Mais pobres têm salto de 17% na renda e desigualdade cai ao menor nível desde 2012 no Brasil
Com programas sociais, reajuste do salário mínimo e mercado de trabalho mais dinâmico, Índice de Gini caiu para 0,506 pont
O rendimento médio das famílias brasileiras chegou a um nível recorde em 2024. Mas, dessa vez, diferentemente do que ocorreu em 2023, o avanço na renda veio acompanhado de uma queda na desigualdade social, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira.
Após ter ficado estagnada em 2023, a concentração de renda caiu em 2024, para o menor nível da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), iniciada em 2012, renovando a mínima registrada em 2022.
O Índice de Gini (que mede a desigualdade de renda numa escala de 0 a 1, sendo 0 a igualdade absoluta) do Brasil ficou em 0,506 em 2024, abaixo dos 0,518, registrados tanto em 2022 quanto em 2023.
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A desigualdade caiu porque o rendimento domiciliar dos mais pobres cresceu mais do que entre os mais ricos, explicou Gustavo Fontes, analista da Pnad-C:
— As classes mais baixas da distribuição de renda tiveram um crescimento do rendimento domiciliar per capita acima da média.
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Enquanto, na média nacional, a renda por pessoa da família cresceu 4,7% em 2024 ante 2023, para os 5% da população que recebem os menores rendimentos, o valor saltou 17,6% no ano passado.
Ainda assim, o rendimento domiciliar médio dos que ganham menos foi de R$ 154 mensais por pessoa — é a situação de uma família formada por um casal e dois filhos que sobrevive com pouco mais de R$ 600 por mês.
Já entre os 10% da população que estão no topo de pirâmide de distribuição de renda, o rendimento domiciliar médio cresceu apenas 1,5% em 2024 ante 2023.
Estão nesse grupo todos os brasileiros que ganham mais de R$ 4.040 mensais por pessoa do domicílio, mas como há muita desigualdade também no topo, que contabiliza as rendas mais elevadas do país, o rendimento médio dos 10% mais rico é praticamente o dobro desse valor de corte.
Ano passado, foi de R$ 8.034 mensais por pessoa — nessa situação, a mesma família formada por um casal e dois filhos em idade escolar vive com pouco mais de R$ 32.100 por mês.
Segundo o IBGE, a desigualdade de renda caiu em 2024 não apenas por causa do avanço dos programas sociais de transferência. Além deles, o mercado de trabalho também teve comportamento menos desigual ano passado, com o rendimento médio de todos os trabalhos subindo mais fortemente para quem ganha menos.
— Nos três últimos anos, o mercado de trabalho se apresentou de forma dinâmica, com aumento do rendimento médio, beneficiando essas classes de menor rendimento — afirmou Fontes, do IBGE.
E esse movimento foi impulsionado tanto pela geração de empregos quanto pela política de reajuste do salário mínimo, já que ambos aquecem os aumentos das remunerações. O piso das remunerações também impulsiona os programas sociais.
— Os reajustes do salário mínimo têm um efeito não só no mercado de trabalho, mas também em outros tipos de rendimento, por exemplo, aposentadorias e pensões, e o próprio BPC. Na comparação com 2019, destaca-se a expansão dos domicílios abrangidos pelo programa Bolsa Família e os maiores valores médios pagos com o benefício — completou o pesquisador do IBGE.

