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Carnaval de Bezerros une cultura e bons negócios

O Carnaval de Bezerros, no Agreste, é o terceiro maior de Pernambuco e deve atrair 300 mil turistas durante a festa deste ano

A farra dos papangus atrai uma multidão de turistas para BezerrosA farra dos papangus atrai uma multidão de turistas para Bezerros - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Sabe o Carnaval que preserva as suas tradições? Cidade do Agreste de Pernambuco, Bezerros reforça, desde o século XIX, um dos seus maiores símbolos: os papangus. Durante o Carnaval, essa magia ganha as ruas do município fazendo a alegria dos foliões, brincando e “pedindo dinheiro” de forma lúdica para as pessoas. E a cidade recebe pessoas de vários cantos do mundo: são turistas de todo o Brasil e de países do mundo. Considerado o terceiro maior Carnaval de Pernambuco, Bezerros deve receber cerca de 300 mil pessoas durante a festividade deste ano, segundo a Secretaria de Turismo do município.

Para preparar esse Carnaval, foram necessários investimentos de aproximadamente R$ 2 milhões, recursos provenientes do município e do Governo de Pernambuco, através da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Durante esse período, a expectativa da Secretaria é de uma movimentação financeira entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões, abrangendo a rede hoteleira e gastronômica, o comércio e as atrações culturais, já que 80% da grade de programação é composta por artistas da própria cidade. E são várias pessoas da cidade envolvidas nessa festa.

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Seu Amaro Arnaldo do Nascimento, mais conhecido como Lula Vassoureiro, é uma dessas pessoas extremamente envolvidas com o Carnaval, desde o seu nascimento. Patrimônio Vivo de Pernambuco, título que recebeu em 2013, Lula é artesão e produz máscaras carnavalescas, muitas usadas pelos papangus. Hoje, com 75 anos, continua firme para valorizar a cultura da sua cidade. “Comecei a fazer máscaras com seis anos de idade. Aprendi olhando meu pai fazer. Hoje, minhas máscaras estão em vários países, como Canadá, Iraque e México. Já fiz a maior máscara do mundo com 4,8 metros. Trabalho o ano todo, mas o rendimento no Carnaval é mais importante”, comentou Lula.

E para garantir a maior demanda de pedidos para o período de festividade, Lula conta com a ajuda da sua esposa, Maria do Céu da Silva. Muitas vezes, eles também precisam de apoio de outras pessoas. “O bicho pega na época do Carnaval. Começamos a fazer as máscaras no fim do ano anterior. Para o Carnaval, nós fazemos umas 500 máscaras, a maioria de tamanhos grandes para decoração. Recebemos muitas encomendas para cidades vizinhas, além de Bezerros. Com isso, conseguimos dobrar o faturamento do Carnaval em relação ao ano todo”, explicou Maria do Céu, ao complementar que fora do Carnaval são produzidas cerca de 200 máscaras por mês.

De acordo com o secretário de Turismo de Bezerros e diretor de Cultura da cidade, Sérgio Brayner, o município começa a receber os foliões na semana pré-carnavalesca. “Este ano, nosso Carnaval será de 19 a 26 de fevereiro. A procura por casas para alugar está grande. Além disso, esperamos para o Carnaval 100% de ocupação na rede hoteleira. Inclusive, outras cidades vizinhas, como Gravatá e Bonito, vão dar suporte com a rede hoteleira também”, disse Brayner.

Um dos hotéis que vão receber os turistas é o Brisa da Serra. Isabella Cunha, proprietária, disse que a demanda já começa no ano anterior. “Temos um público fiel que vem várias vezes por ano. E essas pessoas trazem outras para conhecer. E o Carnaval é uma data muito forte para a gente. No São João, os clientes já perguntam pelas reservas do Carnaval. Mas eu começo mesmo a organizar as reservas um pouco antes do ano novo”, contou a empresária, que recebe todos os anos turistas de outros estados, como Alagoas e Paraíba.

Isabella confirmou que a ocupação do hotel ficará em 100%. “Nossa capacidade é para 60 pessoas, e preenchemos todos os quartos. Se tivesse mais espaço, ainda vendia mais. Meu faturamento aumenta 40% no Carnaval em relação aos meses de baixa temporada. E para isso eu preciso contratar mais uns quatro ou cinco funcionários”, disse Isabella, ao complementar que oferece o Day Use também para o período. “Fazemos esse formato para as pessoas usarem a área do hotel. Recebemos entre 100 e 200 pessoas no Day Use”, contou Isabella.

Outro setor que também consegue aumentar seu faturamento no Carnaval da cidade é o gastronômico. Junto com o marido Sandro Marcelo Guabiraba, Joselma Soares vende comidas em dois pontos durante o período. Donos da Pastelaria Dois Corações, eles colocam um ponto de venda dentro da pastelaria e também colocam uma barraca no centro da cidade. “Trabalhamos dia e noite durante o Carnaval. Temos um público grande, principalmente no domingo e na terça-feira”, contou Joselma, que vende, por exemplo, macaxeira, cuscuz, pastel, feijoada.

Ainda segundo Joselma, as vendas triplicam no Carnaval comparadas a outros meses do ano. “Por mês, faturamos uma média de R$ 50 mil. No Carnaval, consigo faturar cerca de R$ 80 mil. Temos normalmente quatro funcionários e no período nós dobramos o número de funcionários. É o melhor período do ano. O comércio fica bem movimentado”, afirmou Joselma.

QR CODE
Uma das novidades implantadas pela Prefeitura de Bezerros para garantir informações aos turistas, e até aos moradores foi a instalação de placas com QR Code em frente aos equipamentos turísticos da cidade. Bezerros foi a primeira cidade mapeada com QR Code. São 20 equipamentos que contêm placas, a exemplo do ateliê de Lula Vassoureiro, o Museu Histórico Nacional e o Museu Memorial do Papangu. A estimativa é ter o recurso em 35 equipamentos até agosto deste ano. Ao ler o QR Code, o visitante é levado para uma página com informações sobre o local por meio de texto e também de áudio em três idiomas (português, inglês e espanhol).

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