Dom, 07 de Dezembro

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BRASIL

Haddad: gastos tributários estão em "patamar absurdo" e três poderes precisam contribuir com cortes

Ministro afirma que governo se prepara para mostrar ao STF que alta do IOF teve como objetivo evitar evasão fiscal

Praça dos Três PoderesPraça dos Três Poderes - Foto: EBC/Divulgação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que os gastos tributários no país chegaram a "patamares absurdos" e que Executivo, Legislativo e Judiciário precisam contribuir para os cortes.

"De novo, é uma tarefa dos três Poderes cumprir a meta do ano. Se cada Poder usar das suas prerrogativas para conter o gasto e não contribuir para o corte de gastos tributário, que no Brasil chegou a patamares absurdos, vamos ter mais dificuldade de cumprir a meta" disse Haddad ao chegar ao Ministério da Fazenda.

No sábado, ele havia dito que os países do Brics vão apoiar o estabelecimento de uma convenção da Organização das Nações Unidas ( ONU) sobre cooperação internacional em matéria tributária. Segundo ele, a iniciativa representa um passo importante para a construção de um sistema global mais justo e eficaz, especialmente no que diz respeito à taxação dos super-ricos.

"O Brics confirma sua vocação de defesa do multilateralismo ao manifestar apoio ao estabelecimento de uma Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária. Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos" disse o ministro ao discursar na reunião de ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais do Brics, no Rio.

A declaração vem em um momento em que o governo vem discutindo o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com o Congresso, com a defesa de que os ricos no Brasil pagam menos imposto do que os pobres, numa narrativa que vem tomando as redes.

Haddad disse que a presidência brasileira do Brics formulou propostas baseadas nas frentes econômica, climática e social. Ao falar sobre a frente econômica, o ministro mencionou novamente a taxação de super-ricos:

"Na frente econômica, estamos trabalhando para facilitar o comércio e o investimento entre os países dos Brics. Além disso, reconhecemos a importância de reforçar a coordenação sobre as reformas do sistema monetário e financeiro internacional. Avançamos também no diálogo intra-Brics sobre parcerias público-privadas, tributação e aduanas, com especial atenção à tributação de indivíduos de altíssima renda."

Na frente climática, ele destacou o desenvolvimento de instrumentos inovadores — como o Tropical Forest Forever Facility — para acelerar a transformação ecológica, e expressou confiança no papel decisivo do Brics, com anúncio previsto para acontecer na COP30. Já na esfera social, enfatizou a mobilização de recursos públicos e privados para garantir segurança alimentar, proteção social e oportunidades econômicas, ressaltando que essa agenda é prática e voltada a resultados concretos.

“Reglobalização sustentável”
O ministro da Fazenda afirmou ainda que o novo multilateralismo representa uma “reglobalização sustentável” — uma nova aposta de globalização, com foco no desenvolvimento social, econômico e ambiental da humanidade.

Para ele, nenhum outro fórum internacional possui hoje mais legitimidade para defender essa nova forma de globalização do que o Brics.

"A defesa do multilateralismo não pode se limitar à defesa das instituições internacionais contra agendas radicais. Precisamos promover um multilateralismo do século XXI. Esse novo multilateralismo nada mais é do que uma “reglobalização sustentável”(...) Nenhum outro foro possui hoje maior legitimidade para defender uma nova forma de globalização."

Em sua fala, Haddad destaca ainda a participação dos novos países-membros — citando Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Indonésia e Irã — e a proposta de um FMI mais representativo como entregas da presidência brasileira. Ressaltou também a consolidação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como instituição de referência dentro e fora do Brics.

"O nosso comunicado apresenta uma mensagem clara em defesa de uma ordem econômica global mais justa, sustentável e representativa. Em resumo, os documentos que apresentamos para o mundo hoje mostram que a “reglobalização sustentável” é um objetivo compartilhado pela maioria da humanidade."

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