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ECONOMIA CIRCULAR

Reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas: Sistema Campo Limpo é referência mundial

No ano passado, Pernambuco destinou 367,8 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas de forma ambientalmente correta para serem recicladas pelo Sistema

Mais de 750 mil toneladas de embalagens foram destinadas de forma ambientalmente adequada pelo Sistema Campo Limpo, desde que o programa entrou em atividade, em 2002Mais de 750 mil toneladas de embalagens foram destinadas de forma ambientalmente adequada pelo Sistema Campo Limpo, desde que o programa entrou em atividade, em 2002 - Foto: ImpEV/Divulgação

Quando o assunto é reciclagem de embalagens de defensivos  agrícolas, o Brasil é referência mundial. Muita gente não sabe, mas o agricultor que adquire produtos agroquímicos tem a obrigação de devolver a embalagem – depois de fazer tríplice lavagem do recipiente –, que será  destruída e transformada em uma nova.

É  proibida ao agricultora a reutilização, venda ou quaisquer outros destinos que não seja a devolução do recipiente. O destino final das embalagens, no entanto, não depende só do agricultor.

A responsabilidade é compartilhada com o distribuidor, que se coloca à disposição  para o recebimento das embalagens; da indústria, que faz a logística reversa e destinação; e do poder público, que fiscaliza o processo e implementa ações educativas com todos os envolvidos da cadeia.

Na administração de todo esse processo, inclusive na reciclagem, está o Sistema Campo Limpo, programa nacional de logística reversa de embalagens vazias ou com sobras pós-consumo de defensivos, com atuação regulamentada por lei federal e gerido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). 

Marcelo Okaumura (InpEV)Okamura: "As mesmas embalagens que foram da indústria voltam para o agricultor por meio do Sistema"  Foto: InpEV/Divulgação

O sistema
Referência mundial em logística reversa e exemplo de economia circular, o Sistema Campo Limpo, criado há 22 anos e que já recebeu mais de R$ 2 bilhões em investimentos nesse período, destina de forma ambientalmente adequada 100% das embalagens que recebe.

“As mesmas embalagens que foram da indústria para o agricultor voltam por meio do Sistema. Não é um processo de reutilização.  Todas as embalagens que chegam são destruídas, picadas e produzidas novas resinas para soprar novas unidades”, explica o presidente do inpEV, Marcelo Okamura.

Mais de 750 mil toneladas de embalagens foram destinadas de forma ambientalmente adequada pelo Sistema Campo Limpo, desde que o programa entrou em atividade, em 2002.  No ano passado, foram 53,2 mil embalagens – 51, mil para reciclagem e 1,3 mil incineradas.

Deste total, Pernambuco destinou 367,8 toneladas de embalagens vazias de defensivos de forma ambientalmente correta. O Estado conta com duas centrais de recebimento ligadas ao Sistema Campo Limpo: uma em Carpina, na Mata Norte, e outra em Petrolina, no Sertão. 

Reciclagem
As empresas Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A, que conta com dois sites, – um em Taubaté (SP) e outro em Ribeirão Preto (SP) -, é a responsável pela reciclagem a partir da resina pós-consumo (recicladas) das embalagens devolvidas pelos agricultores ao Sistema Campo Limpo.

Segundo Okamura, a resina pós-consumo tem mais valor que a virgem,  além de ser igual a esta última do ponto de vista da utilidade (segurança, resistência, tempo de armazenagem e etc). A resina reciclada presta um serviço ambiental que a virgem não presta, como o consumo bem menor de água e menos energia elétrica no ciclo de produção.

Cada embalagem de 20 litros produzida na Campo Limpo com resina pós-consumo evita a emissão de 1.24 quilo de CO na atmosfera. “O Instituto Brasileiro de Árvores diz que uma árvore no período de 20 anos captura em torno de 120 quilos a 130 quilos de Carbono. Então, numa conta aritmética grosseira, 100 embalagens produzidas aqui equivaleriam ao plantio de uma árvore que captaria essa quantidade de CO2 na atmosfera”, destaca Okamura. 

Outros artefatos
Além das embalagens de defensivos agrícolas e as tampas, as unidades da  Campo Limpo também produzem mais de 30 artefatos homologados, como conduítes de fiação, tubos de esgoto e de drenagem  com resina pós-consumo. O Sistema Campo Limpo controla a utilização desse material.

“Se não tivéssemos o controle, todo esse plástico poderia ser destinado a produzir artefatos que não deveriam ser feitos, como para armazenar alimentos, por exemplo. Não se pode produzir embalagens para alimentos com material reciclado de embalagem de defensivo agrícola”, alerta Okamura. 

Com o recolhimento de materiais do campo que virariam lixo para a produção de novas embalagens e outros artefatos, o Sistema Campo evitou, em 22 anos, que mais de 1 milhão de toneladas de CO2 fossem jogados na atmosfera. “Isso requereria mais de 7,5 milhões de árvores que seriam plantadas para neutralizar todo esse CO2 que teria sido lançado na atmosfera. O serviço ambiental dessa atividade é bastante expressivo”, esclarece Okamura.

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