Americanas conclui aquisição da Imaginarium por R$ 106,9 milhões e inicia pagamento de credores
Em recuperação judicial há mais de 1 ano, varejista compra de 30% restante da Uni.co, dona de franquias de decoração, e começa a indenizar trabalhadores e micro e pequenos empreendedores
Em meio ao processo de recuperação judicial, a Americanas concluiu ontem a compra da Uni.Co, dona das marcas Imaginarium e Puket, confirmou a companhia. A varejista fechou a compra de 70% das franquias do grupo em 2021, em negociação que previa a aquisição do restante do negócio dentro de três anos, como antecipou a coluna Capital. Foram desembolsados R$ 106,9 milhões para o pagamento desses 30%.
A Americanas informou ainda estar avançando no pagamento dos seus credores, conforme previsto em seu plano de recuperação.
Após receber a segunda parcela, no valor de R$ 3,5 bilhões, de um aporte de R$ 12 bilhões a ser feito pelos acionistas de referência da companhia — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles —, os trabalhadores foram os primeiros a receber seus créditos, seguidos de micro e pequenos empreendedores, na sequência à homologação do processo de recuperação judicial, em 27 de fevereiro.
Foram desembolsados R$ 215 milhões com essas categorias.
A Americanas iniciou o pagamento dos R$ 3,9 bilhões devidos a 500 credores fornecedores no último dia 14. O montante dessa primeira etapa do cronograma, que termina no dia 28, soma mais de R$ 4 bilhões. A companhia estima que a maior parte do plano será executada este semestre.
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Rede de franquias
Especialistas consultados pelo Globo divergem quanto ao impacto da finalização da compra da Uni.Co na imagem da empresa no mercado. Em geral, em casos de compra, as empresas entregam uma parcela do dinheiro e realizam auditorias internas para averiguar se o contrato se baseia em dados verdadeiros, para então terminar de pagar. É um formato de negociação comum no varejo, diz o professor da FGV Roberto Kanter.
A Uni.Co pertencia a um fundo de investimentos da gestora Squadra. Após entrar em recuperação, a varejista tentou vender a rede de franquias, sem sucesso. O argumento foi que os potenciais compradores ofereceram valores baixos demais.
Para Ulysses Reis, coordenador de varejo da Strong Business School, a conclusão da compra da Uni.Co não foi uma escolha inteligente. Ele argumenta que analistas e investidores esperavam que a Americanas reduzisse o tamanho da sua operação para ser viável:
— Era esperado que a empresa se livrasse de parte das operações, diminuísse a quantidade de lojas e reduzisse o e-commerce. Essa compra não faz muito sentido.
Kanter lembra que a Americanas é obrigada a honrar o contrato firmado com a Uni.Co. Com isso, a conclusão do negócio não traz insegurança jurídica.
— É provável que, em função do ambiente de negócios, as ofertas para vender a dona de Puket e Imaginarium não estivessem dentro do que a Americanas achava interessante. Eles optaram por arrumar dinheiro para cumprir o restante do acordo. É uma decisão de negócios — diz o especialista.
Kanter conclui:
— Ainda que a empresa tenha apresentado um problema enorme de balanço, ela não está em estado falimentar. A recuperação judicial não deixa a empresa sem perspectiva de sair ou evoluir. É uma saída para tentar conter o problema.

