Venda de ovos expõe divisão e desgaste político no Santa
Criada por ex-presidente, iniciativa que visa angariar recursos para CT enfrenta resistência do Executivo, interessado em mudar estatuto
A ação de vender uma bandeja de 12 ovos por R$ 10, criada pelo ex-presidente e conselheiro João Caixero, virou chacota e alvo de críticas do próprio Executivo do Santa Cruz após a grande repercussão nas redes sociais. A verba arrecadada com a nova campanha é revertida para ajudar na construção do tão sonhado Centro de Treinamento Ninho das Cobras, localizado na Estrada da Mumbeca, na Guabiraba, Zona Norte do Recife. Desde o ano passado, o diretor da Comissão Patrimonial tem criado produtos com a marca do clube para angariar recursos financeiros em prol do CT.
Entre as mercadorias à disposição para comercialização estão o livro "Santa Cruz de Corpo e Alma", escrito pelo diretor da Comissão Patrimonial, João Caixero, além do bolo de rolo, cerveja artesanal (Colosso Coral), café (Tradição Coral), cadernos, agendas, chaveiros, calendários, adesivos, broches, bolsas e miniaturas do Expresso Coral (ônibus do clube). Os produtos podem ser comprados na loja instalada no CT e no quiosque na sede social do clube, no Arruda. Os preços variam entre R$ 10 e R$ 1 mil. O próximo passo é lançar um panetone para vender no Natal.
Mesmo após a polêmica, João Caixero rebateu as críticas sobre a iniciativa e afirmou que é preciso captar fundos para as obras do terreno. Inclusive, ele pretende aumentar a produção de ovos caipira por dia a partir da compra de mais 30 galinhas, dobrando o número de aves no CT, onde são criadas. A reportagem tentou contato com o ex-mandatário, ontem, por telefone, para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição ele não havia sido localizado.
O episódio expôs a divisão entre os poderes do clube e reforçou a necessidade da mudança do estatuto. Ao assumir a presidência no fim de 2017, Constantino Júnior prometeu reformular o regimento no triênio da sua gestão (2018-2020).
O Santa Cruz publicou uma nota de esclarecimento criticando o fato. No comunicado, o executivo informou que “o estatuto do clube determina a independência dos poderes executivo, conselho deliberativo e comissão patrimonial com seus presidentes respondendo individualmente por suas gestões”. E completou dizendo que “não corrobora com as ideias de venda de produtos perecíveis porque o clube possui contrato com empresa especializada em gerenciamento de produtos licenciados. Portanto, toda e qualquer autorização legal de exploração da marca do Santa Cruz, só é feita mediante liberação dos departamentos jurídico e de marketing”. Também procurado para falar sobre o assunto, o atual presidente preferiu o silêncio, afirmando apenas que corrobora com o que foi colocado na nota.
Desde a gestão do ex-presidente Alírio Moraes (2015-2017) há uma divisão entre o Executivo e a Patrimonial. No ano passado, por exemplo, o Santa tinha uma comunicação à parte, criada por João Caixero, para ficar à frente do site da Comissão Patrimonial. Nesta temporada, o presidente Constantino Júnior está conduzindo as reformas estruturais do clube - troca do gramado, nova fachada e revitalização dos banheiros -, enquanto João Caixero só trabalha para o Centro de Treinamento. Para ajudar na construção do primeiro campo, a marca própria Cobra Coral vai lançar uma camisa com edição limitada (300 unidades) em parceria com o grupo Tricolores do CT.
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