Banco Central quer desfecho rápido para o caso Master, mas banco tem ativos de difícil avaliação
Grandes bancos estão ajudando a analisar precatórios, saldo de fundos e participação em empresas com dificuldades financeiras
Embora o Banco Central deseje uma solução rápida para o Master, a venda do banco passa pelos ativos não líquidos do banco, como precatórios, direitos creditórios e participação em empresas, que são de difícil precificação.
É essa análise que precisa ser concluída para o negócio destravar.
Leia também
• MMA e BNDES liberam R$ 39 mi do Fundo Amazônia a pequeno produtor rural e extrativistas no AM
• Damares Alves diz que Galípolo é um presidente do BC respeitado e que tem carinho dos senadores
• Bets: apostadores gastam até R$ 30 bi por mês no Brasil, segundo Banco Central
Para analistas, o BC chamou grandes bancos como Itaú, Bradesco e Santander, além de Inter e Safra, exatamente para ajudar a avaliar esses ativos e chegar a um valor com mais critério.
Na prática, embora o BRB tenha anunciado a compra de 49% do Master, atualmente há outras alternativas de negócio na mesa.
Para um analista, o Master tem em sua carteira ativos que não são "triviais". Por isso, a análise da compra do banco como um todo ou por partes é complexa.
O BRB já fez a proposta dos ativos que interessam, como crédito consignado, banco digital, câmbio, e ofereceu R$ 2 bilhões por esses ativos mais líquidos.
Ontem, o presidente do Banco do Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, que participou de reunião na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) com deputados distritais, afirmou que o negócio "está em evolução ainda".
"É uma operação que está em evolução ainda, importante dizer que ela depende de todas as autorizações legais, existem passos a serem cumpridos", afirmou Costa, lembrando que o negócio precisa ser analisado pelo Banco Central (BC) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A questão, diz uma fonte que acompanha as conversas, é encontrar o valor e um comprador para os ativos que o BRB deixou de fora do negócio, e que somariam cerca de R$ 23 bilhões.
Na análise que está em curso, é preciso avaliar quais as ações de empresas que o Master tem participações, o patrimônio dos fundos de investimento, os precatórios que já estão em vias de serem pagos pelo poder público e os que transitaram em julgado.
Além disso, precisam passar por avaliação com lupa os créditos concedidos a empresas "estressadas", com problemas financeiros.
O BTG, que já vinha avaliando os números do Master, antes do negócio com o BRB, poderia ficar com parte desses ativos ou sua totalidade.
Mas os demais bancos chamados também podem ficar com uma parte, se tiverem interesse, fatiando a venda.
Outra vertente de análise é o impacto que os ativos que o BRB comprou teriam sobre o banco público.
A agência de classificação de risco Moody's classificou a compra do Master pelo BRB como de difícil execução, devido ao fato de envolver um banco público, com governança complexa, e um banco privado com estrutura complexa e alta concentração de empréstimos, uma parte deles sendo 'recebíveis ilíquidos'.
Uma das alternativas seria rever os ativos que ficariam com o BRB, diz a fonte que acompanha as conversas.
Nesse caso, os ativos inicialmente desejados pelo banco público também seriam distribuídos entre as demais instituições que mostrarem interesse por eles.
É essa a equação que está sendo fechada a toque de caixa pelo Banco Central, que espera resolver a questão o mais rápido possível.

