Sáb, 06 de Dezembro

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Páscoa: vendas serão impactadas pelo preço do cacau

A disparada do preço do cacau, principal insumo da indústria de chocolate, tem elevado os custos de produção e, consequentemente, o valor final dos produtos

Ovos de PáscoaOvos de Páscoa - Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

Com a Páscoa batendo à porta, os consumidores estão sentindo o impacto da alta nos preços dos ovos de chocolate, um dos produtos mais tradicionais dessa época. A disparada do preço do cacau, principal insumo da indústria de chocolate, tem elevado os custos de produção e, consequentemente, o valor final dos produtos. 

De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2025, os preços de chocolate em barra e bombom subiram 13,53%, enquanto o do chocolate e achocolatado em pó registraram alta de 12,46%.

A Páscoa é considerada a principal data do ano para a indústria de chocolates, gerando uma fatia importante do faturamento anual em pouco mais de um mês. Este ano será atípico para o setor, que encara o desafio de equilibrar custos elevados com a manutenção da qualidade e acessibilidade ao consumidor.

Expectativa
A gerente do Carrefour do Shopping Tacaruna, Maria Silva,  mesmo reconhecendo o impacto dos aumentos no preço dos produtos, destaca que a expectativa da rede para este ano é superar as vendas de 2024.

"A gente se preparou até melhor do que o ano passado, antecipou as compras, inclusive de ovos de Páscoa e está com um crescimento melhor", disse.

Ainda segundo ela, apesar da expectativa positiva, os preços podem ser um fator limitante.

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) anunciou que a produção de ovos de Páscoa será 22,4% menor neste ano, com 45 milhões de unidades, uma queda em relação aos 58 milhões de ovos produzidos em 2024. Para 2025, a Abicab prevê um reajuste médio de 9,5% nos preços dos ovos de Páscoa.

O aumento da cotação do cacau, que subiu 190% nos últimos dois anos, tem sido o principal fator por trás do aumento nos custos de produção. O preço do cacau no mercado internacional disparou nos últimos dois anos: saltou de US$ 2.894,00 em março de 2023 para US$ 8.390,00 no valor atual, um aumento de 190% - chegou a subir, no pico da valorização, 300%, considerado um recorde nos últimos 50 anos.

Em 2024, houve um déficit, e o estoque global do insumo ficou baixo. A principal razão para a redução na oferta são os impactos negativos causados pelas mudanças climáticas nas lavouras de cacau, principalmente as da África Ocidental, região responsável pela maior parte da produção mundial de cacau.

No Brasil, a seca e pragas como a vassoura-de-bruxa reduziram a produção de cacau em 18,5% em 2024, totalizando 179.431 toneladas, segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Esse contexto contribuiu para o aumento de quase 10% no preço dos ovos de Páscoa este ano, de acordo com dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Repasse
O aumento nos custos está sendo repassado aos consumidores, como afirmou a gerente da Kopenhagen do Shopping Riomar, Amanda Paulino.

"A gente sabe que teve esse aumento do cacau, e isso influencia diretamente no preço, mas eu acho que é histórico", opinou.

O aumento do preço do cacau, especialmente durante o período de maior demanda por chocolates, é visto como um fator delicado.  

O vice-presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (APES), André Mendonça, reforça a importância do período para o varejo alimentar.

"A Páscoa, por ser uma época muito importante para o varejo alimentar, surge sempre uma expectativa positiva para o período, com um crescimento no consumo de peixes, bacalhau, azeite e chocolates. Com isso, há um aumento significativo nas vendas", conclui.

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