Dom, 07 de Dezembro

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Argentina

BC argentino volta a intervir no dólar; fontes estimam que autarquia teria despejado US$ 700 milhões

Entre quarta e quinta, foram despejados US$ 432 milhões no mercado, e analistas estimam que as reservas líquidas do BC argentino atualmente estejam em US$ 6 bilhões

Além da crise no câmbio, Milei enfrenta crescente perda de popularidade diante da deterioração nos indicadores econômicos Além da crise no câmbio, Milei enfrenta crescente perda de popularidade diante da deterioração nos indicadores econômicos  - Foto: AFP

Após dois dias injetando milhões no mercado cambial, quando o dólar superou o teto da banda do país, analistas estimam que o banco central argentino pode ter feito uma nova intervenção para conter a taxa de câmbio no atacado.

De acordo com o jornal local Ámbito, há especulações de que o valor das injeções feitas nesta sexta-feira será significativo, chegando próximo aos US$ 700 mi.

Só entre quarta e quinta, foram despejados US$ 432 milhões no mercado, e analistas estimam que as reservas líquidas do BC argentino atualmente estejam em US$ 6 bilhões.

— Na cotação de hoje, o governo precisaria de US$ 9,75 bilhões para defender a banda até as eleições — disse à Bloomberg o economista Santiago Resico, da one618 Group, uma corretora de Buenos Aires, após a intervenção de quinta-feira. — Parece um custo alto demais para o governo e pode levá-lo a fazer mudanças no regime cambial.

Assim, o dólar no atacado fechou esta sexta-feira em US$ 1,475, cinquenta centavos acima do fechamento anterior, com um volume de negociação à vista de US$ 842,676 bilhões, o terceiro maior em 2025. Segundo o Ámbito, a taxa de câmbio no atacado subiu US$ 22 nesta semana, somando-se ao aumento de US$ 98 da semana anterior.

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Já o dólar varejista fechou em US$ 1.515 nas bolsas do Banco Nación, referência para o mercado. Isso representou um aumento de US$ 20 em relação ao fechamento anterior (+1,3%) e atingiu o maior valor nominal já registrado.

Na noite da última quinta-feira, o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, voltou a defender o programa econômico do governo e garantiu que não haverá mudanças de rumo, mesmo após o Banco Central (BC) realizar duas rodadas consecutivas de venda de dólares para conter a cotação da moeda.

— Vamos vender até o último dólar no teto da banda — afirmou Caputo em entrevista ao programa Las Tres Anclas, transmitido pelo canal de streaming governista Carajo.

Na terça-feira, o BC argentino vendeu US$ 53 milhões no mercado de câmbio, mostraram os dados diários sobre reservas internacionais do país divulgados no fim da noite. A intervenção foi a primeira após o país ter adotado um regime de banda cambial numa tentativa de liberalizar seu confuso mercado de câmbio, que há décadas funcionava com taxas controladas pelo governo.

A necessidade de intervir no câmbio foi mais um revés para o presidente Javier Milei, que enfrenta uma crescente perda de popularidade e uma deterioração nos indicadores econômicos — também na quarta-feira, foi divulgado que o PIB argentino se contraiu em 0,1% no último trimestre.

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