Seg, 08 de Dezembro

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DITADURA MILITAR

AGU pagará R$ 3 milhões para família de Vladimir Herzog em acordo por danos morais

O acordo é fruto de um processo que foi movido neste ano pela família de Herzog contra a União

Vladimir Herzog morreu em 25 de outubro de 1975, no mesmo dia em que se apresentou voluntariamente ao Destacamento de Operações de Informações (DOI)Vladimir Herzog morreu em 25 de outubro de 1975, no mesmo dia em que se apresentou voluntariamente ao Destacamento de Operações de Informações (DOI) - Foto: Divulgação

A Advocacia Geral da União (AGU) pagará R$ 3 milhões para a família de Vladimir Herzog em um acordo judicial que envolve indenização por danos morais e reparação econômica mensal. O jornalista foi torturado e morto em 1975, no DOI-CODI de São Paulo, durante o regime militar.

O compromisso do Estado com a família foi divulgado na quarta-feira (18) e, de acordo com a AGU, a assinatura do documento se dará em cerimônia pública na sede do Instituto Vladimir Herzog, no dia 26 de julho, véspera do dia em que o jornalista faria 88 anos, se ainda vivesse.

O acordo é fruto de um processo que foi movido neste ano pela família de Herzog contra a União.

A viúva do jornalista, Clarice Herzog, também recebe pagamentos mensais no valor R$ 34.577,89, em uma reparação econômica concedida por decisão judicial da 2ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal.

"Dirimir conflitos de maneira consensual e promover a justiça histórica, além de serem mandamentos da nossa Constituição, são compromissos éticos da AGU" afirma o advogado-geral da União, Jorge Messias. O membro da entidade ainda ressalta a importância de reparar os danos causados pelo Estado durante o período da Ditadura.
 

Em março deste ano o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) também reconheceu Vladimir Herzog como anistiado político.

Quem foi Vladimir Herzog?
Vladimir Herzog era diretor de Jornalismo da TV Cultura. Antes, ele teve passagem pelo Estadão. O jornalista foi convocado pelo Exército para prestar depoimento sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 25 de outubro de 1975, ele compareceu de maneira voluntária ao DOI-CODI e nunca mais retornou para casa.

De acordo com os militares, Vladimir teria se suicidado dentro da cela. Uma falsa cena de suicídio chegou a ser montada pelos envolvidos, que amarraram o pescoço do jornalista em um pano.

No entanto, investigações posteriores confirmaram a tortura e o assassinato do jornalista. Em 31 de outubro de 1975, o ato ecumênico que marcou seu sétimo dia de falecimento reuniu uma multidão em frente a Catedral da Sé.

O jornalista foi enterrado no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo. O enterro de suicidas não é permitido em meio a outros membros da comunidade em cemitérios judeus, no entanto, Vladimir Herzog foi aceito normalmente no cemitério, em sinal da desconfiança com o laudo emitido pelos militares.
 

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