Um dia dedicado a celebrar a alegria do samba
Dia Nacional do Samba e Dia Municipal do Samba são comemorados neste sábado (2), com shows no Pátio de São Pedro
"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça, ou doente do pé", diz a letra de "O Samba da Minha Terra", de Dorival Caymmi. E é pelo amor a este gênero musical que também fincou raízes em Pernambuco que um grupo de artistas pernambucanos se reúne há exatas duas décadas. Pelo Dia Nacional do Samba e pelo Dia Municipal do Samba, que ajudaram a criar em 2012, um grupo liderado por Antônio José de Santana, mais conhecido como o sambista Belo Xis, 69 anos, sobe ao palco do Pátio de São Pedro, na noite deste sábado (2).
A concentração é a partir das 18h, na Praça da Indenpendência, no Centro do Recife, saindo em direção ao Pátio, onde foi montada estrutura com apoio da Prefeitura do Recife. O microfone vai estar aberto para quem quiser chegar e se apresentar, cada um cantando duas ou três músicas. E os artistas também irão vender seus CDs e DVDs. Os representantes da velha guarda do samba pernambucano marcam presença, ao lado de novos talentos.
Além do veterano Belo Xis, fazem parte do grupo os sambistas Maria Pagodinho, Ramos Silva, Leno Simpatia, Luísa Pérola e Wellington do Pandeiro, entre outros, que batalham pelo ritmo o ano inteiro, em outros locais, como a Praça do Arsenal e a Rua da Moeda. No Pátio de São Pedro, a festa é realizada há 10 anos, mas começou 10 anos antes, nestes e em outros endereços da capital pernambucana.
Ramos Silva, Maria Pagodinho, Wellington do Pandeiro, Luísa Pérola, Leno Simpatia e Belo Xis: unidos pelo ritmo - Crédito: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
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A Lei Municipal do Samba existe desde 2012, feita por proposição do vereador Múcio Magalhães, ainda na gestão de João da Costa como prefeito. "Outra conquista foi o Polo do Samba durante o Carnaval. Era algo que não existia e passou do Livramento para a Rua da Moeda, onde estamos há cinco anos em 2018", comemora Luísa Pérola. "A estrela é o samba. Nós só fazemos o contexto", aponta ela.
Wellington do Pandeiro destaca a homenagem a Manoelzinho da Gigantes, compositor da Escola Gigantes do Samba e que já desfilou pela Mangueira, no Rio de Janeiro, e mora no bairro de Santo Amaro, onde movimenta a cena do samba o ano inteiro. "Ele é o nosso Nelson Sargento", elogia Wellington.
Belo Xis - para quem o Recife ainda é o terceiro polo de samba do Brasil - reconhece que o cenário artístico atual não é tão favorável quanto já foi um dia. "Até as escolas do Rio estão reclamando das verbas que cortaram", argumenta Belo, que ganhou este apelido do ex-ministro Gustavo Krause, num campeonato de futebol de botão.
Por outro lado, continua o veterano, o Recife ainda tem muitas casas boas de samba, que trazem os artistas nacionais para tocar aqui. Entre elas, citam Quintal da Boa Vista (que tem Leno Simpatia entre seus sócios), Cacique Bar, Manhattan Café Theatro, Marcellu's Bar (Cordeiro), O Barzinho (Bomba do Hemetério). Para Luísa Pérola, é importante frisar que os pernambucanos abrem os shows para os artistas nacionais nestas casas de shows da cidade, a exemplo de Jorge Aragão e Alcione.
Ramos Silva diz que nada mais justo do que se reunir e confraternizar a cada 2 de dezembro. "É pela necessidade de manter a chama acesa. A Lei Municipal do Samba foi importante para a Prefeitura [do Recife] ter um compromisso oficial com a gente, pois já fizemos várias edições do nosso próprio bolso", recorda Ramos.

