Vigilantes do Peso entram em recuperação judicial; ações desabam 35%
Listado na Bolsa de tecnologia Nasdaq, papel chegou a valer 38 centavos de dólar
Os Vigilantes do Peso, nomeados de WeightWatchers nos EUA e conhecidos por seus programas de dieta, entrou com pedido de recuperação judicial após enfrentar dificuldades para competir com medicamentos como o Ozempic e o crescimento de influenciadores fitness no TikTok. Na Nasdaq, os papéis da companhia chegaram a cair 35% no pregão desta quarta-feira.
A empresa — que passou a se chamar WW International — entrou com um pedido do tipo Chapter 11 (Capítulo 11) nos EUA, já com um plano pré-acordado com credores para eliminar cerca de US$ 1,15 bilhão em dívidas de seu balanço. A expectativa é concluir a reorganização em cerca de 45 dias.
A WeightWatchers afirmou que o plano de reestruturação irá “reduzir significativamente” suas obrigações de dívida. O plano proposto ainda precisa ser aprovado por um juiz de falências.
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A companhia tentou surfar a onda dos medicamentos para emagrecimento oferecendo alguns deles em sua plataforma, mas teve dificuldade para convencer os clientes de que seus programas ainda valiam o investimento.
Segundo documentos apresentados à Justiça, a empresa também enfrentava despesas anuais com juros superiores a US$ 100 milhões (cerca de R$ 570 milhões), o que limitava sua capacidade de investir em iniciativas de crescimento e marketing.
A empresa também sofreu com o crescimento de conteúdos fitness gratuitos ou de baixo custo nas redes sociais e com aplicativos de dieta para smartphones. A diretora financeira dos Viligantes do Peso, Felicia DellaFortuna, afirmou em um documento judicial que os consumidores estão “rejeitando as narrativas tradicionais de perda de peso” e migrando para aplicativos de emagrecimento no estilo "faça você mesmo".
Essa mudança tem sido impulsionada por influenciadores que compartilham suas histórias de sucesso pessoal e oferecem conselhos de saúde e boa forma aos seguidores no Instagram, YouTube e TikTok, segundo DellaFortuna.
A empresa pediu proteção judicial no estado de Delaware após a agência Bloomberg noticiar no mês passado que ela se preparava para declarar falência nas semanas seguintes, após firmar um acordo de reestruturação com a maioria de seus credores.
Plano pré-acordado
Falências pré-acordadas geralmente permitem que as empresas saiam do Chapter 11 de forma rápida e sem grandes impactos em suas operações ou prejuízos para credores sem garantia.
A WeightWatchers informou que o plano de reestruturação manterá os US$ 175 milhões previamente sacados de sua linha de crédito rotativo e reduzirá suas despesas anuais com juros em cerca de US$ 50 milhões.
O plano prevê que a empresa reorganizada emitirá US$ 465 milhões em novos empréstimos e notas, com vencimento em cinco anos a partir da conclusão da reestruturação, segundo os documentos judiciais.
Os detentores de créditos com prioridade terão direito à sua parte proporcional da nova dívida, além de 91% das ações da empresa reorganizada. Os atuais acionistas ficarão com os 9% restantes, desde que os marcos do plano de reestruturação sejam atingidos.
A WeightWatchers, que possui cerca de US$ 1,6 bilhão em dívidas financiadas, registrou receita de US$ 186,6 milhões no primeiro trimestre do ano — uma queda de 9,7% em relação ao mesmo período do ano anterior — impactada por dificuldades no segmento comportamental, como queda no número de assinantes e desafios no recrutamento.
A empresa também registrou uma redução de 14,2% no número de assinantes no fim do trimestre e prejuízo líquido de US$ 72,6 milhões. Não foi apresentada previsão financeira para o ano fiscal de 2025.

