Tarifa sobre aço: CNI defende negociação com Estados Unidos
Entidade informou que atuará junto com governo brasileiro para reverter decisão de Trump
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nota, nesta terça-feira, em defesa de uma negociação com os Estados Unidos, para reverter a sobretaxada de 25% sobre as importações de aço e alumínio de todos os países, inclusive do Brasil.
Prevista para entrar em vigor a partir de março, a medida foi oficializada pelo presidente Donald Trump na noite de segunda-feira.
Na nota, a entidade lamenta o aumento da tarifa sobre os produtos e informa que, junto com o governo brasileiro, buscará o diálogo com os EUA. Conforme a CNI, o Brasil não é uma ameaça para as indústrias americana, e sim são complementares à cadeia produtiva americana.
"Dessa forma, uma consequência direta da medida anunciada pelos Estados Unidos será o aumento de custos para os produtores norte-americanos. Apenas a médio e longo prazo é que se poderia pensar em um processo de substituição das importações por produção interna nos EUA", diz a nota.
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Na mesma linha de argumentação a ser usada pelo governo brasileiro, o presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que a medida é prejudicial não apenas para os exportadores do Brasil, mas para as indústrias americanas. Isto porque os custos de produção nos EUA vão subir com a elevação das tarifas de importação.
— Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida. Temos todo o interesse em manter a melhor relação comercial com os EUA, que hoje são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil, mas precisamos conciliar os interesses dos setores produtivos dos dois países — afirmou Alban.
A nota ressalta que os EUA são o principal parceiro do Brasil nas exportações da indústria de transformação, especialmente de itens com maior intensidade tecnológica, comércio de serviços e investimentos bilaterais.
Outro ponto levantamento pela CNI é que a balança comercial entre os países é, desde 2008, favorável aos americanos, ao contrário do que ocorre entre os EUA e Canadá, China e México. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões e importou US$ 40,7 bilhões.
Segundo o Instituto Aço Brasil afirma que, especificamente em relação ao comércio dos principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos - EUA e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões, sendo os EUA superavitários em US$ 3 bilhões.
Considerando os produtos de 29 categorias do aço, foram exportados US$ 4,14 bilhões do Brasil para os americanos em 2024, o que representa o envio de 5,81 bilhões de quilos de aço ao país.
Já a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) informa que 16,8% das exportações brasileiras do metal têm como destino os EUA. Esse mercado movimentou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024. Em termos de volume, os EUA foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio.

