Dom, 07 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
BRASIL

Galípolo minimiza cobrança de Haddad por queda de juros

"Acho um luxo ministro da Fazenda comentar política monetária com gentileza", afirmou

O Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva sobre medidas de reforço da segurança do Sistema Financeiro Nacional. O Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva sobre medidas de reforço da segurança do Sistema Financeiro Nacional.  - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que a taxa Selic "nem deveria estar em 15%", o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que não viu as declarações de forma pejorativa e que considera "um luxo" ter comentários do ministro da Fazenda sobre política monetária com tamanha "gentileza, cuidado e elegância".

— No caso específico da fala de Haddad e estendo também ao Ceron, pessoalmente acho um luxo que tenhamos um ministro da Fazenda e um secretário do Tesouro que façam comentários sobre política monetária com a gentileza, cuidado, elegância da forma que eles fizeram. É absolutamente legitimo que o ministro da Fazenda faça uma análise sobre o que o BC deveria fazer, assim como o mercado — disse, Galípolo nesta quinta-feira.

Galípolo ainda disse que a autoridade monetária praticamente "gabarita" as condições para levar os juros para o patamar atual e mantê-lo nesse nível.

A taxa atual é a maior desde julho de 2006 e o BC indicou que pretende manter a Selic parada por período "bastante prolongado" para alcançar o objetivo de colocar a inflação na meta de 3,0%. A projeção do BC para o horizonte relevante (prazo com o qual trabalha para colocar a inflação na meta) é de 3,4%.

— O papel do BC é um pouco mais difícil do que de outras autarquias e secretarias, porque às vezes tem que desagradar um pouco. Nesse caso específico, mesmo com a Selic em 15%, praticamente se gabarita no livro-texto as condições de contorno para ter feito uma elevação 15% e manter a taxa de juros em uma condição contracionista.

Galípolo citou a mínima histórica na taxa de desemprego, com renda na máxima histórica, assim como recordes em importações e viagens como termômetros de uma atividade aquecida.

— Se 5% não está em pleno emprego, não sei quando o Brasil esteve próxima do pleno emprego. É a taxa mais baixa da série histórica, com renda na máxima da série histórica. Com as viagens batendo recorde, de importações batendo recorde. Por onde você olhar, é difícil reunir condições de contorno, pela teoria econômica que você decidir se apoiar, que, em um cenário de inflação fora da meta e com o desemprego tão baixo, a reação da política monetária não deveria ser essa.

O presidente do BC ainda reforçou que o controle da inflação é melhor caminho para proteger a renda do trabalhador.

— A coisa vai convergindo para uma suavização da atividade econômica, justamente para proteger a renda do trabalhador. O pior cenário para a renda do trabalho é a inflação elevada. Como preserva a renda do trabalhador? Colocando a inflação na meta.

Além de Haddad, outros integrantes da Fazenda manifestaram preocupação com a "dose do remédio" dos juros e com os efeitos no crescimento da economia e da arrecadação de impostos.

Veja também

Newsletter