Trump pede renúncia imediata do CEO da Intel por "conflito de interesses"
Presidente dos EUA não detalhou motivo para o pedido. Nesta semana, senador republicano questionou vínculos do executivo com a China
O presidente Donald Trump pediu a renúncia imediata do CEO da Intel, Lip-Bu Tan, alegando que ele possui conflitos de interesse e representando um novo desafio para a companhia que tem papel central na tentativa dos EUA de restaurar sua indústria de semicondutores.
“O CEO da INTEL está altamente CONFLITANTE e deve renunciar imediatamente”, escreveu Trump na rede Truth Social nesta quinta-feira, sem fornecer detalhes. “Não há outra solução para esse problema. Obrigado pela atenção!”
Procurada, a Intel ainda não respondeu ao pedido de comentário da Bloomberg sobre a declaração de Trump.
Nesta semana, o senador republicano Tom Cotton enviou uma carta ao presidente do conselho da Intel, Frank Yeary, cobrando explicações sobre os vínculos do CEO Lip-Bu Tan com a China, incluindo investimentos em empresas de semicondutores do país e outras com ligações com o setor militar chinês.
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No documento, Cotton questiona os investimentos feitos por Tan na China antes de ele ser escolhido para liderar a Intel. O senador apontou preocupações específicas sobre os laços de Tan com a Cadence Design Systems, empresa de tecnologia que ele liderou por mais de uma década e que vendeu produtos para uma universidade militar chinesa.
A Cadence se declarou culpada em julho por violar controles de exportação dos EUA ao vender hardware e software para a Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa da China.
Quem é o CEO da Intel?
Veterano do setor de tecnologia e capital de risco, Tan foi CEO da Cadence por 12 anos, desde 2008, quando a empresa de software de design de chips enfrentava dificuldades. Nesse período, o valor de mercado da companhia subiu mais de 3.000%.
Aos 65 anos, Tan assumiu o comando da Intel em março, com a missão de reverter os prejuízos da companhia, que perdeu terreno frente aos concorrentes nos últimos anos.
A Intel é peça-chave na estratégia de Washington para reconstruir a indústria doméstica de semicondutores. A empresa foi contemplada com quase US$ 8 bilhões via a Lei Chips e Ciência, para investimentos em território americano, incluindo uma unidade voltada ao fornecimento para o setor militar, embora o governo Trump esteja promovendo mudanças no programa.
Com sede em Santa Clara, Califórnia, a Intel liderou o mercado por anos ao fabricar chips cada vez mais rápidos para PCs e laptops. No entanto, perdeu força com a ascensão dos smartphones e o crescimento da inteligência artificial.
A Nvidia saiu na frente no desenvolvimento de chips para IA, enquanto a Taiwan Semiconductor Manufacturing se tornou a maior produtora mundial ao fabricar chips para empresas como Nvidia e Apple. Na quarta-feira, a Intel valia cerca de US$ 89 bilhões, contra US$ 4,4 trilhões da Nvidia.
Nascido na Malásia, Tan prometeu vender ativos não estratégicos da Intel e desenvolver produtos mais atrativos. Também propôs cortes de pessoal e o adiamento ou cancelamento de projetos para reduzir despesas operacionais.
“A Intel e o Sr. Tan estão profundamente comprometidos com a segurança nacional dos Estados Unidos e com a integridade de nosso papel no ecossistema de defesa do país”, disse a empresa em comunicado na quarta-feira. A Intel afirmou que responderá aos questionamentos do senador.

