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Curta as confraternizações de fim de ano sem estourar o orçamento

Entre idas e vindas em carros de aplicativos, consumo de bebidas e petiscos, os gastos extras se acumulam quase sem ser percebidos. Como gastar pouco sem precisar perder todas as festas?

Curta as confraternizações de fim de ano sem estourar o orçamentoCurta as confraternizações de fim de ano sem estourar o orçamento - Foto: Freepik

Todos os anos, o mês de dezembro, cheio de confraternizações, encontros de empresas, amigos secretos e celebrações familiares, faz com que bares e restaurantes registrem um aumento significativo de clientes até o final do ano. A temporada, marcada por uma intensa vida social, transforma o setor de alimentação fora do lar em um dos protagonistas do período, impulsionando vendas e estimulando contratações. 

Para acompanhar essa dinâmica, estabelecimentos elaboram cardápios especiais, reforçam equipes e criam promoções para atrair consumidores.

Uma pesquisa recente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Pernambuco (Abrasel-PE), mostra que 84% dos estabelecimentos esperam aumentar as vendas no final de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado, com 5% projetando estabilidade e 9% prevendo queda. A maioria das projeções indica incrementos de dois dígitos no faturamento. 

Empregos
Ainda segundo a Abrasel-PE, o reflexo direto desse otimismo é a geração de empregos. A pesquisa aponta que 40% dos empresários pretendem contratar mais funcionários nos últimos meses do ano para atender à demanda aquecida. Outros 55% manterão o quadro de empregados, e 5% têm a intenção de demitir. A necessidade de mão de obra extra é confirmada pelo empresário Oscar Marins, sócio de quatro bares no Recife.

“Esperamos um aumento entre 20% e 30% no fluxo de clientes. Dezembro tem esse espírito diferente: as pessoas chegam mais leves, felizes e dispostas a celebrar”, afirmou. Para atender essa demanda, Oscar reforçou o quadro. “Normalmente, fazemos contratos de experiência de três meses. Ao todo, contratamos de 10 a 12 novos colaboradores por unidade para cozinha, salão e serviços gerais.”

O empresário observa que o aumento no faturamento vem mais do volume do que do consumo individual. “O ticket médio não cresce muito. O que dispara é a quantidade de pessoas que frequentam os bares, isso sim faz subir o faturamento”, explica.

O presidente da Abrasel em Pernambuco, Tony Sousa, reforça a leitura positiva dos números, destacando a resiliência e a capacidade de superação dos empreendedores locais. "Os dados confirmam que o setor de alimentação fora do lar em Pernambuco vive um momento de retomada sólida e confiante. Depois de anos desafiadores, ver 84% das empresas projetando aumento nas vendas de fim de ano e 40% planejando novas contratações é um sinal claro de que voltamos a crescer com consistência”, comemorou.

Ainda segundo Sousa, o otimismo que a pesquisa revela não é apenas uma expectativa, é um reflexo real de um setor mais organizado e modernizado. “Essa recuperação é fruto de muito trabalho dos nossos bares e restaurantes, que seguem acreditando no futuro mesmo diante da inflação e do endividamento”, ressalta. 

Cuidados
Se para os empresários a alta no movimento é motivo de comemoração, para os consumidores o mês de dezembro é sinônimo de gastos extras. O assistente administrativo, Leandro Santos, frequentador assíduo de confraternizações, revela ter na agenda mais de cinco eventos ainda neste mês.

“Priorizo quem marcou primeiro e vou encaixando os outros como dá. Mas é fato: dezembro pesa. Tem muitos gastos extras, além de roupas para Natal e Ano Novo. Não tem como escapar do aperto”, conta.
A fala de Leandro contrasta com a orientação dos especialistas, que sugerem moderação nesta época do ano.

Com mais de cinco eventos para ir, Leandro diz que não tem como escapar do aperto financeiroCom mais de cinco eventos para ir, Leandro diz que não tem como escapar do aperto financeiro | Foto: Acervo pessoal

Para o economista Breno Almeida, o diálogo financeiro dentro do próprio grupo é fundamental. “O grande segredo das confraternizações é priorizar o encontro, não o consumo. É importante considerar as condições materiais de cada pessoa para evitar situações incômodas ou gastos desnecessários”, afirma.

Entre idas e vindas em carros de aplicativos, refeições coletivas, consumo eventual de bebidas, os custos se acumulam quase sem ser percebidos. Mesmo quando decide apenas “dar uma passada” para marcar presença, Leandro reconhece que a diferença no orçamento final é mínima. O que pesa, muitas vezes, não é um gasto isolado, mas a soma silenciosa de pequenas despesas. “É quase impossível não entrar em janeiro com dívidas, com tantas despesas no mês e, ainda, os gastos do Carnaval chegando”, admitiu.

Amigo secreto
Quanto à tradição do amigo secreto, tradicional brincadeira de troca de presentes, muito popular em confraternizações de final de ano, como o Natal, Leandro diz que seletivo.  “Não gosto de participar. No máximo o da família. Os demais eu recuso”, afirma, sem rodeios.

Para o economista Breno Almeida, a recusa não é apenas compreensível, é estratégica. Ele explica que, quando há disposição para a troca de presentes, é fundamental abandonar fórmulas rígidas e buscar alternativas que respeitem os diferentes orçamentos do grupo. 

“Estipular valores fixos pode soar deselegante. Há presentes úteis e interessantes em diversas faixas de preço. Iniciativas artesanais e colaborativas oferecem opções afetivas, diversificadas e, muitas vezes, mais acessíveis. Além disso, há a possibilidade de buscar alternativas na internet, hoje tudo é muito diverso”, lembrou.

Leandro Almeida, economistaCom mais de cinco eventos para ir, Leandro diz que não tem como escapar do aperto financeiro | Foto: Mariana Leal

Alternativas
Breno ressalta que, diante de uma economia que exige prudência, as celebrações de final de ano podem ocorrer de forma mais criativa e, sobretudo, mais econômica. Reunir amigos em casa ou no salão de festas de alguém e adotar o esquema “cada um leva um prato e o que for beber” tem se tornado uma prática cada vez mais usual, e vantajosa.

“Esse formato permite encontros mais leves, mais baratos e ainda contorna a questão da segurança, já que muitos não se sentem confortáveis para beber e depois dirigir”, pontuou o economista.

A agenda social intensa do mês de dezembro também impõe desafios emocionais, que estimulam decisões impulsivas ou compromissos além do desejado e acabam refletindo no bolso. Leandro Santos reconhece que a pressão para estar presente em tudo pesa. “É inegável que existe uma pressão social para estar em todos os encontros e não ‘ficar de fora’ de nada. Mas, com o tempo, fui entendendo que isso cobra um preço. Hoje, só participo do que realmente tenho vontade e vem funcionando”, disse. 

O especialista avalia que essa seletividade é necessária. “Cuidar de dezembro com tranquilidade, sem excessos, evita que o mês comprometa o verão. Janeiro é cheio de despesas essenciais e de outras festas como prévias, viagens e outras oportunidades. Entrar no novo ano com as finanças organizadas é um privilégio que depende, sobretudo, de escolhas conscientes agora”, observou Breno.

 

 

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