"Amigos americanos" tentam criar '"imagem de demônio" com quem eles querem brigar, diz Lula
Principal ação é uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para empresas que comprovarem perdas com a taxação americana, com juros subsidiados
O presidente Lula discursa nesta quarta-feira que os Estados Unidos tentam fazer uma "imagem de demônio" sobre pessoas com quem o país quer "brigar", com referência aos argumentos citados por Donald Trump para tarifar produtos brasileiros em 50%.
— Nossos amigos americanos toda vez que querem brigar com alguém tentam criar a imagem de demônio com quem eles querem brigar. O Brasil não tinha qualquer razão para ser taxado. Nós respeitamos os direitos humanos — afirmou.
A fala foi feita durante anúncio de medida provisória para conter os feitos do tarifaço.
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O pacote estabelece uma série de instrumentos para auxiliar os exportadores afetados, de linhas de crédito subsidiado a compras governamentais, que poderão ser utilizados conforme as diretrizes da medida provisória (MP) enviada ao Congresso Nacional.
— O que está sendo jogado fora é uma relação de 201 anos de História. Relevamos até o golpe de 1964, porque somos da paz — afirmou.
As medidas são anunciadas em evento no Palácio do Planalto, com a presença de Lula, ministros e empresários. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AL), também participam.
O presidente voltou a dizer que o Judiciário brasileiro é independente, em referência às críticas de Trump ao processo sobre Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
— Essa mesma gente que está sendo julgada, que tentou dar um golpe, que colocou caminhão bomba perto do aeroporto, que ocupou a frente dos quartéis não está sendo julgada por corrupção. Estão sendo julgados com base nas delações de pessoas que participaram da tentativa de golpe — disse.
Em vigor desde o dia 6
A sobretaxa de 50% está em vigor desde 6 de agosto e atinge cerca de 55% da pauta exportadora brasileira para o país liderado por Donald Trump, como os setores de café, carnes, têxteis, açúcar e pescados. Ficaram de fora os embarques de suco de laranja, da indústria de aviões e de petróleo, por exemplo.
A principal medida de socorro é uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para empresas que comprovarem perdas com a taxação americana, sobretudo pequenos e médios negócios. Os juros serão subsidiados.
Em troca, os beneficiados terão de se comprometer a preservar empregos, mas haverá exceções para as empresas mais prejudicadas, com a exigência de outras contrapartidas. A estimativa do governo é que cerca de 10 mil empregos serão afetados pelo tarifaço.
Como adiantou o ministro da Fazenda, a MP ainda inclui mudanças estruturais no Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para aprimorar os instrumentos de acesso ao comércio exterior pelas empresas brasileiras, sobretudo as pequenas e médias. Segundo Haddad, a mudança tende a auxiliar os setores que precisarão buscar alternativas ao mercado americano.

