Acordo entre Reino Unido e EUA é exemplo para Embraer pleitear tarifa zero a seus produtos
Nas negociações entre os dois países, houve concessões e governo Trump acabou isentando itens aeroespaciais de qualquer tarifa
Mesmo tendo ficado fora do tarifaço de 50%, a fabricante de aviões brasileira Embraer busca reduzir a alíquota de 10% (índice mínimo estabelecido pelo governo Trump antes do tarifaço) para zero sobre seus produtos. Por isso, a empresa segue negociando nos EUA e espera que o governo federal também avance nas conversas para reduzir a alíquota de 50% de mais itens.
A Embraer avalia que nas negociações entre EUA e Brasil pode haver concessões de ambos os lados, assim como aconteceu com o Reino Unido, que conseguiu isenção total de tarifas para componentes e produtos aeroespaciais dentro de uma cota acordada com os EUA.
Trump também havia estabelecido uma alíquota mínima de 10% para o Reino Unido, mas o país reduziu a tarifa média sobre bens americanos de 5,1% para cerca de 1,8% e simplificou procedimentos aduaneiros para as exportações americanas. Com isso, conseguiu a isenção dos itens aeroespaciais. A Embraer considera que mesmo uma tarifa de 10% onera sua produção já que os aviões são bens de alto valor.
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No mês passado, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, revelou em entrevista coletiva que antes mesmo de Trump impor uma alíquota de 50% aos produtos brasileiros, a fabricante de vaiões já vinha negociando com os EUA para tentar reduzir a alíquota de 10% — alíquota mínima que tinha sido imposta ao Brasil anteriormente. Gomes Neto citou a reversão da alíquota de 10% obtida pelo Reino Unido frente aos EUA, observando que houve concessões de ambos os lados nas negociações.
— Trata-se de uma relação ganha- ganha. Se produzirmos menos, compramos menos motores, menos válvulas. Isso afeta toda a cadeia de fornecedores americana — explicou.
Potencial de US$ 21 bilhões em negócios
A Embraer está usando como argumento a seu favor um potencial de negócios de US$ 21 bilhões, até 2030, com empresas americanas. A companhia compra de fornecedores dos EUA conponentes para seus aviões que serão exportados a diversos países. E as empresas aéreas que compram seus aviões fecham contratos de serviços com esses fornecedores, ampliando o potencial de negócios para os americanos.
O mercado americano é o mais importante para a empresa, que está há 45 anos está naquele país e tem uma unidade com 3 mil funcionários, além de US$ 3 bilhões em ativos. Os EUA representam 45% de mercado de seus jatos comerciais e 70% dos jatos executivos.
Segundo levantamento da Elos Ayta, a ação da fabricante brasileira de aeronaves valorizou 35,99% em dólar, este ano, e 69,57% em 12 meses até 29 de julho, superando papéis de bigtechs como Nvidia (30,72% no ano), Microsoft (22,07%) e Meta Platforms (19,75%).

