Dom, 07 de Dezembro

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EUROPA

Presidente do BC europeu sai em defesa de Powell após críticas de Trump

Representantes do republicano chegaram a dizer que ele avaliava demissão do chefe do banco central americano

Christine LagardeChristine Lagarde - Foto: Sonny Tumbelaka / AFP

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, apoiou o colega americano, Jerome Powell, dizendo que ele está fazendo o que é necessário como chefe do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. Powell vem enfrentando uma série de críticas do presidente Donald Trump, que pressiona por juros mais baixos no país. Nesta terça-feira, o presidente americano amenizou o tom e disse que não pretende demitir o banqueiro.

— Estou tranquila com o talento e a competência do presidente do Fed — disse ela em um evento do Washington Post.

— E sei com certeza que ele está colocando todos os seus esforços e toda a sua disciplina para cumprir sua missão.

Em discurso em Washington na quarta-feira, Lagarde disse que tem “um enorme respeito pelo presidente Powell. E sei que ele está fazendo exatamente o que se espera dele para servir ao povo americano e à estabilidade financeira, que vem junto com a estabilidade de preços”.

— Se analisarmos a literatura acadêmica sobre o assunto, e há uma abundância dela em todo o mundo, sempre que houve interferência política e sempre que o presidente ou o presidente do banco central perderam sua independência, o resultado foi o declínio do ritmo de crescimento e o aumento da inflação — afirmou Lagarde.

— Isso não é algo que ninguém quer e certamente não é algo que cumpre a missão.

Ataques de Trump
O presidente americano é crítico à atuação de Powell desde seu primeiro mandato, reforçando desde então o seu desejo de ver taxas de juros mais baixas nos EUA.

Na última sexta-feira, o diretor do Conselho Econômico Nacional de Trump, Kevin Hassett, disse a repórteres que o presidente estava estudando a possibilidade de demitir Powell, após uma série de postagens nas redes sociais e comentários públicos criticando o Federal Reserve.

Na semana passada, o presidente fez um ataque verbal contra Powell, pouco antes de o Banco Central Europeu reduzir sua taxa básica em um quarto de ponto percentual, para 2,25%. Trump se queixou repetidamente de que o Fed não estava cortando os juros com rapidez suficiente.

As declarações foram suficientes para causar grande desvalorização nos mercados financeiros e derrubar o dólar frente a boa parte das moedas ao redor do mundo.

No entanto, Trump disse nesta terça-feira que não tinha a intenção de demitir Powell.

— Nunca tive (intenção de demitir Powell) — disse Trump a repórteres na terça-feira. — A imprensa exagera as coisas. Não, não tenho intenção de demiti-lo. Gostaria de vê-lo ser um pouco mais ativo em relação à sua ideia de reduzir as taxas de juros.

O presidente dos EUA não pode demitir o líder da autoridade monetária do país sem uma justa causa. O Brasil adotou a autonomia em um modelo similar há quatro anos.

Ainda assim, Trump reiterou a crítica contra o patamar atual das taxas americanas, mesmo ao insistir que a polêmica em torno de seus comentários — que agitou os mercados — havia sido exagerada.

— Acreditamos que este é o momento perfeito para reduzir a taxa, e gostaríamos de ver nosso presidente (do Fed) agir com antecedência ou pontualmente, em vez de com atraso — disse Trump.

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