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TECNOLOGIA

Nova geração de airfryers estão maiores, mais eficientes e mais baratas, diz CEO da Philips Walita

Consumidores querem aparelhos domésticos maiores, autônomos, econômicos e capazes de ajudá-los a ganhar tempo, diz Fernando Bueno, para quem 'tabu de que eletroportátil consome muita energia acabou'

O CEO da Philips Walita, Fernando Bueno, avalia que a tecnologia vai tornar eletroportáteis mais eficientes e baratos O CEO da Philips Walita, Fernando Bueno, avalia que a tecnologia vai tornar eletroportáteis mais eficientes e baratos  - Foto: Divulgação

Airfryers grandes com cozimento rápido — e, para a alegria geral, mais fáceis de limpar —, cafeteiras que vão do grão ao macchiato, aspiradores automáticos sem fio dotados de inteligência artificial (IA). A tecnologia acelera as inovações em eletroportáteis, que vão ficar mais baratos nos próximos anos, prevê o CEO da Philips Walita, Fernando Bueno, em entrevista ao Globo.

Uma das marcas de eletrodomésticos mais tradicionais do Brasil, a Walita foi adquirida há décadas pela Philips, mas a gigante holandesa manteve a marca brasileira no mercado nacional e a direciona para o público premium, disposto a pagar um pouco mais por aparelhos maiores e com mais tecnologia embarcada em busca de mais praticidade e agilidade.

A empresa também aposta em garantia de dois anos e uma rede de assistência técnica com mais de 200 credenciados no país para conquistar esse consumidor, diz o executivo.

Qual é a tendência de consumo atual em eletroportáteis?
As compras estão migrando para produtos de maior capacidade. Neste ano, lançamos uma airfryer de 12 litros, além de um modelo com dois cestos, e teremos novos lançamentos no futuro. O segmento de airfryers com cinco litros ou menos já representou 60% do mercado e agora é só 35%. E a tendência é que continue diminuindo.

Enquanto a venda das pequenas cai a dois dígitos, a das de cinco a sete litros cresce. A de dez litros cresce mais de 50%. O consumidor já está entrando na segunda ou terceira geração de airfryers. E a penetração desse produto no Brasil ainda é baixa, de mais ou menos 30% (dos lares). O consumidor ainda está testando a airfryer e começa pelos produtos menores, o que explica por que esse segmento ainda não acabou. Mas os 30% que já usam airfryer estão migrando para modelos maiores, mais eficientes, premium ou de melhor desempenho.

 

As três maiores categorias de portáteis no Brasil são airfryer, aspirador de pó e ventilador. Já estávamos em uma, estamos entrando na segunda, e temos planos para outras em breve.

Por que ainda não vendem ventiladores no Brasil?
Temos um foco grande em tudo o que fazemos. Não lançamos produtos apenas por lançar. Se a proposta é ser líder no segmento premium, lançamos uma categoria, conquistamos a liderança e então partimos para a próxima. Não fazemos lançamentos desordenados.

Antes de expandir para outras categorias, precisávamos assumir a liderança no segmento premium de airfryers, liquidificadores e cafeteiras. Desenvolvemos produtos pensando em uma demanda ou uma necessidade do consumidor que ele ainda nem sabe que tem. No ano que vem, vamos lançar na Europa uma cafeteira que funciona por comando de voz, por exemplo.

Quando deve chegar ao Brasil?
Normalmente seis meses depois (de lançada na Europa). Hoje já temos quase a totalidade de market share (fatia de mercado) de cafeteiras superautomáticas, aquelas em que você coloca o grão, aperta dois botões e sai o cafezinho na hora. Agora o nosso trabalho é fazer mais consumidores migrarem das cafeteiras em cápsula para cafeteiras superautomáticas. É mais barato comprar o grão e moer na hora, além de ser mais sustentável.

Por que o brasileiro prefere máquinas de cápsulas?
Foi o primeiro sistema a oferecer café expresso ao consumidor. Hoje, as cápsulas representam um pouco menos da metade do mercado, mas essa fatia vem diminuindo, porque temos aumentado dramaticamente o mercado de superautomáticas, que cresce mais de 60% ao ano. No ano passado, cresceu 70% e, neste ano, deve crescer mais 60%.

