Ações de farmacêuticas caem após Trump prometer cortar preço dos remédios em até 80%
Presidente americano afirma que vai exigir que americanos paguem no máximo o valor cobrado em países que praticam os menores preços
O presidente Donald Trump disse que pretende determinar uma redução nos preços de medicamentos prescritos nos EUA, exigindo que os americanos paguem no máximo o mesmo que as pessoas nos países com os menores preços.
Trump afirmou que os preços dos medicamentos serão reduzidos em “59%, OU MAIS!” em uma postagem nas redes sociais nesta segunda-feira (12).
No fim de semana, Trump disse que assinaria uma ordem executiva em Washington para instituir o que chamou de política da nação mais favorecida. Embora não tenha fornecido detalhes sobre como o plano seria implementado, investidores começaram a avaliar as possíveis implicações para o maior mercado farmacêutico do mundo.
As ações de farmacêuticas americanas caíram antes da abertura regular do pregão em Nova York. A Eli Lilly caía 3,85%; a Pfizer desvalorizava 2,74%; já a Bristol-Myers Squibb cedia 2,22%, enquanto a Merck & Co recuava 2,62%.
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Farmacêuticas europeias como Novo Nordisk, Sanofi e AstraZeneca também desvalorizavam, contrariando o movimento de alta do mercado mais amplo. Já no Japão, o subíndice de farmacêuticas do índice Topix teve a maior perda diária desde agosto.
Trump disse que seu plano faria com que os EUA “pagassem o mesmo preço que a nação que paga o menor preço em qualquer lugar do mundo.” Ele previu que os preços dos medicamentos poderiam cair de 30% a 80% nos EUA. Trump afirmou ainda que os preços provavelmente subirão no resto do mundo para equalizar os valores e, pela primeira vez em muitos anos, trazer JUSTIÇA PARA A AMÉRICA!"
Poucos detalhes
Os americanos pagam os maiores preços do mundo por medicamentos, o que impulsiona a inovação e o crescimento da indústria farmacêutica. As farmacêuticas afirmam que mudar esse sistema cortaria receitas e sufocaria o desenvolvimento de terapias inovadoras com potencial para prolongar e melhorar vidas.
Trump citou o argumento da indústria, mas disse que isso significa que “os 'trouxas' da América acabam arcando com esses custos sem qualquer razão.”
O governo dos EUA já negocia preços de alguns dos medicamentos mais caros usados no plano de saúde Medicare, conforme previsto na Lei de Redução da Inflação, aprovada em 2022 sob o governo do ex-presidente Joe Biden, e mais medicamentos devem ser incluídos a cada ano. As duas primeiras rodadas de negociações não incluíram medicamentos administrados por médicos, mas a próxima pode incluir.
A postagem de Trump na Truth Social — precedida por outra em que prometia “uma das mensagens mais importantes e impactantes” que já havia publicado — não trouxe detalhes sobre a ordem.
Ele também não especificou quais os limites potenciais da política, como se ela se aplicaria apenas a programas governamentais como o Medicare (voltado para idosos e deficientes) ou o Medicaid (voltado para o público de baixa renda), se seria limitada a certos medicamentos ou categorias, ou se a Casa Branca vê uma forma de aplicá-la de forma mais ampla.
Embora ainda não esteja claro quais farmacêuticas serão afetadas pela ordem executiva, investidores estão mais preocupados com medicamentos de alto faturamento do Medicare Parte B e medicamentos voltados a grandes populações atendidas pelo Medicaid, segundo Jared Holz, estrategista de saúde da Mizuho Securities.
O bilionário gestor de fundos Bill Ackman sugeriu que Trump pode ter sido inspirado por uma ideia que ele publicou no X em março, quando disse que a melhor forma de reduzir os preços de medicamentos nos EUA seria tornar ilegal para as farmacêuticas venderem os mesmos medicamentos no exterior por preços mais baixos do que nos EUA.
No primeiro mandato, Trump propôs um programa piloto do Medicare para medicamentos sem concorrência de genéricos baratos, administrados em consultórios médicos, dizendo que queria alinhar os preços com países como França e Japão, onde os custos são dramaticamente menores.
Esse plano, que seria implementado ao longo de três anos, visava garantir que o Medicare pagasse o menor preço oferecido a um grupo de 22 países.
O projeto foi derrubado na Justiça Federal após a contestação das farmacêuticas, que alegaram que o governo não havia seguido corretamente o processo de regulamentação. A administração Biden não recorreu da decisão e optou por buscar uma legislação, que resultou na Lei de Redução da Inflação.

