fiz tanto trio em um carnaval. Trio é muito diferente de show, são horas e horas ali em cima, é uma coisa que eu amo fazer.