Isso está relacionado ao aumento do consumo de cafés ‘premium’?
O brasileiro está evoluindo na forma de consumir café e novas bebidas estão surgindo. Nossa cafeteira mais premium prepara vinte tipos de bebidas, incluindo café gelado. Não é mais só o expresso: há também macchiato, latte, americano e outros. Há uma evolução no consumo de café, acompanhada pela multiplicidade de cafés premium disponíveis.

Como avalia a concorrência, especialmente no mercado de airfryers, que tem recebido novas marcas no Brasil?
Há duas marcas muito grandes no Brasil, Mondial e Britannia, mas elas trabalham no segmento de captura do primeiro consumidor de airfryer. São focadas em produtos de menor capacidade. O nosso objetivo é ser líder de segmento médio e premium.

O que tem acontecido no Brasil é o surgimento de algumas marcas muito baratas, chinesas, e isso tem jogado o preço médio das airfryers para baixo. Só que essas marcas atuam justamente no segmento que está em queda (de menor capacidade), então deve ser um tiro curto.

O consumo de eletroportáteis está crescendo? Por quê?
O ano passado foi o melhor da história para eletroportáteis. Os apartamentos estão cada vez menores, o que favorece o mercado, especialmente para eletroportáteis que substituem outros métodos de uso (como aspiradores e airfryers).

O consumidor é bastante claro sobre querer tecnologia nos produtos. Além disso, o tabu de que eletroportáteis consomem muita energia deixou de existir. Os aparelhos estão cada vez mais eficientes. Não somente nós, mas todos os concorrentes têm focado em produtos mais eficientes energeticamente. Vejo um crescimento promissor para eletroportáteis nos próximos dois ou três anos no Brasil.

Os juros altos no crédito e a inadimplência crescendo podem limitar esse potencial?
A inadimplência é sempre um tema para olharmos, mas, por incrível que pareça, o Brasil tem um dos menores índices de inadimplência do mundo para nós, como empresa. Mantemos uma relação próxima com todos os varejistas, garantindo planos consistentes para evitar níveis de estoque muito altos.

Que inovações podemos esperar para o setor nos próximos anos?
Estamos vendo o mundo migrando para o lado da inteligência artificial (IA) e produtos conectados. Vai se tornar mais fácil fazer produtos autônomos e conectados. Não é apenas um produto conectado na Alexa, já temos isso. Já temos produtos que conseguimos programar para ligar num horário, funcionar por tanto tempo.

O futuro é embarcar IA nos produtos e tornar a conexão por voz mais eficiente. Outra tendência é a tecnologia embarcada que o consumidor não enxerga, mas que aumenta a eficiência energética e a velocidade de preparo dos alimentos. Por exemplo, uma airfryer que lançamos neste ano com tecnologia Rapid Air consegue cozinhar quase 50% mais rápido que modelos tradicionais.

Ganhar tempo é, então, a grande tendência? Isso passa por airfryers mais fáceis de limpar?
Sem dúvida. Todas as nossas airfryers são produzidas com materiais resistentes à corrosão e pouco abrasivos, justamente para que possam ser lavadas em lava-louças. Também estamos lançando produtos sem cesto, apenas com grade. Você retira a grade, coloca na lava-louças e ela sai limpa, pronta para usar novamente, sem resíduos.

O consumidor quer produtos que ocupem pouco espaço e práticos. Tem sempre aquele que vai querer comprar coisas mais baratinhas, mas vemos os consumidores mais seletivos em relação à entrega do produto, ao valor que tem e com qual tecnologia funciona. E a tecnologia vai ficar mais barata a cada ano que passa, o que seguramente vai fazer os preços caírem à medida que o tempo passa.

Por que a empresa manteve a marca Walita no Brasil?
Em outros países, a marca é Philips, com os mesmos produtos que temos no Brasil. Mantemos Walita aqui porque é uma das marcas mais icônicas do país. Está no Museu do Ipiranga como uma relíquia brasileira. Para nós, é importante unir dois ativos: Walita, que traz tradição, qualidade e segurança, e Philips, que representa tecnologia.

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