Usina solar transformará Noronha na primeira ilha da América Latina 100% sustentável
Parque, orçado em R$ 350 milhões, terá a primeira fase inaugurada em abril de 2026
A Neoenergia lançou, na tarde deste sábado (8), a pedra fundamental da usina solar fotovoltaica Noronha Verde, um marco para a transição energética no arquipélago de Fernando de Noronha e parte do projeto Mais por Noronha, que tem como finalidade reduzir a dependência de diesel para a geração de energia. A finalidade é fazer com que, no começo de 2027, até 90% da energia da ilha seja proveniente de fontes renováveis.
Com investimento de R$ 350 milhões, o projeto prevê a instalação de mais de 30 mil painéis solares fotovoltaicos integrados a sistemas avançados de armazenamento por baterias (BESS, na sigla em inglês). O parque de energia solar fotovoltaica vai funcionar onde hoje fica o Noronha I, no Comando da Aeronáutica.
A usina atual será transferida para o Comando Militar do Recife. Na solenidade, realizada no Forte Nossa Senhora dos Remédios, na ilha, o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, explicou que o projeto da usina terá duas fases: uma que começa em abril de 2026, quando o parque fotovoltaico começará a operar com 15% da capacidade; e a segunda fase ficará para o início de 2027, quando estará funcionando 100% e com o suporte das baterias.
“Em abril do ano que vem, já teremos um aumento na geração fotovoltaica da ilha. Durante o dia, o sistema gera energia para consumo instantâneo e ao mesmo tempo carrega as baterias. E à noite, que não tem sol, as baterias fornecem a energia que acumulam de dia", explicou Capelastegui.
Compromisso
Já o presidente-executivo da Iberdrola, multinacional espanhola de serviços públicos de energia elétrica que controla a Neoenergia, Ignacio Galán, revelou que o lançamento da usina de energia renovável em Noronha demonstra o compromisso da empresa com o Brasil.
“Um compromisso de mais de 30 anos, tempo em que investimos mais de R$ 100 bilhões no país. Já os planos de investimentos que temos para os próximos cinco anos são outros R$ 40 bilhões. Somente em Pernambuco, nos últimos cinco anos investimos mais de R$ 6 bilhões, que é mais que o dobro do que investíamos anteriormente”, detalhou.
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O projeto foi licenciado pela Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), com anuência do ICMBio, gestor das Unidades de Conservação Federal. A nova planta solar integrada ao sistema de baterias terá capacidade de geração de 22 MWp, com 49 MWh de sistema BESS, o equivalente ao consumo de 9.000 residências no continente.
Atualmente, a energia consumida em Noronha é gerada pela Usina Tubarão, com o uso predominante de biodiesel. Além de diminuir a dependência do combustível, o novo modelo de geração vai reduzir encargos e subsídios na conta Setorial de Desenvolvimento Energético (CDE), pagos hoje por meio da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que atualmente subsidia a energia gerada em Fernando de Noronha.
Pioneirismo
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que Noronha passará a ser a primeira ilha insular da América Latina 100% descarbonizada. “Isso é fundamental que seja ressaltado. Vamos ter a térmica a óleo diesel apenas como back up. São políticas públicas construídas em parceria com o governo do estado, sob a liderança da querida governadora Raquel (Lyra) que a gente faz a coisa acontecer”, disse o ministro.
De acordo com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), a criação da usina nasce a partir da sintonia entre os governos federal e estadual com a Neoenergia para tirar o óleo diesel da matriz energética de Noronha, patrimônio nacional da humanidade, e subsitui-lo pela energia solar. “O volume de investimentos vai garantir que a gente projete a ilha para ter o dobro da capacidade para o uso de energia que tem hoje”, disse a governadora.
Além de listar os investimentos em obras que a gestão atual tem realizado em Noronha, a governadora ressaltar a importância da usina para a ilha. “Por muito tempo não se investiu aqui. E eu digo sempre que um lugar só é bom para visitar quando é bom para viver. E não há lógica de vir para cá só para tirar retrato e ir embora. A gente tem o compromisso de fazer a transformação. Para quem está no poder, a curtida no Instagram não vale”, disse Raquel.
Participação
Pariticiparam, ainda, do lançamento da pedra fundamental da usina o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho; o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno; e o deputado federal Waldemar Oliveira (Avante-PE); e secretários estaduais e deputados de Pernambuco.
Além da construção da Usina Noronha Verde, o Programa Mais por Noronha reúne um conjunto de ações que contempla mobilidade sustentável, inovação tecnológica e ampliação de fontes não poluentes de energia no território. Durante a solenidade, a Neoenergia também registrou a entrega, em setembro último, da primeira usina solar fotovoltaica flutuante do arquipélago, instalada no espelho d’água do Açude do Xaréu.
Com investimento de R$ 10 milhões, provenientes do Programa de Eficiência Energética da Neoenergia Pernambuco (regulado pela Aneel), a usina flutuante tem potência de 622 kWp e geração estimada de 1.083 MWh/ano, suficiente para suprir cerca de 30% do consumo de energia da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) na ilha e evitar a emissão de 717 toneladas de CO por ano. A compesa é o maior consumidor de energia de Noronha, por conta do processo de dessalinização da água, realizado pela companhia.
Tanto na nova usina que será construída quanto na usina do Xaréu, já entregue, a Neoenergia conta com a parceria com a WEG, empresa global de equipamentos eletroeletrônicos, responsável pelo fornecimento completo dos sistemas fotovoltaicos e do sistema de armazenamento de energia, além da execução técnica e operacional de ambos os projetos. A empresa é responsável pela entrega dos equipamentos até comissionamento necessário para garantir o funcionamento das soluções integradas.





