Sáb, 06 de Dezembro

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Música

Silva celebra a carreira com trabalhos que fogem da sua zona de conforto

Em entrevista para a Folha de Pernambuco, Cantor capixaba fala da sua trajetória na música

Cantor Silva Cantor Silva  - Foto: Manoella Mariano/Dilvulgação

Aos 34 anos, a voz do capixaba Silva é como um sopro leve em meio a algum conflito, seja do barulho da rua ou do caos emocional. Da melodia suave, que se encaixa ao seu timbre calmo, às batidas ritmadas de um bloco de Carnaval, lá está ele surfando em ondas que o colocam na nova geração da música brasileira, com bagagem à altura dos mais de dez anos de carreira.


Contato com o público
Silva, que no último final de semana esteve no Recife para comandar a festa de 10 anos da Odara Ôdesce, reforçou as memórias que tem da Cidade cada vez mais interessada no seu trabalho. Razão para só neste ano ter se apresentado por aqui mais de uma vez. “Fico lisonjeado com o carinho que recebi do público recifense e de uns tempos pra cá tenho sentido os shows cada vez mais calorosos. Isso me deixa feliz, pois admiro muito a riqueza cultural de Pernambuco, a música, a literatura, as artes visuais. Muita riqueza”, resume, em entrevista exclusiva para a Folha de Pernambuco.

Nos palcos, o artista vem celebrando uma escalada crescente. Tanto que, nessa última década, só tirou férias uma única vez e foi há pouco, em agosto. O resto do tempo foi dedicado à música, percorrendo caminhos que não eram tão confortáveis assim, na clara intenção de se desafiar.

Estilo musical definido?
Com trabalhos que passeiam pelo pop, indie e MPB, é até difícil definir qual estilo lhe cabe mais. “Quando alguém me faz essa pergunta eu geralmente digo ‘eu toco música brasileira’. É claro que isso não descreve exatamente o que é minha música, mas acho que isso é um reflexo do nosso tempo. Às vezes me acho MPB demais pra ser pop e outras vezes pop demais pra ser MPB” (sic), diz.

Alguns dos seus projetos se fixaram na memória do público, tornando-se cartões de visita para novos fãs. Leia-se o álbum “Silva canta Marisa” (2016), dedicado à releitura das músicas de Marisa Monte e nas parcerias feitas com Anitta, Ludmilla e Ivete Sangalo - essa uma grande representante do seu flerte com o axé.

“Lá no começo eu bebia mais das fontes estrangeiras, apesar de ter sempre comigo um senso melódico e harmônico brasileiro. Depois fui achando mais bonito buscar inspirações nas raízes da nossa música. Também tive uma fase apaixonadíssimo por R&B, reggae e jazz. Música rege meu humor, minha motivação e por isso tenho minhas fases. Hoje tô adorando pesquisar mais a música latina, a nova e principalmente a clássica”, resume.

Sem medo das emoções
Em comum a essas fontes está a emoção facilmente captada por Silva, do jeito que um bom canceriano gosta. Na hora de apontar o trabalho que mais o emociona, ele lembra de uma gravação para o álbum “Brasileiro” (2018). “Ela se chama ‘Prova Dos Nove’ e foi composta pelo compositor pernambucano Dé Santos. Quando a ouvi pela primeira vez eu logo disse: quero gravar! É essa!”, lembra.

Multi-instrumentista e com base familiar religiosa, ele vem experimentando sonoridades que o livram do tédio. “Eu tenho muita dificuldade e me entedio fortemente se caio numa repetição musical eterna. Então acredito que lidar com o novo faz bem pra nossa cabeça. Arriscar faz a gente aprender, crescer e continuar empolgado com a própria carreira, com a própria música”, conta. Um processo, até certo ponto, desafiador para alguém tímido. 

“Acho que vou ser sempre um pouco, mas já enfrentei tanto os meus limites que hoje uso isso a meu favor. Tem gente que ganha na ousadia, tem quem ganhe no sedução, dá pra fazer de muitos jeitos. Pra mim, a coisa mais importante é fazer música com emoção e naturalidade”, conclui.

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