Saiba quem é o diretor de Hollywood condenado a pagar R$ 10 bilhões em processo por agressão sexual
Homem nega acusações; cada uma das mulheres será indenizada em US$ 42 milhões aproximadamente R$ 247 milhões, na cotação atual
Um júri em Nova York concedeu US$ 1,7 bilhão em indenizações a 40 mulheres que processaram o ex-diretor e roteirista de cinema James Toback por acusações de agressão sexual, segundo os advogados das autoras do processo.
Toback, de 80 anos, vinha se defendendo da ação há alguns anos, mas recentemente abriu mão do caso por alegados problemas de saúde. Ele nega as acusações contra ele.
Quem é James Toback?
James Toback é um ex-diretor e roteirista de Hollywood, conhecido por escrever o filme Bugsy (1991) e dirigir The Pick-up Artist (1987). Ele era uma figura proeminente na indústria cinematográfica, mas sua reputação foi destruída após diversas acusações de agressão sexual.
Leia também
• Jogador de time da primeira divisão espanhola é acusado de agressão sexual por funcionária
• Astro de 'Round 6', Oh Yeong-Su é condenado à prisão por assédio sexual; saiba mais
• Paul Schrader, roteirista de 'Taxi Driver' e 'Gigolô Americano' é acusado de assédio sexual
Ele foi processado por 40 mulheres que alegam que ele as abordava em público, prometia oportunidades de atuação e, em reuniões privadas, cometia abusos. As denúncias contra ele surgiram especialmente a partir de 2017, durante o movimento #MeToo, quando um artigo do Los Angeles Times o expôs como um assediador em série.
Toback negou todas as acusações, afirmando que não conhecia as vítimas ou que, se as encontrou, foi por um curto período. Ele chegou a se defender pessoalmente no tribunal, mas alegou problemas de saúde e abandonou o caso. Atualmente, ele se declara falido, e não está claro quanto do valor ele poderá pagar.
Em janeiro, um juiz emitiu uma sentença à revelia contra ele, e um julgamento foi realizado para determinar quanto dinheiro Toback deveria pagar a cada autora do processo. Na quarta-feira, os jurados chegaram ao valor de US$ 42 milhões (aproximadamente R$ 247 milhões) para cada uma, segundo Brad Beckworth, um dos advogados das mulheres.
As acusações das mulheres abrangem o período do final dos anos 1970 até meados dos anos 2000. Questionado por mensagem de texto na quinta-feira, ele se recusou a comentar. Durante o processo, ele chegou a se representar no tribunal, incluindo interrogando pessoalmente algumas das acusadoras, mas, no ano passado, alegou que problemas de saúde persistentes dificultavam sua defesa.
Beckworth afirmou que, durante o julgamento de uma semana realizado na Suprema Corte do Estado de Nova York para determinar as indenizações, os jurados ouviram os relatos das 40 mulheres, seja por depoimentos ao vivo ou em vídeo. Toback não esteve presente no tribunal.
Uma das autoras do processo, Marianne Hettinger, declarou em documentos judiciais que, em 1988, quando tinha cerca de 25 anos, Toback a abordou na rua, dizendo que queria escalá-la para um filme. Para provar que era cineasta, mostrou seu cartão da Directors Guild of America. No encontro em seu apartamento, segundo os autos, ele a segurou à força enquanto se masturbava, forçando-a a tocar seu pênis e esfregando-se nela, alegando que esse era seu “processo” como diretor.
Outra autora do processo, Mary Monahan, relatou uma experiência semelhante. Nos anos 1990, Toback a abordou na rua em Nova York e a convidou para um teste de elenco para seu próximo filme. No encontro, segundo os documentos, Monahan tirou a roupa após Toback solicitar, chamando isso de um “exercício de confiança”. A ação judicial afirma que ele então se esfregou nela até ejacular.
— Este veredicto é mais do que um número — é uma declaração. Nós não somos descartáveis. Nós não somos mentirosas — disse Monahan, após o veredito
Em 2017, pouco depois das denúncias de abuso sexual contra Harvey Weinstein virem à tona, acusações de assédio sexual contra Toback foram publicadas pelo Los Angeles Times. Na época, ele disse ao jornal que nunca havia conhecido as acusadoras ou que, se tivesse, “foi por cinco minutos e não se lembrava”. Mais tarde, em uma entrevista desafiadora à Rolling Stone, quando confrontado com acusações específicas, respondeu:
“Essas são pessoas que eu não conheço, e são coisas que eu nunca faria. Simplesmente não vale a pena falar sobre isso. É idiota”.
Em 2018, promotores de Los Angeles disseram que não apresentariam acusações contra Toback em cinco casos de abuso sexual porque o prazo de prescrição havia expirado.
O processo em Nova York contra Toback foi movido após a aprovação da Adult Survivors Act, legislação estadual que deu às vítimas a oportunidade de processar por abuso sexual mesmo que o prazo de prescrição já tivesse passado. A ação incluiu acusações de 45 mulheres, mas cinco desistiram antes do julgamento.
Inicialmente, o Harvard Club of New York City também era réu no processo, pois cinco mulheres alegaram que Toback as havia agredido sexualmente dentro do clube. O processo acusava o clube, que cancelou a associação de Toback em 2017, de permitir que os abusos ocorressem “sem controle” por décadas. O clube negou a acusação, e as autoras do processo o removeram como réu no ano passado.
No ano passado, Toback tentou adiar significativamente o processo devido a problemas de saúde, mas não teve sucesso.
“O esforço para levar este caso adiante, apesar da minha impossibilidade de comparecer para me defender, vai contra qualquer conceito básico de justiça”, escreveu ele em um documento judicial de junho de 2024.
Beckworth explicou que o júri concedeu às vítimas US$ 280 milhões (R$ 1,6 bilhão) em indenizações compensatórias pelo sofrimento causado e US$ 1,4 bilhão (R$ 8,2 bilhões) em danos punitivos, que exigem uma conduta considerada “imprudente e maliciosa”. O próximo passo será avaliar os bens de Toback.
— Vamos tentar conseguir para essas mulheres o máximo que pudermos — concluiu Beckworth.

