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MERCADO

Superquarta: EUA e Brasil revisam hoje suas taxas básicas de juros: veja o que o mercado espera

No Brasil, o Copom deve mantar juros no maior nível desde 2006

Banco Central do BrasilBanco Central do Brasil - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, em anúncio que será feito nesta quarta-feira. Essa é a expectativa majoritária do mercado, reforçada pelos últimos comunicados do BC, que indicaram uma interrupção no ciclo de alta e a necessidade de manter os juros em um patamar elevado por um período “bastante prolongado”.

Nos EUA, a expectativa majoritária é de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manterá as taxas de juros inalteradas pela quinta reunião consecutiva. A coincidência das reuniões de juros

Assim como o Copom, o correspondente americano Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) tende à manutenção do atual patamar de juros, no intervalo entre 4,25% a 4,50% ao ano. É o patamar mais alto desde 2007.

Inflação longe da meta no Brasil
Enquanto o Fed mantém os juros no mesmo patamar há algum tempo, o BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual em sua última reunião, em junho, levando a taxa ao maior nível desde julho de 2006. A decisão foi justificada pelo cenário de inflação acima da meta, expectativas desancoradas e uma economia que continua operando acima do seu potencial, com mercado de trabalho aquecido e crédito ainda pujante.

A meta de inflação para 2025 é 3%, com tolerância de 1,5% e 4,5%. Porém a previsão do Banco Central é que a inflação só se aproxime da meta a partir do fim de 2026.

O cenário externo também impõe desafios, com a política fiscal e comercial dos Estado Unidos gerando incertezas e possíveis impactos no câmbio e nos preços. O Copom avalia que, diante dessa conjuntura global e da inflação resistente, é necessário ter cautela para não comprometer o processo de desinflação.

Para o Itaú, a decisão deve refletir a avaliação de que, apesar das projeções de inflação ainda acima da meta, os efeitos defasados da política monetária seguem em curso, enquanto a elevada incerteza global demanda cautela adicional — especialmente em um contexto de nova escalada tarifária, desta vez envolvendo diretamente o Brasil, cujas exportações podem ser impactadas pela maior tarifa anunciada até o momento, de 50%.

"A efetivação das tarifas recentemente anunciadas pelo governo americano reduz o espaço para uma apreciação da moeda, apesar do ambiente global de dólar fraco. Por outro lado, essas tarifas aumentam a probabilidade de um enfraquecimento mais acelerado da economia. Em termos líquidos, os riscos parecem pesar mais na direção de cortes de juros antecipados - por isso, será crucial acompanhar eventuais qualificações do comitê sobre as perspectivas para a atividade econômica", afirma o banco em relatório.

Como a manutenção da taxa já é amplamente precificada, o foco estará no conteúdo e no tom da mensagem.

"É natural que o mercado discuta quando o BC estará em condições de cortar juros e, nesse contexto, alguma forma de forward guidance, ainda que leve, pode ser útil. Acreditamos que o Copom deve manter o discurso prudente, reiterando a necessidade de observar os efeitos defasados da política monetária e a importância de manter a taxa em nível restritivo por tempo suficientemente prolongado", destaca a Warren Investimentos.

Nos EUA, atenção aos votos
Nos EUA, investidores estarão atentos às declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, nesta quarta-feira, em busca de algum sinal de que a autoridade monetária está se aproximando de um corte de juros, mas podem ficar desapontados.

A tendência é mesmo de manutenção dos juros no intervalo atual entre 4,25% e 4,50%. Votos divergentes de um ou mais dirigentes do Fed, no entanto, podem indicar que parte dos integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) prefere reduzir os custos de empréstimo mais cedo que o previsto.

Com uma enxurrada de dados econômicos prevista para sair antes da próxima reunião, em setembro, o presidente do Fed pode optar por manter as opções em aberto mesmo em suas declarações, até haver mais clareza sobre a direção da economia e o caminho mais adequado para a política monetária.

"Não há dúvida de que o Fomc manterá as taxas de juros inalteradas", afirmou Bill Nelson, economista-chefe do Bank Policy Institute, em relatório divulgado na terça-feira. "A questão é se eles sinalizarão uma maior disposição para cortar os juros na reunião de setembro", afirmou o analista, que já foi um dos principais economistas do banco central americano.

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